quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Quando não mantemos a cabeça funcionando o corpo padece

Estamos falando neste tempo sobre Corpo de Cristo. Bom, tem muita coisa relacionada a isso mas o que eu queria mesmo escrever hoje é sobre os efeitos de termos um foco sobre o corpo (e sobre o Corpo).
Fazia dez dias que eu não treinava no parque. Isso aconteceu porque depois do feriado acabei ficando bastante mal fisicamente, me sentindo muito dolorida e cansada (até se suspeitou de dengue) e eu tirei uns dias para descansar. Depois disso outras coisas aconteceram e quando eu vi mais de uma semana passou e eu tinha perdido o ritmo. Aí a gente pensa: "nossa, mas só dez dias? Isso não é um problema... não pode ser um problema, e é fácil de retomar o ritmo!". Acho que isso, no fim das contas, pode parecer um pensamento inocente, mas é puro engano!
A primeira coisa que concluo disso é que sim, precisamos de descanso, mas precisamos em primeiro lugar entender exatamente o que está nos cansando e como combater a raiz do mal, e não apenas tratar os sintomas. Depois desse período que passei, cheguei à conclusão de que o cansaço que me abateu não era de origem física, mas era por conta de algumas situações que enfrentei e que foram muito produtivas, mas nada fáceis, e elas acabaram me cansando e trazendo um reflexo físico que me abateu. Ou seja, o meu problema não era descansar o corpo, ou pelo menos, não por tanto tempo: o meu problema tinha outra origem, e talvez um dia de descanso físico fosse o suficiente, e dali em diante, a atividade física serviria como alívio ao cansaço espiritual e de alma.
Mais uma coisa é que, uma vez identificado o motivo do cansaço (que poderia ter sido físico mesmo), era importante medir quanto de fato era necessário para reverter a situação, e evitar atrasos na retomada das atividades. Isso porque quanto mais paramos, mais queremos ficar parados... curioso, não? Na minha visão, o corpo se acostuma com o conforto muito rápido, e gostar das férias em um lugar gostoso, ou curtir uma preguiça no sofá não é assim uma tarefa tão complicada quanto sentir prazer em fazer exercícios físicos para quem não está no ritmo.
E aí, a coisa vai se desenrolando como um novelo de lã, ou descendo pela ribanceira como uma bola de neve: uma coisa puxa a outra, e aí ficamos cansados pela possibilidade de nos cansarmos novamente e ficamos mais e mais parados, mais e mais acomodados, até que temos que tomar uma decisão: arcar com os efeitos dessa paralisia ou retomar a caminhada de onde paramos.
No meu caso, parar os exercícios tem um efeito cruel: a coluna não resiste por muito tempo, e eu volto a ter dores intensas nas costas, nos ombros e na cabeça às vezes. Ou seja, escolher a preguiça significa voltar às dores em pouco tempo. Escolher retomar as atividades significa pagar um preço que inicialmente envolve dor, mas que com o passar dos dias traz conforto e mais resistência para a jornada diária. Parece lógico escolher o que é melhor no médio prazo, não? Pois é, mas nem sempre (aliás, muitas vezes não) somos lógicos...
E aí entra mais uma questão: escolhemos ser protagonistas de nossas vidas e assumir o controle daquilo que nos cabe controlar, ou ficamos agindo como vítimas das circunstâncias e da rotina e simplesmente colocamos a culpa em tudo e todos, menos onde ela deveria estar (que é na nossa escolha errada)? Muito mais fácil dizer que não temos tempo, que não temos dinheiro, que não temos organização, que as coisas acontecem sem que planejemos, do que decidir fazer o possível e reverter o quadro dentro do que nos cabe. Claro, Deus deve estar no controle e o planejamento precisa ser Dele, mas uma parte disso Ele entrega nas nossas mãos para que cresçamos... o que temos feito com a nossa parte?
Pensando nisso tudo em termos físicos fica fácil avaliar e agir, afinal os efeitos e consequências são visíveis no curto prazo, e muitas vezes só de tentar vestir aquela calça mais justinha e perceber que não está acontecendo o sinal de alerta já se acende na nossa mente... mas, e quando estamos falando da vida espiritual? Será que valorizamos tanto ela assim ao ponto de prestar atenção nas mínimas variações? Será mesmo que nos aprofundamos o suficiente para saber quando as coisas estão fugindo do foco, ou quando estamos dando apenas desculpas para não encarar o que de fato precisa ser encarado? Será que temos escolhido o conforto do "sofá" das nossas almas ao invés de procurarmos o exercício do Amor?
A frase do título, no fundo, é mesmo a prova de que, quando a cabeça (ou na vida espiritual O cabeça) não controla as coisas porque transferimos esse controle para as nossas emoções ou qualquer outra coisa que não deveria estar no comando, tudo desanda e os riscos são grandes.
Para concluir, quero comentar sobre o tal do "ah, são só dez dias... que mal tem? Relaxa e daqui a pouco você retoma..": quem sabe quantos minutos de vida terá? Quem sabe quando Jesus vai voltar? Como podemos contar com um tempo que no fundo nem sabemos se teremos? Vivemos de modo irresponsável e inconsequente, e administramos as coisas como se tivéssemos sempre "uma vida inteira pela frente", sem conseguir mensurar de fato quanto tempo essa vida tem... É tempo de rever posturas, de reavaliar contextos e escolhas, e de posicionar-se de modo prático e racional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário