segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Quanto tempo o tempo tem...

Quando eu era criança, meu pai me deu um livro de "trava-línguas". Para quem não sabe o que é, fica mais fácil entender lendo em ritmo rápido a frase a seguir: "Num ninho de mafagafos havia cinco mafagafinhos. Quem os desmagafafizar bom desmagafafizador será".

Pois é... o livro era uma loucura, e uma das brincadeiras questionava quanto tempo o tempo tem... pergunta um tanto profunda para um livro infantil e, de verdade, nunca tinha pensado nela até ontem.

Pela manhã, visitei uma igreja que mora em meu coração; a igreja na qual conheci a Jesus e na qual vivi uma das melhores épocas da minha vida, principalmente se considerar só a parte espiritual. Lá, sendo uma igreja protestante mais tradicional, acontece aos domingos a "Escola Dominical" que, embora o pastor líder maior da minha igreja brinque de chamar de "Escola Dominicólica", é algo que eu sinto muita falta na minha igreja.

Enfim, antes da tal "ED" sempre tem uma palavra e o canal que o Senhor escolheu ontem para nos passar a mensagem é uma mulher que, olhando para ela, vi grande autoridade na maneira de se portar, de se expressar e no se vestir. Eu nunca tinha visto essa mulher antes, mas achei que ela tinha uma expressão de esposa de pastor bem tradicional e fiquei curiosa para saber o que viria.

Confesso que fiquei absolutamente surpresa! Ela foi de uma delicadeza ao trazer a mensagem que quase me assustou, principalmente porque ela escolheu falar sobre o que o Ed Renê Kivitz chama de "O livro mais mal-humorado da Bíblia". Honestamente, eu já tinha ouvido pregações sobre Eclesiastes 4, principalmente em casamentos (lá fala-se sobre o cordão de três dobras: o homem, a mulher e Deus, não necessariamente nesta ordem), mas nunca tinha visto ninguém pregar sobre o capítulo 3. Foi este capítulo que me fez pensar sobre o tal "trava-línguas"...

Começa com: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." (Eclesiastes 3:1). Durante o capítulo, o autor que, de acordo com a explicação da mensageira, não tem-se absoluta certeza de ser de autoria de Salomão (coisa que eu também não sabia), são colocadas duas verdades ao meu ver:

1) Essa é batidíssima mas a gente insiste em ignorar: o tempo do Senhor NÃO é o nosso tempo;
2) A vida é feita de escolhas: durante o capítulo ele mostra que há tempo para diversos conjuntos booleanos de ações autoexcludentes entre si (tradução: pares de opções que, ao escolhermos uma, automaticamente estamos abrindo mão da outra)

Interessante que, para mim, a mensagem trouxe mais algumas reflexões e percepções, como:

- É muito, mas muito difícil, perguntar a Deus qual é o tempo Dele... pelo menos para mim, é uma dificuldade conscientizar-me que as coisas não podem ser no tempo que EU quero que elas sejam...
- Muito raramente eu pergunto a Deus em que momento estou. Refletir se é o momento de calar e não de falar nunca tinha passado pela minha cabeça até ontem, mas de lá para cá, me senti até um tanto infantil por entender que perguntar a Deus em que momento estou para escolher o que fazer é o básico da vida cristã e mesmo assim eu não venho praticando...
- Normalmente, eu quero tudo junto e misturado (claro, quando EU escolho o que vai entrar no pacote). Isso significa que dificilmente quero abrir mão de alguma coisa... principalmente de coisas que me façam agir de modo incômodo para mim.

Sendo assim, ficaram três perguntas na minha cabeça e no meu coração:

a) Para quem eu tenho vivido?
b) Para quem eu quero viver?
c) Para quem eu deveria querer viver (e fazê-lo efetivamente)?


Para mim, as respostas foram rápidas de dar, mas duras de admitir... principalmente porque a pequeneza da minha fé não tem sido o suficiente para considerar que a pergunta feita no verso 9 desse capítulo ("Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?") já foi respondida em outros trechos da própria Bíblia, tais como:

- Filipenses 4:6-7: "Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus."
- Salmos 37:5: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia Nele, e o mais Ele fará."

Senhor, ensina-me a depender apenas de Ti, honrando-O com o meu viver e sendo canal do Teu amor para com os que me rodeiam.

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