terça-feira, 9 de abril de 2013
Inspiração é como maná no deserto
Acabei de abrir o blog para postar algo novo e reparei quanto tempo faz que não posto nada... já faz dez dias e, para quem vê de fora, parece bem pouco mas, para mim, é realmente muita coisa.
Diferente do que podem pensar os mais engraçadinhos (eu conheço uma porção deles), o meu espanto e incômodo com o tempo que se passou sem uma nova postagem não é porque gosto de escrever apenas ou porque curto contar histórias e dez dias é um tempo longo demais. O meu incômodo é que, como este blog tem por objetivo registrar boas coisas que Deus tem me permitido ver e viver, é uma injustiça deixar de registrar algo por um período tão longo, especialmente em um tempo em que tem acontecido tantas coisas...
Do último post para cá passamos, por exemplo, pela Páscoa. E com ela, passei por algumas experiências um tanto quanto especiais. Passei também por momentos difíceis mas que foram, por assim dizer, muito didáticos. Tive a oportunidade de experimentar sentimentos que eu nem imaginava que pudesse sentir algum dia; pude entender as coisas de uma forma que eu não podia compreender; vi as coisas com uma clareza que sinceramente me assustou, muito embora tenha sido o momento mais importante para ver como as coisas funcionam porque essa nova visão me permitiu seguir em frente sem me desesperar com as circunstâncias.
O que me incomoda com tudo isso é que as coisas que escrevo são como o maná que Deus mandava ao povo judeu quando este estava no deserto com Moisés: só servem para aquele mesmo dia. O maná que caía do céu era apenas para um dia e a instrução era clara: o povo deveria pegar apenas o que era suficiente para o consumo naquelas próximas horas. Não adiantava tentar estocar porque o tal maná estragava e não era possível consumi-lo no dia posterior. Ou seja, seu esforço de estocar era em vão.
Assim como o maná, tudo o que sinto, vejo, experimento e tenho vontade de escrever acaba "apodrecendo" no dia seguinte. Não que a experiência se perca. Em absoluto: de fato o que Deus marca em meu coração permanece mas parece que o brilho experimentado no momento vai se apagando e o relato já não é mais tão fiel ao que eu vivi naquela ocasião.
Então, fico com aquela sensação de ter perdido tanto, mesmo tendo ganho mais do que nunca. De certa forma, é como se, mesmo tendo tomado água, minha boca ficasse seca; ou como se, mesmo tendo comido, a minha barriga não estivesse preenchida. O meu espírito sente e preserva a experiência mas parece que a alma tem memória curta e as coisas são mais bem fixadas quando escrevo sobre elas.
A vantagem é que eu sei como resolver isso: disciplina. Afinal, eu sei como me organizar para que eu possa pelo menos uma vez ao dia sentar para escrever. Não é tão difícil assim, especialmente para quem trabalha em frente ao computador e com ele o dia todo. Além do mais, é também repriorizar esta atividade porque o que eu já me organizei para fazer consigo manter diariamente sem problema nenhum.
A ordem do dia então é impedir que essas memórias sejam desperdiçadas com a minha correria. O objetivo é manter o meu espírito aquecido (e os meus dedos também) com o registro daquilo que Deus tem me dado o privilégio de conhecer, experimentar e viver. O ganho é saber que estarei, ao meu modo, mais perto de Deus e transformando desenhos feitos à lápis em desenhos feitos à tinta na pele, como tatuagens que deixam marcas para sempre.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário