Uma vez eu ouvi uma pregação em que o pastor dizia que Deus, quando faz uma promessa, não precisa da ajuda de ninguém. Inclusive, às vezes, a gente tenta ajudar e acaba até atrapalhando.
No caso daquela mensagem, o exemplo usado foi o de Abraão e Sara, em que Deus deu uma promessa para eles de que teriam um filho e os anos foram se passando e aparentemente nada acontecia. Num dado momento (por volta de dez anos depois da promessa lançada) Sara ficou preocupada, desanimada e achou que tinha entendido errado e decidiu ajudar, sugerindo ao seu marido que então fizesse o tal filho da promessa com sua serva Hagar (o que era lícito e comum na cultura e na época). E Abraão, se achando mesmo na posição de ter que tomar uma atitude, decide aceitar o conselho de sua esposa e faz o tal filho, trazendo à vida então Ismael.
Até aí, a história é tão conhecida que é quase um clichê cristão. Mas, o que me chamou atenção nessa pregação é que o pastor disse que, imaginando como seria um diálogo de Deus com Abraão, Ele dizia: "Meu filho, não seja tolo! Por que raios eu precisaria da sua ajuda para fazer algo que Eu mesmo prometi? De onde foi que você tirou a ideia de que você tinha que resolver uma coisa que Eu disse que farei?" e aí o comentário do pastor foi: "Acho que Deus (que Ele me perdoe) teve vontade até de arrancar as partes de Abraão para ele entender que mesmo ele sendo eunuco Deus faria o que prometeu". E eu achei aquilo tão ousado... mas não tinha vivido ainda.
Na semana retrasada, fui para a célula. E ela acontece na casa de uma família cuja mãe tem diabetes e quase morreu por conta da doença no ano passado. Ela sobreviveu para a glória do Pai com seu testemunho mas perdeu parte de seu pé esquerdo. E de lá para cá vem acontecendo uma recuperação que obviamente parece muito mais lenta do que gostaríamos. E claro, a nossa ansiedade é que ela volte a andar o quanto antes. Mas para isso era necessário que ela pudesse fazer fisioterapia. E para a fisio, ela precisava de uma palmilha especial para uso diário, de modo que ela pudesse apoiar o pé no chão.
Eu particularmente nunca tinha ouvido falar do tal especialista que faz a receita da palmilha (por sinal, nunca imaginei que palmilhas ortopédicas necessitassem de moldes como aparelhos dentários ou dentaduras) mas senti no meu coração de dar uma palavra de ânimo para ela e dizer que ela não deveria perder a fé porque naquela semana Deus moveria e as coisas andariam. Ou seja, que naquela semana teríamos novidades.
Eu cri que aquela era uma palavra de Deus mas como Sara resolvi ajudar. Então, tentei guardar o nome da especialidade do médico porque como o maior problema era que havia meses que estávamos esperando pela consulta com esse médico, eu procuraria um médico especialista que pudesse atendê-la, mesmo que eu tivesse que pagar para isso.
Curiosamente, eu que tenho uma memória considerável para uma quantidade absurda de detalhes irrelevantes, me esqueci do nome da tal especialidade. Mas fiquei tranquila porque sabia que a minha irmã teria contato com ortopedistas de referência na sexta-feira e isso me daria tempo de perguntar de novo do especialista para a filha da mulher à espera do milagre. E adivinha o que aconteceu? Esqueci de falar com ela de novo.
Bom, eu lembrei disso quando cheguei na célula no sábado. Fiquei meio triste mas não tinha jeito, já que eu já tinha esquecido mesmo. Poderia então pedir o nome do especialista para ela e pronto. Mas quando eu cheguei ela não estava em casa porque ela e sua filha tinham ido a uma festa de aniversário. E quando voltaram, lá estava ela com o seu novo sapatinho, depois de quase um ano, e com a tal palmilha provisória que o especialista havia receitado.
E então me lembrei do pastor e entendi que Deus me fez esquecer do nome do especialista. Na verdade, as únicas coisas que Deus me pediu para fazer foram ser boca Dele para aumentar a fé dela e crer. E mais nada. E eu, investida do espírito de Sara, resolvi que ia ajudar. Mas claro, ia mesmo era atrapalhar. E Deus me fez esquecer para provar que quando Ele tem uma promessa qualquer coisa que queiramos fazer que seja além do que Ele pediu definitivamente atrapalha. E o que atrapalha Ele tira do caminho.
Por fim, lembro-me da passagem em que Jesus fala que não devemos ser pedras de tropeço para nenhum de nossos irmãos. E mais uma vez fiquei grata pela misericórdia de Deus comigo fazendo-me só esquecer, sem mais consequências. E mais uma vez fiquei feliz e grata por ter sido instrumento Dele na palavra de fé e por ter sido testemunha desse que foi um tremendo milagre e mais uma promessa cumprida por Ele.
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