terça-feira, 28 de agosto de 2012

A cerveja que virou água


Conheci neste sábado uma moça absolutamente extraordinária. Bom, na verdade, o mais extraordinário dela é que ela é uma moça comum que faz coisas que ninguém (ou quase ninguém) tem coragem de fazer.

Fui a uma festa da igreja chamada "multiplicação da célula". Em uma igreja em células, ou seja, pequenos grupos de estudo, oração e caminhar, em algum momento é esperado que uma determinada célula tenha tantas pessoas que o caminho passa a ser separar o grupo em dois (às vezes três) para seguirem crescendo e multiplicando a quantidade de pessoas que conhecem a Cristo e portanto, conquistando assim a nossa geração em amor. Como cada vida conquistada é mesmo uma batalha ganha, quando esse tipo de "necessidade" de multiplicação aparece, é motivo de muito comemorar.

Chegamos no lugar em que a festa aconteceu e eu vi várias pessoas ali celebrando aquele momento e umas agradecendo às outras pela sua disposição e amor, honrando a Deus e ao irmão e expressando um misto de alegria e saudade pelos que agora passarão a não ser tão próximos assim (pelo menos fisicamente).

Conversa vai, conversa vem, homenagens daqui, pregação dali e um homem de meia idade resolve falar. E ele começa a contar como foi que ele chegou ali. Ele explicou que conheceu a moça que o apresentou a Cristo em um bar. Na verdade, no bar da mãe dela. Eu fiquei um tanto confusa mas achei curiosa a história e continuei ouvindo (bom, mesmo que eu tivesse achado a história ridícula teria ouvido do mesmo jeito mas essa história definitivamente valia a pena ouvir). Ele disse que ela parou um dia e teve a coragem de se aproximar dele e em outras ocasiões de outros que ali estavam bêbados, drogados ou ainda com outros vícios e problemas e os tratou como iguais e foi aos poucos mostrando que a vida deles não precisava mais ser daquele jeito.

Em um outro momento ela mesma agradeceu à sua prima que foi quem a fez voltar a sua vida a Deus de modo intenso. Ela disse que o gosto dela era ir às baladas e que andava bem desanimada com a fé mas que a prima, em amor, a sustentou e insistiu, trazendo-a de volta para a igreja e dando o apoio necessário para ela ser a pessoa que é hoje (por sinal, uma benção).

Ela ainda comentou que diversas vezes brigou com a mãe para que esta fechasse o bar porque ela ia aos cultos, via o poder de Deus e quando voltava, via a sua mãe servindo maldição às pessoas que ali estavam, já que elas só estavam ali em busca de coisas que não ajudam em nada a uma pessoa já em desespero. Ela chorou muitas vezes e disse que Deus confirmou a ela que a mudança viria de dentro para fora e que ela deveria entregar e descansar porque Deus, em Seu tempo perfeito, faria a obra.

O tempo se passou e ela percebeu que se quisesse algum tempo com a mãe teria que se sujeitar a servir as pessoas no bar com ela. Ela relatou como era triste tudo aquilo mas que seguiu porque tinha a certeza de que em algum momento a vida iria mudar. E foi ali que ela começou a reparar nas pessoas que entravam e começou a conversar com eles e falar de Jesus e, aos poucos, passou a transformar a maldição em benção e usar aquela situação desfavorável para divulgar a palavra de Deus e levar esperança àqueles que ali estavam.

Ontem ainda eu vi os seus frutos: homens e mulheres que antes estavam em situação realmente difícil, praticamente na lama, sem esperança e sem rumo, agora sendo restauradas. Algumas já estão bem curadas, outras ainda estão se recuperando. E Deus, no tempo oportuno, agiu e tocou o coração da mãe que decidiu fechar o bar e abrir um salão de beleza no local.

Olhando bem, vi que na verdade, Deus colocou uma improvável em um lugar improvável para que a Sua verdade fosse declarada e pessoas fossem abençoadas. E eu fiquei pensando quantas outras pessoas eu conheço que fariam algo assim... e não consegui lembrar de nenhuma (não que não existam mas eu não me lembrei). Essa era uma pessoa escolhida à dedo por Deus para uma situação específica em que não só ela não se deixou levar pelo contexto mas pôde influenciar toda uma leva de pessoas necessitadas.

Ser missionário de Cristo, ser igreja é isso: não é necessariamente viajar para longe, não é inevitavelmente passar fome e viver de doações ou ofertas mas é sim falar e viver a vida Dele em tempo e fora de tempo, especialmente quando parece que a ocasião não é adequada, fazendo a diferença onde ninguém mais se dispõe a fazer. Vi nela aquilo que Paulo fala em 1 Corintios 11:1: "Sede meus imitadores como eu sou de Cristo".

Foi uma honra conhecer aquela moça e mais do que isso: é assim que eu quero ser quando eu crescer!


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