Deixe sua opinião e apresente a Palavra

Eu sempre tive muita opinião sobre tudo. Sempre fui ensinada a pensar, questionar, procurar um novo sentido em cada uma das coisas, a buscar a visão de "fora da caixa" ou ainda sair do paradigma e entender de outra forma. Ou pelo menos entender de uma forma que fizesse sentido e pudesse convencer outros. E aprendi a sempre dar a minha opinião quando eu entendia que faria sentido. E eu aprendi que a minha opinião (na minha visão) fazia sentido quase sempre.

Desde que aprendi a dar a minha opinião, eu venho adotando essa prática para tudo, especialmente porque com o tempo aprendi a escolher quando a minha opinião corre o risco de abalar a minha reputação ou não. O problema é que a minha reputação nunca foi exatamente de conservadorismo ou obediência e então dar a minha opinião quase sempre ajudava nessa reputação que eu havia construído.

Então, um belo dia, eu decidi que deixaria Jesus morar no meu coração, ao invés de só ficar o visitando. É claro que Jesus pode até vir aqui mas, morar mesmo, exige que a gente permita a Ele fazer as alterações que O agradem. É como quando compramos uma casa: queremos que ela tenha aquilo que nos agrada e normalmente isso contém apenas o que julgamos ser o melhor.

Só que quando permiti que Jesus entrasse e morasse aqui eu dei a Ele a chave de muitas coisas na minha vida e uma delas foi a que abria a porta do meu cômodo dos paradigmas. Justo eu que sempre procurei quebrá-los passei então a ver que eu mesma tinha construído vários e que eles precisavam ser mudados.

Veja, a explicação é simples: uma pessoa que sempre tem uma opinião formada é uma pessoa que sempre tem também uma preferência e portanto uma justificativa para o que não quer fazer. O pior é que muito frequentemente  a justificativa é bastante convincente e permite que o seu detentor convença quase a totalidade das pessoas. Mas isso simplesmente não funciona com Deus.

Em um passado recente Ele me contou que as Suas orientações são sempre o melhor para mim. E então eu, que sempre fui desconfiada com opiniões diferentes das minhas, passei a dar o benefício da dúvida para Ele e aceitar as oportunidades que Ele foi colocando em minha vida para que eu pudesse testar esse novo conceito e ser convencida por Ele.

Provavelmente quem leu o texto até aqui ficou com a impressão de que sou extremamente arrogante. Bom, essa seria a impressão que eu teria ao ler algo desse tipo... alguém simplesmente "dando a oportunidade" para Deus... que inversão de papéis quase blasfêmica, mas hoje eu vejo que, de uma forma ou de outra, todos os seres humanos, quando decidem sem Deus, fazem o mesmo que eu. Então, posso continuar o meu relato tranquila de que não sou a única e que o meu caro leitor certamente me compreende.

Quando eu decidi testar esse novo conceito, Ele colocou em minha vida um líder que, de imediato, eu achei mesmo que fosse ser mais um aluno do que um professor para mim. Sim, eu sei, de novo a arrogância de que a minha opinião é melhor. Mas, entenda, era só o que eu sabia.

Um dia, conversando com esse líder, ele disse para mim que antes de tudo eu precisava deixar de lado a minha opinião e começar a apresentar a palavra de Deus. Eu fiquei bem confusa mas intrigada e no fundo ansiosa para fazer o primeiro teste de como seria. Mas, a primeira experiência, embora poderosa, não foi tão fácil assim de assumir.

O primeiro teste aconteceu quando a igreja local propos que cada célula promovesse um evento evangelístico de dia inteiro na casa de alguém. Já tínhamos feito isso antes mas dessa vez estávamos no meio de vários acontecimentos e estávamos em tamanha correria que eu sinceramente duvidei que isso pudesse dar certo. E mais, o evento seria no domingo e eu não via ninguém conseguindo arranjar convidados.

Foi nesse momento que o meu líder pediu para que eu organizasse a cozinha. Eu fiquei feliz (embora com medo porque eu mal cozinho arroz e ovo) mas meio frustrada porque não tínhamos convidados e então o evento não aconteceria. E chegamos a falar sobre essa possibilidade e eu achei mesmo que seria essa a decisão final.

Só que, de repente, veio o primeiro "tapa": tivemos quatro convidados e o evento flui de modo absolutamente inacreditável. Nós que somos uma célula que frequentemente se atrasa com os horários conseguimos fazer todas as atividades nos horários previstos e com excelência, mesmo contando com imprevistos que foram devidamente contornados. Tivemos uma equipe o dia todo intercedendo e todos nós fizemos parte hora ou outra dela e veio o segundo "tapa": vi pessoas que mal falavam até ali orando e intercedendo com uma ousadia que eu fiquei envergonhada por não ser igual.

Uns dias depois, tivemos outro evento parecido com esse mas que consumiria poucas horas. E neste evento este líder dividiu as tarefas de um modo que eu não concordei. Aliás, serei sincera: achei um absurdo. E falei para ele, o que levou a termos uma discussão por email bastante respeitosa mas bem difícil. E eu decidi aceitar o novo teste. Mas disse a ele que esperava de verdade, para o bem de todos, estar errada porque sinceramente eu não queria ver as pessoas sofrendo como eu achava que sofreriam. E inacreditavelmente funcionou de novo.

Então, eu passei a por em prática o que ele me disse e um ou dois dias depois eu pude ouvir um amigo falando sobre uma situação em que ele ficou feliz de aconselhar uma terceira pessoa. E enquanto eu ouvia, fiquei pensando que estava tudo errado, não por conta da intenção do coração do meu amigo, mas porque ele simplesmente tinha dado a sua opinião e não a palavra de Deus. E expus isso. E meu amigo, assim como eu, ficou cismado mas parou para ouvir.

Eu não sei se esse amigo teve a oportunidade que eu tive de colocar em prática esse conselho que ouvi do meu líder. Só sei que todas as vezes em que o meu líder colocou esse seu conselho em prática comigo funcionou; e que todas as vezes em que eu coloquei em prática dali em diante comigo mesma ou com alguém, funcionou também, e mais rápido e correto do que eu poderia imaginar.

E com tudo isso eu vejo hoje o quanto Deus tem me amado: através dos meus líderes, do meu pastor, dos meus irmãos, dos meus amigos e até das pessoas que circulam ao meu redor. Através delas Deus tem mudado o meu caminho, o meu coração e com essa dica, Deus, através desse líder por quem passei a ter profunda admiração pelo seu coração sábio e amoroso, mudou a minha vida. E eu espero que em algum nível, o meu testemunho também mude a sua.