Puts... quase comecei esse post exatamente com a mesma frase do último: "Hoje é dia do escritor!". Pensei sinceramente em repeti-lo simplesmente por julgá-lo absolutamente adequado, mesmo sabendo que já não era mais novo.
Isso me faz refletir sobre a minha vida: quem exatamente é o escritor das páginas que são os dias que eu vivo?
Quando eu era criança, pensava em fazer algo simplesmente porque achava que seria gostoso executá-lo ou porque seria prazeiroso desfrutar de seus resultados. Então, se na minha visão, o saldo fosse positivo, eu ia lá e fazia. Simples assim.
Atualmente a avaliação não é diferente mas os critérios são outros: será que o que penso em fazer é adequado ao contexto; será que o ganho ao final compensará o esforço da execução; quanto tempo será necessário para fazê-lo; alguém já o fez...? Ao final da avaliação, a atitude é praticamente a mesma... ou não é?
Antigamente eu escrevia os meus dias com coisas que valiam a pena sob a minha ótica. Verdade que a minha visão era distorcida porque era absolutamente autocentrada, o que é, além de impraticável, totalmente fora do propósito de vida cristão de verdade que considera que a melhor coisa do mundo é viver em função do propósito de Deus (o que quase todo o tempo inclui pelo menos uma outra pessoa no centro das atenções). Verdade também que naquela época eu não usava desculpas esfarrapadas para não fazer algo que achava bom: eu simplesmente tomava uma atitude e corria atrás de realizar independente do custo para isso.
E hoje, como eu escrevo os meus dias? Graças a Deus a minha visão foi alinhada e eu entendo e sinto que o que faz sentido mesmo é viver para que o Senhor cumpra através de nós o Seu melhor para todos. Mas... eu realmente faço isso? Quem é que escreve as páginas e os capítulos da minha vida?
Estou prestes a completar mais um ano de vida e fico pensando quantos desses meus capítulos (anos vividos) foram escritos por mim e quantos foram escritos por Deus. Pior, questiono-me quantos capítulos eu deixei que outros (mesmo que sem amor ou sem responsabilidade) escrevessem por mim, deixando-me apenas como revisora do texto e eventualmente como mera leitora ao final da obra, cabendo a mim chorar pelos parágrafos mal conduzidos e pelas frases sem sentido que deixem que fossem incluídas na minha vida inteira.
Não, a minha vida não é exatamente um livro aberto. Não sei fazer isso... no fundo, creio que ela é muito preciosa para que qualquer um chegue e passe a escrever o que quiser assim... sem mais nem menos... não mais. Não quero mais deixar a caneta para escritores passantes que, só por estarem entediados com seus próprios livros, passam por aqui e escrevem baboseiras no meu.
Peço a Deus que me conduza na construção desse roteiro.
Que Ele possa me trazer outros escritores que, conforme o tempo vai passando, vão abrindo partes de seus próprios livros para mim e contribuindo para que o meu livro fique mais bonito ou mais interessante, de modo que em algum momento esses escritores possam também fornecer trechos de suas próprias obras para serem incluídos na minha e vice versa.
Que o Senhor possa sempre me guiar para que eu tenha a responsabilidade de escrever este livro de acordo com o Dele: com amor e alegria, pensando sempre em acrescentar algo de renovador na vida dos meus leitores.
Que Ele me permita ter vários capítulos, mas que eles sejam escritos de modo apaixonado, não apenas contendo repetições "adequadas ao contexto" ou que sejam mais fáceis de inserir porque são mais vendáveis.
Que eu saiba que, independente de quantas vezes eu precisar recomeçar uma página, Ele me conceda a graça de reescrevê-la, arrancando a folha se necessário ou usando uma borracha quando o que foi escrito puder simplesmente ser apagado.
Que Ele permita que o que vale a pena seja marcado como a uma gravação em ouro, não só no meu coração mas no dos que me rodeiam.
Por fim, que essa minha história esteja contida em Seu Livro da Vida e que eu possa ser conhecida, acima de tudo, como uma boa escritora da minha própria história.
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