terça-feira, 16 de abril de 2013

"Imitando" o "imitador" de Cristo


Hoje no curso de liderança cristã falamos sobre evangelismo. Claro, o primeiro exemplo que foi citado é daquele tipo de evangelista que, enfrentando multidões, coloca-se de pé em cima de um banquinho no meio da praça (ou no meio do metrô dispensando o aparato) e começa a gritar coisas apocalípticas (não necessariamente escritas no livro de Apocalipse mas em tom de urgência e gravidade sobre o pecado alheio e o fim dos tempos). E depois falamos sobre os diversos tipos de evangelistas que podem existir, cada um a seu estilo.

Mas, voltando ao "bom de garganta", esse é um cara que sempre mereceu pelo menos um pouco do meu respeito. Digo isso porque estou nessa vida cristã faz uns vinte anos e posso dizer que mesmo não fazendo parte da igreja diretamente, a minha vida sempre foi permeada por cristãos e, desde que me entendo por gente, vejo essas pessoas e esse era o primeiro e mais claro exemplo de evangelista que eu conhecia. E, confesso, sempre me chamou atenção.

Imagina só uma pessoa qualquer que tem uma reputação construída durante os anos de sua vida, de repente, abre mão dela e sai pelas ruas e praças da cidade anunciando a volta de Jesus. É ou não é no mínimo um ato corajoso?

Confesso que, quando aos treze anos, tive a certeza do meu chamado missionário, fiquei apavorada porque a primeira coisa que me passou pela cabeça foi escolher qual era o tipo de banquinho que eu usaria e em qual praça eu passaria a pregar. E, novamente, assumo que foi absolutamente assustador. E pior, eu que sempre tive opinião para tudo e muito orgulho, precisaria deixar essas coisas de lado para tomar essa postura que sinceramente sempre me assustou.

Com o passar do tempo, tive a certeza de que aquilo não era para mim. O meu estilo é outro, a minha vida nunca foi assim, e por sinal, eu quase não circulo por lugares como as praças que esses homens pregam. Tudo bem que na verdade depois me deu certo alívio porque de certa forma manteria o meu anonimato... que ridículo, não? Eu estaria fazendo aquilo da pior forma possível: gritando palavras de hipocrisia, já que eu mesma teria vergonha de fazer aquilo tudo.

Então, comecei a me sentir deslocada e fiquei em dúvida sobre o que de fato Deus queria de mim, já que eu sabia que nunca chegaria ao ponto (bom, pelo menos hoje em dia eu ainda acho isso) de fazer esse tipo de pronunciamento. Como eu só conhecia isso, fiquei confusa.

Depois, eu conheci uma missionária que gritava loucamente para pregar, mas essa o fazia dentro dos templos das igrejas. Ok, era muito melhor do que gritar em praças mas ainda tinha todo um lance que eu não conseguia entender sobre fazer barulho e declarações efervescentes... não parecia fazer sentido para mim. Eu já me sentia um pouco mais conformada com aquele papel no futuro mas ainda não era exatamente o que eu me via fazendo.

Com o passar do tempo, fui me envolvendo em outras coisas, inclusive fora da fé. E esse sonho missionário foi sendo deixado de lado (pelo menos por mim, já que em algum momento eu passei a acreditar que ele nunca se realizaria) até que o meu chamado virou apenas uma sensação da adolescência. E por lá ficou.

Quando eu voltei para a fé, ainda não entendia bem como isso poderia acontecer mas comecei a considerar que talvez não estivesse tudo perdido. E mais: comecei a conhecer e fazer amizade com homens e mulheres de Deus que, a seu modo, são tremendos evangelistas e nunca nessa vida subiram em um banquinho para gritar, muito menos no meio de uma praça.

E hoje, ao ouvir a descrição de cada um dos tipos, pude reconhecer algumas pessoas com quem tenho o prazer de conviver. E tive uma surpresa: eu me reconheci em um desses estilos. Tudo bem que, de acordo com o professor, o meu estilo é muito mais parecido com o do apóstolo Paulo (por favor, entenda que não faço essa comparação por pretensão mas por pura identificação e, quem sabe, esperança de um dia chegar aos pés desse grande homem a serviço de Deus) que era racional, argumentador e de grande posicionamento.

Eu não sei dizer se Paulo subiu em algum banquinho para pregar. Para falar a verdade, ele me parecia muito mais comedido com relação a isso e, pelo que me parece, ele mais mentoreava do que gritava para as multidões (muito embora ele deva ter feito isso vez ou outra). E mais, ele orientava os povos que tinha visitado do jeito mais silencioso e mais gritante ao mesmo tempo: escrevendo.

Depois dessa descoberta, senti-me honrada com aquilo que o Senhor tem permitido acontecer em minha vida. E mais, sinto que esta é uma forma de alcançar, assim como Paulo, nações... sendo quem eu sou, sem subir em banquinhos e ao mesmo tempo gritando para todo mundo ouvir aquilo que é o mais importante: o amor de Cristo.

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