terça-feira, 31 de julho de 2012

O mais importante


Estou atendendo um cliente no Sul nesta semana. Na verdade, eu não pedi para estar aqui, eu simplesmente fui mandada para este lugar nesta semana em que eu daria muito para não sair de casa, especialmente porque estou transformando o conteúdo de um apartamento em um quarto e é a última semana do mês de julho (na próxima semana a minha filha volta para casa).

Enfim, na semana passada o meu gerente chegou gentilmente e me comunicou que apareceu a necessidade de atender a este cliente aqui no Sul e que eu tinha sido escalada para atendê-los. Na hora, fiquei um pouco desconfortável mas, sabendo que nem sempre é possível escolher e que é justo que outros colegas fiquem em casa também, eu acabei aceitando sem mais resistência.

Curioso como na preparação para vir um monte de pequenas coisas aconteceram para complicar: erraram o meu documento na reserva da passagem aérea, eu quase não consegui passagem de volta no horário que pretendia por conta de uma festa importante na sexta, as coisas em casa não ficaram no ponto em que eu queria, um montes de coisas ficaram pendentes e mesmo durante a semana passada chegou em um ponto de indefinição das tarefas em que eu achava que poderia inclusive acontecer o cancelamento da viagem (o que confesso não achei nem muito bom e nem muito ruim). Depois, comecei a pensar e lembrei de uma mulher que conheci que dizia que o diabo é o maior anunciador da benção: ou seja, quando as coisas começam a dar muito errado é porque Deus vem trazendo uma grande vitória e o inimigo fica apenas tentando evitar que a alcancemos. Na verdade, às vezes, até Deus mesmo nos permite enfrentar empecilhos para que possamos provar para nós mesmos as nossas motivações e nos fortalecer e acho que este foi o caso.

Cheguei no aeroporto e lá tive a primeira dificuldade: uma fila gigantesca para fazer o checkin. Aliás, não era uma fila e sim duas: uma para o ticket de embarque e outra para o despacho de bagagem (a fila única para fazer as duas coisas junto era consideravelmente maior e não valia a pena). Lá fui eu tirar o ticket. O cadastro vai bem, até que o sistema pede o número de um documento meu que eu precisava acessar no celular... e quem disse que a internet do celular funcionava? Pois é... lá se foi um tempo grande (e boa parte do humor e da paciência do pessoal atrás de mim na fila). Consegui... ufa! Vamos para a próxima fase.

Peguei a segunda fila e lá, quase chegando a minha vez, notei que uma funcionária da companhia aérea abriu uma segunda fila de atendimento com pessoas que estavam umas três posições atrás da minha... fiquei bem furiosa e educadamente (de verdade) perguntei à moça o porquê daquilo e ela respondeu que o vôo deles estava de saída. Eu fiquei verdadeiramente indignada, afinal, eu tinha chegado a tempo de fazer as coisas e os outros que chegaram atrasados tinham a facilidade de passar na minha frente... pelamor!!! Eu fiquei indignada e quando o rapaz do balcão chamou eu fui sem olhar para o lado (ignorando a tal fila) e a moça olhou para mim e eu expliquei que o meu vôo estava próximo também e segui com o atendimento. Mais uma etapa vencida (bom, não tão elegantemente, é verdade... mas foi). Ufa²!

Lá fui eu para o salão de embarque. Chegando lá, aquela filinha sensacional para passar pelo raio-x. Uma lerdeza sem tamanho, especialmente na fila que escolhi, já que lá estavam sendo barradas várias moças com sapatos de salto (e quando elas eram barradas tinham que tirar seus sapatos, colocar meinhas descartáveis como as de hospital e colocar seus sapatos no raio-x, além de passar de novo pelo detector) e isso causava uma demora sensível. Fiquei feliz por estar de tênis mas, quando chegou a minha vez, embora eu não tenha sido barrada pelos calçados, a moça lembrou-me que eu tinha uma faca na mochila do notebook. Sim, uma faca de metal (era para comer salada e eu esqueci de tirar da mochila)... e toca eu ter que achá-la na mochila, tirando montes de coisas de dentro para procurar. Achei, coloquei tudo de volta e lá fui eu descartar a faca e seguir adiante. Obstáculo vencido! Ufa³!

Chegando na sala de embarque, decidi comprar algo para comer de café-da-manhã, já que não tinha dado tempo (eu o gastei nas outras etapas). Entrei numa fila para comprar algo no único lugar que tinha ali e quando estava no meio do caminho o embarque para o meu vôo foi iniciado e eu abandonei a fila e segui em frente. Hum... fome a gente resolve depois. Embarquei no ônibus que faria o embarque remoto. Ufa³ + ufa!

Ao entrar no avião, eu sempre coloco a minha mochila abaixo do assento em que estou para que fique mais fácil acessar algum item necessário durante a viagem ou ainda para não esquecer mesmo da tal bagagem ao sair. Como de costume, lá fui eu e coloquei a mochila quando, de repente, sinto que ela volta "sozinha" para a frente... duas tentativas depois, o passageiro de trás começa a reclamar que ele está com o pé ali e insiste para que eu tire a mochila de lá. Então, sem opções, levanto, incomodo os passageiros ao meu lado (e a comissária para encontrar um espaço para a mochila na parte de cima) e depois de acomodada a bagagem volto ao meu lugar. Ufa (mais ou menos, vai?)!

O comandante então anuncia que o tempo na cidade de destino é bom: seis graus... passo a ter certeza absoluta de que temos conceitos absolutamente divergentes sobre o que seria "tempo bom". Descobri então que quando o céu está aberto e com poucas nuvens é considerado "bom" pelos pilotos de avião. Certamente fiquei feliz por não ter entrado na Aeronáutica como eu queria uma época porque certamente mentiria ao dizer que seis graus é um tempo bom. Isso sim: ufa³ + ufa²!!!!

O vôo vai bem e chegamos no tempo previsto. Quando chegamos, pego a mochila (ufa mesmo: eu não a esqueci), retiro a mala despachada anteriormente sã e salva, saio e compro um chá para tentar me aquecer do "tempo bom" (é, agora já são oito e não mais seis graus... ufa, hein???) só que, em seguida, percebo que, com a mala em uma mão e o chá na outra não consigo andar e chamar o taxi pelo celular ao mesmo tempo... Procuro então uma mesa para apoiar o chá mas quase não consigo sentar-me na cadeira, já que a mochila continua nas costas e com o notebook e mais umas (várias) coisinhas fica difícil caber tudo na cadeira mesmo.

Consegui sentar e então achei o telefone da conveniada que recebe o boleto que a empresa me fornece e mais uma emoção: com o acréscimo do dígito "9" no início dos celulares de São Paulo eu percebi que chamar um taxi em outro Estado seria mesmo um desafio... Quando telefonei, a moça que me atendeu pediu o telefone para contato e eu passei o novo número (com o "9" na frente) e ela, confusa, disse que o telefone passado não estava correto porque o identificador de chamadas dela simplesmente não dizia ser esse o número. Pacientemente expliquei de uns três jeitos diferentes o que estava acontecendo e, quando ela entendeu, registrou a chamada em seu sistema que... teve um problema e perdeu todos os dados porque não está preparado para um telefone com nove dígitos. Começamos tudo outra vez por mais duas vezes e aí sim ela conseguiu confirmar o atendimento.

Pouco tempo depois (e uma mão levemente queimada com o chá quente que derramei nela ao tentar mais uma vez me locomover com a bebida, a mala, o celular e o boleto nas duas mãos) o taxi chegou e fomos para o cliente. Demoramos pouco e fiquei feliz por ter chegado sem mais complicações. Desci do taxi tentando garantir que nada de errado aconteceria e quando abri a porta quase ela foi levada por um motoqueiro (achei que isso só acontecia em São Paulo, sabe?) mas só foi o susto mesmo...

Entrei na empresa, pedi para falar com a pessoa de contato e, quando estava quase entrando, lembrei que ainda estava de tênis (calçado que definitivamente não é adequado para atender a um cliente no meu ramo) e que a mala ainda tinha o lacre de plástico que pedi para o atendente do checkin da companhia aérea na minha cidade natal tinha colocado a meu pedido. Com dificuldade, tirei o lacre e abri a mala na recepção da empresa e comecei a tirar as coisas para conseguir acessar a bota e, claro, guardar o tênis. O pessoal da recepção não entendeu muita coisa, achou o movimento todo bem curioso mas não comentou nada e eu consegui completar o processo.

No fim das contas, chego para falar com o contato às onze da manhã pensando o que mais poderia acontecer por ali... e percebo que na verdade tudo isso que aconteceu foi só para que eu pudesse mesmo ter a certeza de que quando Deus abre uma porta nada a fecha. Entendi que aqueles montes de coisinhas pelas quais passei na verdade não são importantes: são apenas oportunidades que Deus dá para reagirmos da maneira correta, agradecendo por tudo de bom que nos acontece e focando mesmo naquilo que é real, que é importante. E o importante é que pude ver que esses pequenos contratempos não são importantes: o que realmente importa é que, ao chegar, tenho a oportunidade de mudar a vida das pessoas que estou conhecendo. E o mais importante é que posso voltar uma pessoa melhor para aqueles que amo e deixei em casa.

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