segunda-feira, 18 de junho de 2012
Todo guerreiro tem as suas marcas
Lá estava eu reclamando da vida, dizendo que a pele perfeita e sem marcas dos meus vinte anos já se foi quando alguém que me escutava me disse isso.
Embora eu tenha entendido o elogio (afinal eu estava mesmo era reclamando sem motivos mesmo) fiquei pensando sobre o que isso significa em maior profundidade. A primeira coisa que pensei foi nas cicatrizes que acumulamos pelo corpo quando criança, especialmente aquelas mostradas com orgulho por causa de alguma peripécia nossa. Conheço pessoas como um rapaz maravilhoso que tem uma marca no nariz porque, quando criança, conseguiu derrubar um espelho de corpo inteiro encima de si e como único sinal do acidente ficou a marca dos pontos bem característica da travessura infantil. Na minha filha mesmo vejo as marcas que a catapora muito forte que ela teve quando tinha um aninho deixou: ela mesma não se lembra mas para mim as marcas remetem a um período de bastante cuidado com ela e até preocupação acentuada, já que as febres e as coceiras eram realmente impossíveis de ignorar.
Lembrei-me também da última conversa que tive com uma autoridade espiritual sobre a minha vida. Quando cheguei, essa pessoa assistia a uma luta e animadamente perguntou se eu gosto do esporte. Eu mesma, que não curto isso e acho até um certa estupidez esse tipo de atividade física tão agressiva, disse que não é mesmo o meu estilo e que não consigo compreender a coisa como um todo. A resposta que obtive foi: "Davi era um guerreiro... nós somos e devemos ser guerreiros por Cristo".
Uma vez ainda eu reclamava sobre a minha barriga que estava bem feia por conta da gestação de anos antes e o meu sobrinho querido me perguntou, do alto da sua sabedoria de adolescente (bom, não sei se todos são assim mas o meu sobrinho é) se eu não estava orgulhosa por ter um marca feia por causa da geração de uma pessoa tão linda... ou seja, não teria valido a pena? Foi um misto de vergonha, orgulho e confusão que senti no momento... vergonha por dar tanta importância para um aspecto estético para algo obviamente (tão óbvio que até um adolescente via e eu não) tão maior; orgulho por ver aquele garoto com uma percepção tão correta das coisas e confusão porque minha mente entendia aquilo mas o meu coração ainda não aceitava aquela realidade por completo.
Então, uma coisa leva a outra e, juntando os pedaços, fico pensando sobre essas marcas. Elas são os sinais físicos que contam a nossa história. Só que muitas pessoas nem tem marcas físicas, seja porque nunca viveram situações que as deixaram com sinais, seja porque as eliminaram (como eu que acabei operando a barriga). Mas, as marcas da alma e as marcas do espírito, essas todos temos.
Pensando nos guerreiros, acredito que a marca que fica na alma é mais significativa que as do corpo porque essas são difíceis de apagar, já que muitas vezes nem a reconhecemos. As marcas na alma são aquelas que as situações e especialmente os sentimentos deixam dentro de nós e que nos fazem reagir de diversas formas (muitas vezes estranhas aos olhos dos outros) que muitas vezes, se pensássemos antes, nem teríamos reagido. São elas que, na minha opinião, fazem com que pareçamos ter perdido a nossa essência, aquela pessoa que Deus nos projetou para sermos mas que muitas vezes não agimos de acordo.
Marcas como sentir-se rejeitado pela própria mãe ou por ter que enfrentar sozinho uma situação de medo podem fazer com que a pessoa sinta que só pode contar consigo mesmo. Marca como esta pode, além de dificultar o relacionamento com outros, fazer com que a pessoa tenha uma visão errada e portanto um relacionamento parcial com o Deus verdadeiro, já que o parâmetro usado está distorcido.
Isso me faz pensar que eu tenho marcas que nem mesmo percebo mas que, muitas vezes, os outros vêem e me tratam de acordo com elas e claro, fica confuso porque eu me vejo de uma forma que os outros não me vêem e acho completamente injusto quando alguém me trata de um modo diferente do que eu acho que faria sentido pelo que vejo em mim. Fica pior ainda porque esse tipo de situação é o que faz com que as mágoas e as mentiras se instalem nos fazendo viver em um engano. Pior ainda quando eu me frustro com as expectativas que tenho de que os outros me compreendam... isso por si só é um engano, já que nem eu mesma sei tanto assim de mim.
Tem também o outro lado da moeda: como ando agindo com os que me rodeiam? Tenho tratado-os pelo que são de verdade ou considerando as marcas que vejo nelas, como mágoa, rancor e auto-defesa? Não me parece justo que eu as julgue e as trate de modo tão parcial como se eu mesma estivesse acima de qualquer suspeita ou erros mas os outros não. Que tipo de marca eu tenho produzido nos que me rodeiam?
Diante de tudo isso, só tenha uma escolha: pedir que Deus sempre esteja à minha frente, não para agir por mim mas para me dar discernimento de entender como ser o melhor para aqueles que me rodeiam e que eu seja inundada pelo Seu eterno e imensurável amor para que as minhas marcas não sejam como um óculos com lentes que entortam os outros impedindo-me de agir da maneira correta e portanto, de cumprir o propósito Dele na minha vida.
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