Ontem aconteceu uma coisa que eu imaginava que fosse gostar, mas percebi que me trouxe tristeza, e eu não sei bem porquê: dois homens começaram a conversar comigo, gentilmente, sem grandes pretensões, mas claramente se aproximando para ver quem eu sou.
Um puxou assunto de modo educado, foi muito assertivo em seus comentários e, embora firme, sempre muito gentilmente soube se expressar. E isso, ao invés de me trazer alegria, me trouxe de início uma euforia, e depois uma certa tristeza.
O outro, já dentro de um outro contexto, foi simpático e muito educado também, e compartilhou algumas poucas coisas sobre si e sua fé, e da mesma forma, senti que tinha intenção de saber um pouquinho mais sobre mim. E isso me angustiou.
Hoje, falando sobre o assunto e pensando nisso, eu fiquei confusa. Afinal de contas, eu não deveria ficar animada por algo assim acontecer? Não é assim que nascem as amizades, e até outros tipos de relacionamentos? Por que então isso só me deixa chateada?
Talvez eu tenha expectativas erradas sobre como as coisas devem funcionar. Talvez eu tenha mesmo preguiça por pensar que, para me relacionar de modo afetivo, eu tenha que passar por essa "entrevista" pouco espontânea e muito cheia de segundas intenções. Talvez eu ainda não esteja realmente curada de ter expectativas minhas em relação a como gostaria que esse companheiro que Deus tem pra mim fosse. Talvez seja o medo de começar a querer gostar de alguém e simplesmente não dar certo de novo me apertando o estômago. Talvez porque eu saiba que quase com certeza nenhum dos dois é esse companheiro que Deus reservou para mim. Talvez isso, talvez aquilo... talvez um pouco de tudo isso e mais algumas coisas sobre as quais eu acho que não consigo escrever.
Independente do motivo, fiquei pensando porque eu quero um companheiro, e pra falar a verdade, vejo poucos motivos no momento: penso na quantidade de horas que trabalho, e penso que dividir meu tempo com um homem seria complicado; penso em quantas coisas eu preciso organizar na minha vida, e considero que esse homem chegaria em uma vida ainda em construção, sem estrutura, sem organização definida, e talvez até causasse mais agito nisso tudo... penso na minha relação cada vez mais insípida com a minha filha, que me entristece profundamente, e penso que não sei se posso dividir atenções de modo justo, e de verdade, nem sei se ele estaria disposto a isso...
Pensar em me relacionar com alguém de um país diferente do meu, que antes era algo desejado, começa a se tornar um incômodo, já que penso nas culturas diferentes, na adaptação constante e eterna (não só fora de casa mas dentro), em nunca ter a mesma língua mãe em comum... de não ter as mesmas referências de infância... sei lá, parece que o meu coração está mudando...
Sei que meu esposo está próximo de chegar, mas sei também que esse é o tempo de ajustar as últimas coisas dentro de mim. Ao mesmo tempo em que eu quero um abraço ao final do dia, e que me alegra saber que alguém acordou e pensou em mim, fico pensando no quanto eu poderia de fato ser uma boa companheira nesse momento mais cheio de afazeres e coisas a lidar na minha vida...
Uma coisa eu sei: não quero entrar em mais nada sem a confiança de que dou conta. Não quero fazer as coisas pela metade, e não quero entrar num relacionamento sem ao menos acreditar que posso lidar com isso nesse momento.
Mas.. pois é... enquanto escrevo isso, me pergunto se esse não é exatamente o melhor momento, já que para me relacionar com alguém eu precisaria de verdade depender de Deus em todos os sentidos, já que definitivamente eu nada tenho a oferecer, senão a vontade Dele sobre a minha vida...
Acho, no fim das contas, que isso tudo o que escrevi demonstra que posso estar um pouco confusa, ou com os sentimentos desajustados, mas parando para pensar, vejo que o que eu queria mesmo era um amigo que, um dia, olhasse pra mim de modo diferente, e passasse a levar em consideração a possibilidade de estar mais perto, e sempre mais perto, até que, em algum momento, ele simplesmente ouvisse de Deus que não precisa mais se afastar... Definitivamente não quero passar por novas "entrevistas" e estou, a bem da verdade, de saco cheio dessa formalidade e dessa pressão que a gente vive à partir de um certo ponto da vida, por não dividir a vida com alguém. Quero me sentir normal, ser conquistada sem maiores mistérios, e viver uma história leve, alegre, e cheia de sorrisos.
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