segunda-feira, 20 de maio de 2013

Perdendo e achando o rumo


Neste final de semana pude vivenciar tantas coisas que fica até complicado descrevê-las todas ou comentar sobre cada uma delas. Creio que, à medida do possível, nesta semana vou comentando e colocando em palavras aquilo que o Senhor plantou em meu coração, mente e espírito através destes últimos dias.

Em ordem cronológica, sexta-feira passada eu fui a uma conferência cristã. Confesso que um dos motivos principais para eu ter me inscrito neste evento foram as bandas gospel que estariam ali responsáveis pelos períodos de louvor. Eram cinco bandas sendo três bandas bastante famosas no cenário musical do nosso país. E eu, que gosto muito de suas canções, estava mesmo animada para participar desse final de semana.

Mas, assim que fiz a escolha de ir a este evento, percebi que algo diferente aconteceria: de fato eu iria só. Isso porque o evento não foi na minha cidade e por conta disso, o custo de participar aumentava, já que além da entrada foi necessário pagar hospedagem e, só por conta disso, vários de meus irmãozinhos da igreja já estariam automaticamente excluídos (pura falta de condições). Outra questão é que, como foi um final de semana inteiro e a igreja em que estou inserida tem as suas próprias programações, de fato esse evento concorreria com aquilo que já estava programado e as pessoas acabariam optando pela comunidade local. E assim, cada uma das pessoas que eu queria que fosse comigo acabou tendo um motivo justo e legítimo para não ir e eu fui só.

Desta vez, como eu não queria pegar estrada de noite sozinha para um canto que eu não conheço (afinal, esta seria a quarta vez em que dirigiria em estradas), eu decidi sair o mais rápido possível do escritório ao final do dia para não correr riscos. E foi absolutamente inútil! Para começar, o GPS (aquele bendito de novo) não localizou a saída para a avenida principal que eu pretendia pegar e me colocou na tal avenida (depois de rodar um tanto) do lado oposto. Por causa disso, já eram quase seis da tarde e o trânsito estava começando a saturar. Dei uma volta gigante dentro da cidade para sair onde eu queria para então pegar outra grande avenida e depois a rodovia. Mas quando cheguei no caminho para esta segunda avenida, enfrentei mais trânsito: obras fechavam parte considerável da pista e os vários carros se amontoavam em uma fileira quase que interminável.

Chegando na tal avenida, era hora de pegar a saída certa para a estrada. E claro, a tal saída era pequena e em uma via de acesso rápido e com o GPS (de novo) dando uma indicação desatualizada, eu perdi a tal alça de acesso. E quase comecei a chorar. Lembrei-me de uma vez em que decidi ir a uma cidade vizinha cujo percurso eu demoraria cerca de cinquenta minutos e acabei nesta mesma empreitada demorando quatro horas. E me deu uma tristeza porque na hora pensei que tinha tomado a decisão errada de ir sozinha e já me vi rodando horas a fio de noite e pensei em ir para casa.

Quando comecei a querer chorar, lembrei-me que nessas horas (especialmente em uma avenida de alta velocidade) a gente tem que ser prático. Chorar significaria parar e abraçar a minha condição de "vítima" da situação ou do meu próprio despreparo, ou ainda das escolhas que fiz como estar sozinha naquele momento. E, de verdade, parar no meio daquela avenida era algo absoluta e completamente fora de cogitação. Então, ouvi uma voz que me disse: "Não te dei espírito de covardia. Não desista!" e eu então resolvi engolir o choro de vez, parar de reclamar comigo e com Deus e agradeci porque cri que aquele era o melhor Dele para mim naquele momento. E cai em uma avenida cujo nome eu reconheci.

Quando cai nessa avenida, tive um misto de sensações: a primeira foi o pensamento de que eu estava longe porque conheço pouco esta região mas é a região em que meu pai mora (e ele mora longe); a segunda foi que, como meu pai mora por lá, ele poderia me ajudar. E não deu outra: toca eu ligar para ele para pedir ajuda depois de duas horas rodando na cidade (exato: duas horas... nesse tempo eu já deveria ter chegado ao local do evento, achado o meu quarto e arrumado a cama). Liguei e pedi ajuda. Ali, o maior esforço foi manter a calma para conseguir passar referências identificáveis de onde eu estava (para ele, óbvio, porque para mim todas as ruas e esquinas são absolutamente iguais, já que eu não conheço nenhuma) para que ele pudesse me ajudar. E claro, sem parar de andar porque não tinha um canto onde eu pudesse encostar o carro.

Ele (com sua esposa ao lado, que por sinal acho que foi a maior responsável pelo serviço de localização à distância... fui muito grata a Deus pela vida dela naquele momento), foi me ajudando a chegar na entrada de novo daquela rodovia, só que por um lado acho que um pouco diferente. Não sei bem como eu segui o que ele disse e cheguei na estrada. Liguei novamente e agradeci.

Comecei então a dirigir tentando abstrair o cansaço, a dor no pescoço e no ombro e a sensação de incompetência por não ter conseguido fazer aquilo no tempo previsto. E continuei em frente.

Por ter chegado na estrada comecei a relaxar. A estrada tem pistas amplas e bem cuidadas (sim, o valor do pedágio serve para algo) e em pouco tempo notei que minha vista começou a embaçar e um sono impressionante veio tomando conta de mim, de modo que eu já estava começando a ter dificuldades de enxergar certas coisas. Mas eu não estava com sono, isso eu tinha certeza... bom, naquele momento eu já tinha dúvidas então, para não causar um acidente, decidi parar e tomar um café no primeiro posto que vi. Afinal, mais importante do que chegar na hora à qualquer custo é chegar o mais cedo possível em segurança.

Estacionei, comi e tomei um café (e comprei um chiclete que me doeu até as narinas quando masquei mas foi extremamente útil porque não dormi) e segui viagem. Coloquei um som agitado e alto e fui dirigindo e cantando (e prestando atenção para não perder de novo o rumo, desta vez na saída da estrada de noite).

Ainda estava indignada porque não entendia como aquelas quatro horas de viagem (que deveriam ser menos de duas) eram o melhor de Deus para mim mas, segui em frente agradecendo e crendo. E em um determinado momento eu entendi que Deus estava me dizendo que de fato não devo viver sozinha porque ninguém foi feito para viver só, mas também não devo pensar que a minha dependência vem de pessoas porque quem me sustenta é Ele. E isso me confortou e eu curti o restante da ida pela estrada.

Quando chegou a tal saída 114 eu deveria pegá-la (tomando o cuidado de sair da rodovia antes da ponte e não depois) e, ao subir, deveria atravessar pela ponte a rodovia e pegar para a direita. Não tinha como errar: eu tinha visto o mapa diversas vezes e sabia como seria. Saí no lugar certo, subi e quando vi ao invés de entrar à esquerda para cruzar a rodovia eu estava indo adiante para um retorno qualquer. E lembrei, e dei ré (pois é... eu dei ré à noite no escuro para voltar ao rumo) e segui sem erros até o lugar.

Depois com calma, analisando bem a situação, cheguei à conclusão de que no fim eu sabia ir desde a saída do escritório; vi que não tinha como errar. E vi também que Deus permitiu que tudo isso acontecesse para que eu notasse que:

1) Não podemos desistir daquilo que Ele nos concede ou nos manda fazer;
2) Devemos contar com a ajuda de pessoas, mas sempre daquelas que Ele separa para nos auxiliar naquele momento (na ocasião foi o meu querido pai e sua esposa);
3) Ele nunca te deixa só: mesmo quando me senti sozinha Ele falou comigo confirmando que estava ali;
4) Eu sabia o caminho e estava com Ele... então, o que me impediu de fazer o trajeto sem erros foi a minha insegurança, já que eu havia me planejado para aquela ocasião;
5) Agradecer mantém o foco no que virá; reclamar mantém o foco no que já passou e não podemos alterar mais.

Sim, continuei sentindo falta de algumas pessoas ali durante todo o final de semana. Mas entendi que tem certas coisas que a gente enfrenta sozinho mesmo. Aliás, sozinho não... na melhor companhia de todas: a Dele.

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