segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Como é o seu sofá?
Ontem eu tive o privilégio de tomar um longo café da manhã com a minha irmã querida. Ela me mandou uma mensagem pedindo para eu ligar e, como ela mesma diz, como estamos recheados de morbidez (ou seja, muitas vezes só conseguimos pensar no pior) eu achei que tinha acontecido algo ruim, fiquei preocupada e liguei para ela, e descobri que ela estava na padaria do ladinho de casa me convidando para comer e conversar.
Absolutamente tomada pelo sono decidi levantar e seguir. Eu fui porque eu tinha me proposto a me aproximar dela e, considerando isto, entendi que era a oportunidade de deixar de lado o meu conforto para investir um tempo em algo diferente e que, por fim, eu mesma tinha me proposto mas não tenho tido muita condição de realizar. Olha que oportunidade!!! Decidi ir, mesmo que com remela nos olhos ainda (é só uma expressão mas não sei dizer que isso não foi literal também).
Enfim, cheguei lá e vi que ela já estava acordada e comendo contente, aproveitando o dia lindo que estava ontem. Eu mesma demorei um pouco para entrar no ritmo, já que levantar e acordar são dois processos separados que não acontecem necessariamente em paralelo, mas fiquei feliz de vê-la. Então começamos a conversar sobre coisas de nossas vidas e sobre as nossas relações do coração com outros; um assunto meio que habitual para nós.
Um parêntese: essa minha irmã é a mulher que enfrenta coisas terrivelmente complicadas de se lidar no dia-a-dia mas, diferente de outras tantas pessoas, ela lida buscando sempre um sorriso e, embora eu creia que ela não perceba isso, ela enfrenta com muita graça e força de lutar. Definitivamente ela é uma inspiração para mim!
Conversando sobre o que queremos da vida, ela me propos a seguinte figura: a compra de um sofá. Quem nunca passou por isso talvez tenha um pouco de dificuldade de entender mas, quem já mudou de casa algumas vezes na vida como eu e ela já fizemos, sabe o quanto é complicado escolher um sofá que seja realmente bom para a sala, principalmente dependendo da sala em que se quer colocar aquele sofá.
Tem gente (como pessoas que conhecemos) que aceita qualquer tipo de sofá simplesmente porque acha que não merece comprar um novo ou pensa que ganhar é sempre o melhor porque não vale a pena pagar o preço de um sofá na loja, já que é possível angariar um "novo para você" (ou seja, usado por alguém que decidiu descartá-lo gentilmente na sua sala). Nenhum problema existe em aceitar um sofá usado, desde que ele realmente se encaixe na sua sala.
Ok, salas pequenas terão maiores dificuldades de encaixar qualquer tipo de sofá, especialmente os maiores. Salas que não são tão pequenas mas são cheias de voltas, curvas ou quebras também são bem complicadas de encaixar praticamente qualquer coisa. Mas, a maioria das salas é quadrada ou retangular e poderia muito bem acomodar um sofazinho a contento do seu dono.
O ponto aqui é que, ganho ou comprado, não deveríamos aceitar qualquer sofá. Não é porque não podemos (ou não achamos que podemos) comprar um novo que devemos aceitar um sofá doado em qualquer estado ou de qualquer tamanho, cor ou tecido. Já pensou: você tem uma família grande e precisa de um sofá de três lugares mas a pessoa que pode te dar um sofá só pode te dar um sofá de dois lugares... e aí, quando você vai sentar-se na sala com seus filhos alguém terá que inevitavelmente sentar-se no chão ou puxar um banquinho ou até um puff... não faz sentido! É importante que o seu sofá caiba todas as pessoas da sua casa para que ninguém fique de fora com a nova aquisição.
Outra situação é aquela em que o sofá é branquinho, de tecido macio e gostoso mas você tem em casa um cachorro arteiro que na primeira semana vai inevitavelmente subir no seu sofá e deixá-lo com marcas que nunca mais sairão, estragando-o assim logo na chegada. Ou então, você tem crianças pequenas que, como toda criança saudável, curte fazer desenhos (às vezes em locais um tanto inadequados) ou ainda gostam de comer chocolate ou sorvete e, adivinha? Vão emporcalhar o seu sofá branquíssimo e lindão e você, ao invés de ter um sofá bonito, terá apenas mais um objeto decorativo para dar trabalho, causar estresse ou ainda ficar te envergonhando porque você simplesmente não consegue mantê-lo branco... porque ELE é inadequado.
Mais um outro caso é aquele em que o tamanho está certo, o tecido é ótimo mas ele simplesmente não combina com a sala, ou então você absolutamente odeia a cor (pausa: aqui eu falo da cor do sofá, em absoluto me refiro à cor de pele de alguém). Então, todos os dias, você passa pelo seu sofá, deita nele, curte assistir televisão ali com a família mas não suporta vê-lo e fica tentando disfarçar aquela cor que você acha detestável com paninhos que insistem em cair quando alguém senta; é inútil ficar fingindo que aquilo não incomoda: é melhor pensar nessas coisas antes de escolher o seu sofá.
Ou seja, ao escolher um sofá, a pessoa precisa primeiro medir a sala, pensar em quem são os frequentadores da sua casa e como eles se comportam, olhar a decoração, entender quais cores ornam mais com o que já se tem ali, qual é o tamanho que atenderá aos moradores daquela casa e qual é o tecido que ao mesmo tempo não dará tanto trabalho mas garantirá o conforto da família. Então, escolher o sofá não é simplesmente aceitar qualquer sofá usado de um amigo e muito menos entrar em uma loja, olhar o primeiro objeto que encontrar pela frente e levá-lo para casa.
Mas então, se com o sofá a gente tem esse cuidado todo (ou deveria), por que isso é tão difícil de fazer com as minhas relações do coração? E por que as pessoas não entendem que é legítimo escolher que as nossas relações sejam aderentes à nossa realidade? Parece que ao escolhermos aquilo que nos é mais adequado, mais saudável ou mais importante estamos sendo arrogantes, petulantes ou ainda inadequados...
Quero ser livre como Jesus me fez livre quando me salvou. Quero poder fazer as escolhas que vejo que fazem sentido, especialmente considerando aquilo que Ele me mostra como saudáveis, boas, perfeitas e agradáveis sem me sentir ridícula ou culpada por fazer algo que é considerado tão proibitivo que parece que estou roubando de alguém ou pedindo a doação de um rim (ou que alguém seja meu fiador em um aluguel, o que hoje em dia é mais mal visto do que o pedido do rim).
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