quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Devagar e sempre


Definitivamente preciso voltar a fazer academia. É isso mesmo... estou enferrujando. O meu corpo já não tem mais a mesma resistência, a minha respiração cansa mais rápido e eu confesso que vejo que os meus músculos já não aguentam mais tanta força. A confirmação (se é que eu precisava de mais uma) foi hoje pela manhã: acordei por causa da dor de cabeça que estou e isto é apenas uma consequência da fragilidade muscular do ombro (condição que eu conheço há anos e que inicialmente tratava com exercícios mas que com o tempo deixei e foi piorando consideravelmente).

O corpo é uma máquina curiosa: quanto mais se movimenta, melhor fica nisso; por outro lado, quanto mais parado fica, melhor adaptado à ociosidade vai ficando também. Para mim isso é muito nítido: até uns meses atrás eu não tinha carro, então fazia tudo à pé ou de ônibus, incluindo carregar mochilas e sacolas, levar a minha filha na escola, fazer compras no supermercado e outras atividades rotineiras. Agora, a maioria delas (ou quase todas) faço de carro, o que faz com que o meu corpo esteja cada vez mais acostumado a ficar parado. A coluna sofre pelas horas a fio sentada à frente do computador (e agora no carro), o ombro dói por causa da postura repetitiva, as pernas já não tem a mesma rapidez ao subir uma escada ou ir a um lugar mais distante. É uma verdadeira decadência.

Essa minha condição é apenas uma constatação em relação à condição que infrinjo a mim mesma. Afinal de contas, tenho dito tudo isso mas nada tenho feito para reverter a situação. E aí, a tendência é só piorar.

Não estou tão mal pela minha idade mas sinceramente estou bem aquem do que poderia e do que estava há poucos meses atrás. Olhar essa perda tão significativa e tão brusca assusta. Mas o ponto é que muitas vezes eu preciso chegar a esse ponto de incômodo intenso para que seja gerada em mim uma indignação profunda ao ponto de provocar uma reação.

Então, faço um paralelo com o espírito. No sábado, em uma reunião na igreja, falamos sobre perder o ritmo na vida espiritual. O irmão que trouxe a Palavra falava sobre a sua própria vida: num primeiro momento ele tinha conseguido imprimir um ritmo forte de intimidade com Deus e, por uma decisão pessoal legítima (ele quis passar um tempo viajando para fora do país) sua rotina mudou por completo, incluindo as suas atividades relacionadas ao espírito. Isso fez com que ele, aos poucos, fosse "perdendo o ritmo" e deixando de lado as práticas que o faziam a cada dia um pouquinho mais forte. Claro, ele não deixou de ter fé mas é como se o seu espírito fosse sutilmente enfraquecendo e, quando aparece a primeira grande dificuldade é que se percebe o quanto se perdeu da sua força de antes.

O mais engraçado é que um montes de coisas podem nos fazer perder o foco, incluindo a própria atividade foco. Eu explico: se o objetivo é aprender uma modalidade e ser melhor nela, de imediato a pessoa começa a praticar aquela modalidade específica (digamos, natação). Aos poucos, essa pessoa percebe que para nadar seria interessante ter braços mais fortes e decide então fazer um pouco de musculação. Mais um tempo se passa e percebe-se que ter pernas mais firmes pode ser um diferencial, e lá vai a pessoa fazer aulas de spinning (aquela aula doida que o povo quase se mata de andar de bicicleta... muito divertida por sinal). E quando a pessoa vai ver o seu tempo não é mais tão adequado assim para a sua especialização na natação, que era a sua modalidade foco no início. E veja, as atividades que tomaram aquele tempo são legítimas e fazem sentido no contexto. Mas, se elas tomarem tempo demais, o cansaço toma conta do corpo e não dá mais tanto tempo assim de nadar.

Da mesma forma é com a vida espiritual: a gente começa querendo participar de algo na obra de Deus, escolhendo uma determinada atividade ou um determinado ministério para servir. De repente, percebe que faria muito sentido estar em outra atividade também para que seu conhecimento da Bíblia seja aumentado e com isso o seu objetivo inicial seja cumprido com mais tranquilidade. Com o passar do tempo, a pessoa se envolve em tantas atividades que o principal pode ser perdido (sendo que muitas vezes o principal é o tempo individual de oração ou de leitura da Bíblia, coisa fundamental para a vida cristã) e aos poucos, ao invés da pessoa estar mais forte, ela está só mais cansada e eventualmente mais frustrada. E aí, começa a se questionar com relação ao seu objetivo inicial (e pior, não se questiona sobre o porque não foi atingido mas questiona-se eventualmente sobre a utilidade dele).

No fim das contas, quando a gente larga mão, se dá conta que está em apuros no pior momento ou da pior forma. Eu não quero mais viver isso... a frustração toma conta de mim nessas horas e eu fico pensando coisas que não fazem sentido e que nunca Deus pensou para mim. Por que permitir então que isso aconteça?

A responsabilidade de mudar a minha situação é sempre minha em primeiro lugar. Afinal, eu sou a maior interessada. Claro, posso contar com a ajuda de outros mas não posso esperar que outra pessoa queira iniciar esse movimento por mim. Então, chega de escrever sobre isso. Está na hora de escrever sobre o que eu fiz para mudar a situação. Deus me deu capacidade de reverter esse quadro e definitivamente Ele me fez para viver muito mais do que estou vivendo neste momento. Então, esta é a hora e o jeito é começar. E seguir... devagar e sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário