Desde ontem na parte da tarde estou afônica quase que por completo. Isso significa que, mesmo querendo, tenho extrema dificuldade de me comunicar verbalmente. Por um lado, não é tão ruim, afinal estou hospedada em um hotel sozinha e, com isso, não preciso falar muito. Por outro, estou à trabalho e além de ter que falar com os clientes em reuniões por horas a fio, falar com a família no telefone é uma complicação...
Embora eu esteja ultimamente me expressando muito mais por escrito (seja através dos posts no blog, em redes sociais ou por e-mail), o dia-a-dia fica mais complicado. Por exemplo: ao telefonar para pedir um taxi conveniado (porque eu ainda não consigo pedir pela internet) ficou bem complicado explicar o que eu queria e passar os dados necessários. Ao chegar na recepção do cliente, como estava muito barulho e eu notei que ela não ia conseguir me escutar, pedi um papel e escrevi com a melhor letra que consegui fazer (tenho consciência de que a minha letra é pior que de médico) o nome da pessoa que vim ver e os meus dados. Ela sorriu e me atendeu.
Engraçado que as pessoas tem se esforçado para me entender quando tento me comunicar. Será que é porque estou forçadamente bem-vestida por conta do trabalho e com isso as pessoas têm mais disposição? Será que é porque simplesmente carregava uma maleta com um notebook dentro e isso dá a impressão de uma pessoa profissional?
Infelizmente, duvido que alguém que estivesse com roupas mais simples ou saindo de um hotel mais barato (ou ainda andando na rua a esmo) contasse com tanta boa vontade de outros para ouvir, ler lábios ou ceder pedaços de papel. Pior ainda seria se eu fosse surda também ou se, além de muda, não tivesse dedos para digitar ou escrever... nem imagino como faria.
Foi passando o dia e a voz, com as horas, foi passando também. Curioso é que, com isso, a tolerância também se foi aos poucos e eu notei que o taxista já não tinha muita paciência em tentar me entender e as pessoas ao telefone começaram a tirar sarro da minha condição. Achei engraçado no começo mas depois comecei a pensar como deve ser difícil para alguém cuja condição é permanente; como deve ser frustrante ou dolorido querer fazer algo e simplesmente ter uma limitação para a qual não existe alternativa. Lembrei da minha sobrinha que tem desde muito cedo artrite reumatóide infantil e, de tempos em tempos, passa o dia no hospital público para fazer acompanhamento e nos momentos de crise mal consegue andar ou enxergar por causa da uveíte (artrite nos olhos).
Senhor, agradeço pela minha saúde, pela minha capacidade de falar e me expressar, mas peço-lhe que me ensine a usá-la para a Tua glória e honra. Lembre-me dessa experiência sempre que encontrar alguém em condição parecida e dá-me compaixão e empatia e não pena ou vontade de rir porque, definitivamente, não é engraçado...
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