sexta-feira, 16 de março de 2012

"A gente sai da pobreza mas a pobreza não sai da gente..."

Pois é... eu ouço frases como a do título com uma certa frequência. É terrível mas eu confesso que estou passando por isso agora. Eu já queria escrever esse texto há alguns dias, mas hoje decidi produzi-lo e, ao começar, escrevi: "Desde criança eu tenho a necessidade de usar óculos". Nenhum problema se isso já não fosse mais verdade.

O ponto é que, porque Deus me abençoou com um bom emprego eu tenho um excelente plano de saúde e, através dele, pude marcar consulta em um oftalmo indicado por um colega meu e fazer todos os exames necessários para a cirurgia. De fato, eu já fiz a cirurgia na semana passada do olho direito e hoje à noite submeter-me-ei à do olho esquerdo.

Quando operei o olho direito na semana passada, cheguei em casa pensando se fazia sentido ter gasto tanto tempo e dinheiro com algo que é meramente estético. É verdade, cansa a dependência dos óculos (no meu caso da lente de contato), de ficar com a visão limitada na praia, na piscina, à noite, não podendo mudar de planos de repente porque estou de lentes de contato e não trouxe na bolsa o meu estojinho para guardá-las durante a noite. Por outro lado, percebo o quanto isso foi-me útil durante todos esses anos.

De qualquer forma, decidi operar e o médico informou que o tipo de cirurgia que ele realizaria me deixaria com muitas dores nos primeiros dias. Eu confesso que fui confiante de não sentir dor porque as duas experiências cirúrgicas anteriores me animaram (a minha recuperação foi muito mais rápida do que o previsto) e de fato Deus me abençoou com uma recuperação rápida e sem dor no olho. A bem da verdade, o olho que deu trabalho foi o não operado porque, como agora não estou mais usando óculos, tive dores de cabeça e enjôo até que o olho que necessita ainda de lentes corretivas se acostumasse a não usá-las (o que aconteceu praticamente ontem). Só que, mesmo assim, cheguei em casa me questionando se fazia sentido gastar tempo e dinheiro com algo que naquele momento me parecia unicamente estético.

De lá para cá, obviamente, a diversão é comparar a visão do olho operado com a visão do olho ainda a operar e, com o passar dos dias, noto melhoras constantes e o olho operado já está melhor do que o outro (o que para mim é sensacional porque o direito foi operado primeiro porque tinha um grau consideravelmente maior de miopia do que o esquerdo).

Enfim, só que, mesmo tendo operado o olho direito e não usando lentes de contato há quase um mês e óculos há uma semana, eu chego em casa e, quando vou me preparar para dormir, vou ao banheiro com a intenção de tirar as lentes dos olhos... pois é, ridículo, não? Mas é o que acontece. Tudo bem que eu estou com uma lente pós-cirúrgica no olho direito mas não tem nada no esquerdo e mesmo a lente do direito não é de retirar e recolocar todos os dias... então, por que isso acontece?

Voltamos então ao ponto inicial: Deus faz milagres tão rapidamente que não temos às vezes condições de nos acostumarmos com eles na mesma velocidade. Usando, claro, aquele clássico exemplo dos judeus que foram liderados por Moisés para sairem do Egito e conquistar Canaã, sempre me questionei (e me questionavam muitas vezes): "nossa, mas que Deus mais estranho o seu... Deus não é amor? Então por que deixou o povo rodando que nem barata tonta no deserto por quarenta anos? Não... deve ter algo errado, não podem ter sido quarenta anos... talvez tenham sido quarenta dias (o que já é muito para o percurso) e o tradutor errou na hora de passar para as línguas mais novas". Confesso que por um tempo isso me atormentou também... só que hoje (e especificamente no dia de hoje mesmo) eu percebo que, na verdade, Deus podia ter colocado o povo lá instantaneamente mas, se o fizesse, o povo não estaria preparado para receber a bênção. Muitos teriam dificuldades com as lutas que viriam, outros reclamariam porque a terra tem leite e mel mas, de repente, não tem cebolas... epa, o povo reclamou de várias coisas desse tipo já na espera... como seria se tivessem ganho de imediato? Acredito que tenha sido um período de ajuste de expectativas.

Pois é... como faz então para se livrar da pobreza de espírito? Eu só conheço um jeito: clamando a Deus que nos dê visão para enxergar as situações colocadas/ permitidas por Ele para que nos preparemos para a vitória que está perto. Ah, sim, e com isso, passar pelo deserto do jeito certo: agradecendo pela oportunidade de crescimento, pela experiência (que pode ajudar outros posteriormente) e pela vitória que é certa e está para chegar.

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