sexta-feira, 8 de abril de 2016

Ler sobre algo não é viver algo... e nem falar sobre

Quando eu comecei a caminhar com Cristo, a minha maior dificuldade era em relação a relacionamentos com homens no sentido amoroso. Isso porque eu queria demais ter alguém, e em muitos casos, queria ter alguém à qualquer custo, e eu escolhia o que eu achava que era bom. E no começo, quando as pessoas olhavam com a aquela cara de "meu, não vai dar certo" eu ficava triste e achava que as pessoas tinham inveja de mim, mas no fundo elas tinham até uma certa pena, porque enxergavam algo que eu não via e que não permitia que as pessoas me contassem.
Um dia, uns três anos atrás, eu li um livro que foi instrumento de Deus para mudar a minha vida. Ele chama-se "Eu disse adeus ao namoro" e ele foi escrito por um rapaz norte americano que conta que, mesmo já tendo namorado, viu que a estrutura do namoro tradicional não é uma boa estrutura quando se fala em construir um casamento de sucesso. Quando essa estrutura não atrapalha (o que é raro), ela também não contribui, e faz com que as coisas que poderiam ser enxergadas e até resolvidas (ou aceitas) antes do casamento demorem para serem vistas e às vezes são arrastadas por anos para debaixo dos tapetes emocionais dos relacionamentos...
O fato é que eu comecei a ler para ter argumentos para falar mal de algo que eu não entendia mas achava que não era bom, e por fim, entendi que eu estava cega, e que existia mesmo um mundo em que as pessoas tinham relacionamentos amorosos de verdade, com muito mais respeito, consideração, amizade, carinho e companheirismo do que sexo. Me apaixonei pela ideia de ter algo assim na minha vida, e comecei a me preparar para que isso acontecesse. Fiz uma lista de coisas a serem mudadas e Deus vem honrando de lá para cá a minha posição.
Durante esse tempo, embora eu tivesse uma decisão racional, meu coração me traiu uma vez. Isso porque, embora eu tivesse a decisão firmada de ter uma relação baseada em alguns princípios firmes, eu brinquei com fogo, e me queimei algumas vezes. O coração nos engana, e nos faz ignorar certos perigos. Eu flertei com o risco, cai, me levantei, mas foi parte do aprendizado. E ter uma decisão de viver o que chamamos de corte foi fundamental, mesmo tendo uma relação que era ainda em alguns sentidos distante disso, mas que buscava ser, apesar de tudo, uma relação nesses moldes. Mesmo assim, Deus sempre me respondeu às orações quando eu perguntava se devia seguir ou não, e não me arrependo de ter dado ouvidos à direção Dele. Me arrependo de não ter seguido assim que tive a resposta, mas era muita maturidade para mim naquele momento.
Depois disso, vivi algo que não foi um relacionamento oficial, mas foi exatamente tudo o que eu poderia desejar em um: amizade, companheirismo, aprendizado, respeito, carinho, cuidado, disposição e superação em conjunto. Foi lindo e quando terminou (porque Deus disse que esse não é o melhor Dele para as nossas vidas) doeu, mas por conta do lado humano, mas foi bem mais fácil entender que tudo aquilo que eu tinha lido no livro anos antes realmente existe e funciona.
Agora, vejo minhas amigas amadas vivendo o próximo passo: uma relação oficial, vinda do trono de Deus, abençoada pelas famílias e pela igreja, que tem seus desafios, claro, mas que mais do que dificuldades, trazem a elas uma enorme alegria. Como Deus tem mudado seus corações, suas mentalidades, suas posturas e seus sonhos para melhor nesse tempo... ao mesmo tempo, vejo que esse novo passo traz uma maturidade inimaginável a quem a vive: é uma fase em que (como uma delas definiu) as coisas mais simples se transformam nas mais incríveis, e isso porque todos os desejos e vontades que já existiam antes do "sim" de Deus eram, na verdade, apenas desejos e vontades individuais dos envolvidos, e não seria razoável cogitar a possibilidade de ir além com qualquer um deles, já que isso seria, de algum modo, roubar um pouco do que é sagrado no outro. Depois do "sim", as vontades existem e agora são conjuntas, e são legítimas... mas, como essa mesma amiga definiu de modo surpreendentemente simples, "agora isso faz parte de um relacionamento onde você pode fazer escolhas" e escolher o certo é fundamental para que a vida a dois continue tendo esse ritmo quase "mágico" de promover muito mais sorrisos do que lágrimas, e que a superação seja resultado de, em conjunto, enfrentar as dificuldades externas, e não resultado de frustrações de escolhas ruins para o conjunto, ou entre o casal.
No fim das contas, falar, ler, escrever sobre relacionamentos... cada ato tem o seu valor, mas de verdade, como qualquer outra coisa na vida, vivê-los é o que traz experiência de fato, e traz à existência a maturidade que Deus planeja que tenhamos com o próximo. Por isso provavelmente que cada um tem um relacionamento diferente, e as coisas acontecem em tempos diferentes com as pessoas, e com alguns nem acontecem: talvez até alguns nunca se permitam estarem prontos para isso...
Para a minha vida? Espero estar pronta no tempo certo, que hoje para mim é o momento em que eu não tiver mais jeito e realmente precisar de um relacionamento para crescer. Que ele não venha por carências ou por gostos pessoais, mas porque ele será, a seu tempo, instrumento de Deus para crescimento de ambos, e inspiração para outros que nos vejam e que passem a sonhar com algo muito mais elevado: um relacionamento com o propósito de Deus no centro.

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