Sabe, quantas vezes romantizamos o chamado de Deus para as nossas vidas? Quantas vezes estamos ali sonhando, esperando que Deus diga que vai nos enviar a outro lugar, simplesmente para nos sentirmos úteis ao Reino e nos sentirmos que fazemos parte de algo maior...? Eu pelo menos sonhei com esse dia por anos...
O que certamente eu não sabia, quer dizer, eu sabia, mas não me dava conta de verdade, é que o tal do "preço" é realmente alto. Claro, Jesus pagou o preço maior por mim e por todos que aceitarem esse presente de Deus, mas a nossa parte, considerando o nosso tamanho, não é pequena. Ou pelo menos não parece.
Imaginamos que seremos enviados a lugares incríveis, onde seremos portadores da palavra de Deus, e obviamente seremos tratados como tais, e claro, isso é pura ilusão. Acredito que muitas vezes romantizamos as coisas, ou porque vamos à África porque parece bonito, e soa bem dizer aos outros que se está abrindo mão de tudo para falar de Jesus e fazer coisas boas em um continente pobre. Ou então, sonhamos que, chegando a um lugar rico, mas completamente sedento de amor, seremos tratados como portadores de boas novas, e no fim, somos na maioria das vezes, aos olhos humanos, aqueles imigrantes que estão ocupando espaço, tomando oportunidades e fazendo as coisas piorarem simplesmente porque decidimos estar num país no qual não nascemos.
Agora, quando chegamos na situação de fato, e entramos no contexto, começamos a entender o que significa realmente fazer missões. Normalmente somos enviados a um lugar que não escolhemos, com pessoas que na maioria das vezes não escolheríamos jamais, e em situações que nunca teríamos aceitado se tivéssemos consciência (pelo menos quando se faz a primeira missão de verdade). E pior: às vezes as pessoas de fora, que são o nosso alvo, nos consideram como benção, mas os de dentro acabam nos tratando de modo muito mais duro, injusto e errado do que tratariam inclusive os de fora mesmo. Estranho isso, não?
O desafio então torna-se aprender a perdoar sempre, quase que imediatamente, e saber como agir em qualquer contexto. Saber que quem nos aprecia é Deus, não porque somos perfeitos, mas porque somos filhos, e não importa o que aconteça, somos amados e cuidados por Ele. Mesmo quando nossos irmãos não gostam da gente, ou simplesmente estão conosco porque sentem que precisam cuidar do outro filho do seu Pai, não devemos nos chatear. Ou quando o irmão busca o seu conforto próprio e a necessidade do outro não é assim uma prioridade... isso não significa que estamos no lugar errado, ou no tempo errado, ou com as pessoas erradas. Significa apenas que Deus nos ama, independente do dia ser bom ou mau.
Por fim, depois de uma pausa no meio do texto, o fim das coisas será mais tranquilo, e eu vejo que a minha parte é orar, perdoar, abençoar e colaborar, fazendo a minha parte. O resto, simplesmente é de Deus. Ou seja, essa fatura não é minha, e não vou me irritar por causa dela. Pelo contrário, gentilmente, passo a Quem é de direito, não pedindo justiça, mas deixando nas mãos Dele a resolução de tudo, incluindo a cura dos meus sentimentos, e o restabelecimento do meu sorriso para o dia seguinte.
Por mim, simplesmente não o faço, mas sei que Ele pode, e por Ele, eu devo, simplesmente porque, de verdade, Seu amor é tão grande por mim, que eu não posso agir de outro modo...
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