Perder para ganhar

Faz uns dias eu tive um feedback dos meus gestores onde trabalho e claro, contou com pontos positivos e pontos a melhorar. Nos pontos fortes foram destacadas coisas como pró-atividade, iniciativa e entusiasmo e nos pontos a melhorar foram destacadas a minha postura e a minha relação com outras áreas.

De imediato, posso dizer que os pontos fortes me surpreenderam, especialmente a questão do entusiasmo... eu fiquei até me questionando sobre o que exatamente eu teria feito que demonstrou tanto entusiasmo ao ponto de ter sido um destaque positivo (afinal, eu não vejo isso, mas tudo bem). Pró-atividade e iniciativa, que foram destacados como pontos positivos, no dia de hoje eu fico em dúvida se é realmente algo bom porque, sinceramente, embora no discurso isso possa ser bem visto, na prática incomoda muita gente.

Quanto à questão da postura, foi-me apontado que eu preciso ser mais "profissional" com determinadas pessoas, considerando que eu não posso me irritar e mesmo quando me irrito devo manter a cordialidade. Para mim isso seria uma tremenda hipocrisia se eu fingisse que nada aconteceu e sinceramente vai contra tudo o que eu tenho ouvido e entendido sobre o exemplo de Jesus. Só que depois, pensando bem, cheguei à conclusão de que, de fato, preciso me irar com o fato mas não posso maltratar a pessoa. Sendo assim, falta amor com a pessoa com que estou lidando e isso precisa ser resolvido urgentemente.

Neste momento eu me sinto uma idiota de novo... por conta de uma questão de conceito de processos internos eu acabei entrando em um embate com o meu gestor direto e afirmando que, mesmo não concordando, eu faria o que ele estava me orientando. Só que aparentemente ele não gostou de eu ter dito que não concordo e colocado os meus motivos porque ele achou que eu coloquei uma situação muito específica e que eu estava forçando uma situação para ganhar a discussão. E fiquei com essa sensação porque, em um dado momento, ele virou e disse: "Então... menos!". E eu então disse que ele me convenceu e deixei de lado a discussão.

Eu me senti extremamente ofendida porque não sou criança e não concordo que eu precise ser educada e gentil e ao mesmo tempo possa ser tratada desta forma. De qualquer modo, refletindo mais, e considerando que estou aqui para melhorar as coisas, talvez de fato o erro seja meu, simplesmente por ter entrado em um embate que, no fim, não tinha motivos para prosseguir.

E aí eu lembrei de novo o que ouvi no meu feedback: preciso aprender a perder, simplesmente por perder. De acordo com o meu gestor às vezes eu preciso só perder para a pessoa parar de querer ganhar de mim e com isso eu ganhar espaço com ela. E eu sei que ele tem razão. E eu acho até que faço mais isso do que antes, mas não sei ainda a medida. E de verdade, a minha vontade é simplesmente não opinar sobre mais nada e deixar que as coisas aconteçam por si só. Mas, também vai contra o que eu sou, e sei que só consigo fazer isso por um tempo.

Como resolver isso? Como saber quando abrir mão e quando insistir? Porque mesmo quando sou educada e respeito as autoridades parece que só porque eu coloquei que discordo já é errado... Talvez seja o momento de fazer isso, talvez seja o local, talvez seja a forma (muito embora neste caso eu duvide disso)...

No fim das contas, tudo se resume ao fato de que eu mesma cobro e espero de outros amor como eu entendo que deveria ser mas não sei amar assim. O texto que expressa mais completamente o que acredito é o de 1 Coríntios 13:4-8, em que Paulo define o amor assim:

"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá"

Ou seja, a única coisa que importa é o amor, porque no fim de tudo, é o que permanece. E sim, o amor sempre "perde". Então, o meu clamor é que Deus me ensine a perder as questões... só assim posso ganhar as pessoas.