segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Família

Passei o Natal fora de casa este ano e, pelo que me recordo, fiz isso pela primeira vez na minha vida. Embora eu tenha passado pouquíssimos natais no local onde vivia, até porque sempre morei em casas ou apartamentos pequenos, até onde lembro-me sempre passei a data rodeada da minha família.

Neste ano foi diferente: fui acompanhar o meu presente em uma missão divina em outra cidade distante da minha. Na verdade, essa cidade fica a pelo menos quatro horas de distância da minha e, embora as estradas ajudem o viajante a concluir o seu trajeto, chuvas e outros eventos externos podem alongar em algumas horas a viagem, transformando-a em uma tortura, principalmente com o calor de determinados horários.

Bom, eu tomei a decisão pouco sábia de ir de ônibus leito para lá. Saímos quase ao final da noite daqui e chegamos lá ao amanhecer do dia (graças a Deus inacreditavelmente não pegamos trânsito). Como é uma cidade de praia, ainda tive a oportunidade de, ao chegar, passear com ele por algumas horas pela areia e tomar o nosso café da manhã à beira-mar (uma delícia).

Mas, foi um natal sem a minha família de origem e, pela primeira vez, senti vontade de ser cinco: queria muito estar lá porque sabia que o que estava para acontecer era precioso mas queria estar com os quatro pedacinhos da minha família que tanto amo (pessoas que Deus colocou ao meu lado para me amar e abençoar e cuidarem de mim durante a minha vida).

Desta vez, o inusitado ficou por conta de termos conseguido cumprir aquilo que nos propusemos a fazer. Tenho a certeza de que o Senhor nos abençoou e permitiu que pudéssemos seguir com o nosso intento até cumpri-lo porque estava completamente dentro da vontade Dele e acho que essa foi a parte mais surpreendente para mim.

Conheci montes de gentes. Tantas pessoas que uma parte considerável inclusive eu não consigo nem desconfiar como se chama mas lembro de muitos rostos e sorrisos. Fui muito bem cuidada e acolhida e notei que nos lugares e momentos em que menos esperava surgia uma surpresa do Senhor para mim.

Conheci um ex-policial civil aposentado casado com uma senhora um tanto quietinha mas muito amorosa. Eles têm um filho já adulto que é uma simpatia e pelo que pude notar tem um coração enorme. Não esperava conhecer aquelas pessoas, menos ainda gostar tanto delas, mas acabei me sentindo absolutamente à vontade na casa delas. Conheci parentes e mais parentes de todos os tipos, idades e tamanhos e vi que, mesmo me sentindo deslocada em muitos momentos, esse sentimento não era exclusividade minha (outras pessoas que faziam parte daquele grupo também se sentiam apartadas).

Essa família que conheci me mostrou uma série de coisas que vejo em diversas famílias: gente turrona, gente que compete, gente que acha que é melhor ou pior do que o outro parente, gente mais humilde, gente mais arrogante, gente amorosa e gente dura de coração. Ou seja, uma família como a minha, ou como outra qualquer... ou que, pelo menos tem todos os ingredientes para ser uma família comum, mas que tem algo diferente: quase toda a família é cristã e vive uma vida de busca de proximidade com Deus.

Aproximei-me daqueles mais próximos ao meu presente que, a meu ver, são os que mais tem sede da Água Viva (o que considerei um verdadeiro presente de natal) e conheci um outro lado de pessoas que eu já tinha visto há anos e que não sabia exatamente como eram (ainda não tenho certeza mas já tenho algumas conclusões por mim mesma).

Por fim, vi Deus abrindo uma porta. Vi o Senhor mostrando que, quando queremos seguir algo que Ele mandou-nos fazer, Ele prepara e nos dá condição de querer e efetuar.

Fiquei com o maior orgulho do meu presente. Não sei se teria disposição, condições ou coragem mesmo de fazer o que ele fez (que era absolutamente necessário mas exigiu uma boa dose de submissão à palavra do Senhor e disposição de se humilhar e engrandecer o nome Dele) e agradeço a Deus por ter pessoas que são verdadeiras cristãs ao meu lado, sendo o meu contraponto e mostrando que, verdadeiramente, para Deus nada é impossível.

O Senhor é surpreendente! Não sei ainda quais serão os frutos dessas sementes plantadas por ele e por mim nesses dias mas tenho certeza de que Deus irá honrar essa atitude dele e abrir portas de novos desafios e novos rumos antes ainda do que esperamos.

Isso me dá esperança porque, ao ver uma família assim, sinto em Deus esperança para a minha própria família: ela pode deixar de ser uma família qualquer, cheia de si mesma e dos seus problemas para ser uma família em Cristo que, mesmo com discórdias e lutas, vive da fé e da esperança de que o Senhor pode nos fazer vencer as circunstâncias que nos afligem e destruir as barreiras que nos cercam.

Quem sabe um dia... tudo a seu tempo. Glória a Deus pelo tempo Dele que virá!

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