segunda-feira, 1 de outubro de 2012
A ficha caiu
Na empresa em que trabalho existem diversos tipos de profissionais como em qualquer empresa de médio porte: analistas, gerentes, diretores (até superintendentes, embora não fique muito claro para mim porque exatamente eles existem) e estagiários. Pois é, a empresa em que eu trabalho, embora tenha pouco mais de cem pessoas, conta com alguns estagiários.
Na minha concepção, um estagiário é um profissional que ainda está em formação, muito mais do que os demais e portanto, mais do que os outros, precisa de acompanhamento constante e de um tutor para que seu desenvolvimento seja adequado, especialmente no prazo em que a empresa espera que isso aconteça.
Bom, eu não sei se só eu penso assim e também não sei dizer se só eu me preocupo com o que é ensinado a eles e como é feita a passagem de conhecimento. Na verdade, sei que nem todo mundo acha isso realmente importante mas sei que algumas pessoas até acham isso relevante mas não sabem como promover esse aprendizado para os nossos profissionais em início de carreira.
Independente do que se pense sobre o assunto, eu sei que eu decidi depois de um determinado evento específico abraçar esta causa. De certa forma, acho que sempre tive essa preocupação mas, de uns tempos para cá, ficou mais evidente. E, por conta de um novo estagiário é que escrevo este texto.
Um dia eu pedi ao meu gerente que liberasse um estagiário para me acompanhar a um cliente e ele liberou. A recomendação do meu gestor foi que esse rapaz perguntasse o máximo possível para que ele pudesse extrair a maior quantidade de informações no período, visando aproveitar a ocasião. E, de fato, ele seguir à risca a recomendação e começou a questionar várias coisas. O mais curioso é que, em um dado momento, ele parou de questionar coisas relacionadas ao sistema com o qual trabalhamos e começou a questionar coisas relacionadas à minha atividade, em seguida à minha postura e por fim questionou coisas relacionadas ao meu modo de pensar e agir.
Em um determinado ponto da conversa eu descobri que ele está se formando em algo que a meu ver não tem muita ligação com o que trabalhamos aqui e fiquei curiosa sobre isso. Claro, como eu poucas vezes guardo a minha curiosidade, questionei-o sobre o que ele quer da vida e começamos a seguir nesse rumo. Ele explicou quais são os seus objetivos e quais são as características que acredita ter para alcançá-los e eu notei que, embora de fato ele possua várias qualidades, ele precisa de ajuda para evoluir. E eu me ofereci então a conversar com um diretor nosso que entendo que seria o mais adequado para ajudá-lo. Só que acabei esquecendo...
Na semana passada eu lembrei dessa promessa que tinha feito e fui conversar com o diretor. Ele foi super receptivo e ofereceu-se prontamente a ajudar e disse ainda que até ele tem um profissional mais experiente que o orienta e que é algo que não só mudou a vida profissional dele como também tem muitos efeitos positivos em outras áreas. Notei então que, de repente, pude mudar a vida de alguém. E saí feliz com isso achando que esse era o objetivo de Deus com essa questão.
Mas, em seguida, fui contar ao estagiário que, por sua vez, ficou muito feliz e me fez ver que Deus não permitiu essa situação apenas para beneficiá-lo mas porque Ele quer que todos saiam ganhando, inclusive eu. Para o estagiário, ficou a oportunidade de ter um diretor dando dicas e orientando-o de modo que seu crescimento profissional seja mais focado e muito mais suave; para o diretor, fica não só a oportunidade de exercitar aquilo que ele aprendeu como também a oportunidade de lidar com um profissional de outra geração em início de carreira e que, por ser cristão, não vai buscar o crescimento a qualquer preço.
E eu? O que ganho com isso? Eu ganho a consciência de que até o diretor, um homem que julgo completamente auto-suficiente, reconhece seus limites e submete-se à aconselhamento de alguém mais experiente e eu, que não sou mais nem menos humana que ele, deveria ter um conselheiro também. E, depois de anos, percebo que é hora de me render e pedir ajuda, reconhecendo que não fui feita para me virar sozinha e que Deus nunca quis que eu estivesse só.
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