Neste ano decidi aprender a cozinhar. Isso na minha vida é definitamente uma grande conquista. Isso porque, antes de casar, nunca tive interesse de aprender e, depois de casar, por causa da falta de apoio do meu companheiro, deixei-me intimidar e passei a acreditar que realmente isso não era possível para mim.
Esse sentimento de impotência ficou comigo até que, no final do ano passado, decidi que iria tentar fazer diferente. Deus me abençoou grandemente mostrando que nada é impossível para Ele e que, quando nos propomos de coração a fazer algo que pode ser útil para o Seu Reino, Ele abençoa.
Na verdade, tudo começou porque aqui em casa tínhamos um fogão que, quando ganhamos (há quase sete anos atrás) ele já tinha mais de vinte anos. Eu fiquei injuriada porque queria um fogão melhor mas, para que mesmo queria se nem ao menos fazer arroz eu sabia? Por outro lado, surgiu no meu coração um desejo de comprar um fogão novo para uma pessoa da minha célula(que não tinha fogão) e, aproveitando as bonificações de final de ano, comprei um fogão "zerinho" em folha e mandei entregar na casa dela. Eu não sei o que aconteceu mas, por um motivo que eu não saberia dizer até pouco tempo atrás, o fogão foi, contra a minha vontade, entregue na minha casa.
Fiquei então com o fogão novo na minha sala (que não tinha mais sofá porque o meu cãozinho literalmente "comeu" o móvel em questão) e o antigo na minha cozinha. Só que, uns dias depois, meu "dragãozinho de komodo" comeu a mangueira (de borracha) que ligava o fogão antigo ao botijão de gás, fazendo com que eu ficasse sem o tal utensílio.
Fui atrás então de comprar uma mangueira de cobre (sabia que essa o cachorro não conseguiria comer) e fui instalar no fogão antigo. Qual não foi a minha surpresa quando eu notei que, por ser muito antigo, eu simplesmente não conseguia colocar a tal mangueira no fogão. Conclui então que era o momento de comprar um fogão novo. Só que eu ainda estava com o fogão novo na caixa na minha sala (tinham me advertido que não era bom dar o tal fogão para a destinatária original por motivos não divulgáveis) e então, decidi que, por pura falta de dinheiro àquela altura do ano, eu iria me apropriar do tal fogão.
Troquei então os fogões de lugar mas ainda fiquei um bom tempo brigando para instalar o novo. Notei que eu tinha o mesmo problema do antigo, o que me deixou completamente confusa e bastante desanimada porque, na verdade, eu esperava trocar de lugar os fogões e sair usando o novo imediatamente (embora eu só usasse para ferver água para chá, queria mesmo continuar tomando meu chazinho de manhã com a água fervida à gás).
No segundo semestre, lá para agosto, decidi que chamaria um técnico especialista no assunto para instalar o tal utensílio (parece ridículo mas eu realmente estava em apuros). Nem imaginava por onde começar a procurar até que, no caminho para o trabalho, no mesmo dia em que tomei essa decisão, vi um anúncio grudado em um poste em que um técnico oferecia seus serviços nesse sentido. Liguei então e marquei para o dia seguinte. O técnico não foi e eu fui desanimando por completo. Até que, no dia posterior, ele apareceu e instalou e tudo passou a funcionar.
Com isso, decidi então comprar um livro de receitas na internet (aquele famoso Dona Benta, a bíblia dos "dummies" no assunto) e comprei um livrinho também de doces. Uns dias depois chegaram os livros e eu, já de férias, decidi que tentaria algo, afinal, lembrei-me da minha experiência com a troca de espelhos de luz e pequenos reparos domésticos: se pessoas menos cultas, menos estudadas e muito menos prudentes do que eu conseguiam fazer aqui (e até viver daquilo) conclui que não podia ser tãããão difícil assim. Da mesma forma, não podia ser tão complicado assim seguir uma receita de um livro cuja tiragem passa de um milhão de cópias (achei que se não funcionasse não venderia tanto assim).
Já de férias no mês de setembro decidi então tentar. Obtive apoio moral de alguém muito especial nas minhas primeiras tentativas e, logo de cara, queimei uma receita inteira de panquecas. Não contente, fiz uma segunda que, para o meu gosto (e dos que experimentaram) ficou bastante boa. Daí para frente, decidi ser mais ousada e passei a fazer outras coisas como torta de frango, torta de limão, de doce de leite e mousses de limão e de maracujá. Claro que tive percalços mas com a graça de Deus e perseverança, aprendi alguns truques e comecei a achar que até levo um certo jeito para a coisa.
Claro que, como precisava de opiniões "isentas" (na verdade, precisava mais de incentivo do que julgamentos imparciais por pura covardia... vai que no julgamento imparcial a pessoa honestamente me diz que não ficou bom? Eu ficaria arrasada...) eu decidi então usar o pessoal da célula como cobaias (afinal, como anfitriã, eu tinha certeza de que eles seriam honestos mas educados e sensíveis comigo). Depois de um tempo vi que eles passaram a ser honestos mas que eles realmente estavam gostando do que eu servia.
Até que, um dia, resolvi fazer uma torta de frango com uma pequena alteração na receita: parte da farinha branca seria substituída por farinha integral e fiz a torta para almoçar em família em um domingo na volta do culto matinal. Chamei também uma moça da célula para almoçar conosco já que ela iria almoçar sozinha em casa e nós tínhamos comida suficiente.
Fomos comendo e, ao final, a moça disse: "ah, a torta estava legal... não estava ruim não" e todos nós rimos por causa daquela expressão tão desanimada em relação àquela refeição. E aí, eu pude ver algo que Deus fez em minha vida: Ele me curou do meu trauma em relação à cozinhar. Um comentário desses há alguns meses atrás seria realmente a pá de cal para que eu nunca mais tentasse fazer nada nessa vida à beira do fogão mas, na atual circunstância, não me afetou e isso, só por Deus mesmo me curando e me limpando de toda a mágoa, tristeza e incapacidade que eu guardei durante anos no meu coração.
No último domingo à noite me propus a fazer arroz branco e inacreditavelmente eu consegui: não queimou, não ficou empapado e nem cru. Embora eu não goste de arroz, fiquei absolutamente embasbacada com o resultado e principalmente com a obra de Deus em minha casa.
Com isso, ficaram para mim duas coisas:
- Deus realmente abençoa as nossas vidas quando abrimos a nossa casa para a obra Dele;
- O Senhor é de fato o médico dos médicos que cura toda e qualquer ferida do corpo e da alma.
Entendi mais uma vez o que disse Jó (capítulo 42 versículo 5): "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos."
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