quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Chega de 'Plano B'

Uma das coisas curiosas de voltar à empresa na qual trabalhei por sete meses e da qual saí há pouco mais de um ano é olhar o que aconteceu em volta: ver quem saiu, quem ficou e o que aconteceu com cada uma delas.

Das pessoas que saíram, algumas eu mantive contato ou soube onde estão (inclusive uma delas foi administrar os firewalls da Igreja Universal e o povo ficou fazendo graça dizendo que essa pessoa estava protegendo o site dos ataques do maligno... kkkk...), e outras simplesmente sumiram. Mas, definitivamente, das que ficaram é que parecem vir as maiores surpresas.

Quando estava aqui comecei a bater papo com uma mulher de tanto encontrar com ela no banheiro e na copa da empresa. Parecia que marcávamos sempre de nos encontrarmos e era só irmos a um ou outro dos lugares e pronto: a gente se encontrava. Por conta disso, começamos a conversar amenidades, até que passamos a trocar mesmo ideias sobre coisas pessoais e coisas do coração. Na ocasião, ela, que já foi casada como eu, sofria de mágoas relacionadas à situações mal curadas e uma tremenda insegurança com os homens travestida de indiferença em seus namoricos ou "ficadinhas na balada". Com quase quarenta anos, ela estava fazendo a escolha de ficar só por medo de encarar o que de fato a magoou e abrir-se para a cura.

Mas, quando eu estava quase indo embora, ela conheceu um homem que, pelo que me contou, era um cara muito bacana e passou a gostar mesmo dela. E engraçado: ela passou a gostar dele também. E aos poucos foi deixando de ter medo disso.

Hoje a encontrei de novo na copa (claro!) e começamos a conversar. E eu perguntei a ela como estavam as coisas e ela me contou que ainda está com aquele homem e que está grávida dele. E eu fiquei meio em choque. Engraçado como eu senti provavelmente com muita empatia o que ela sentiu quando confirmou a notícia que depois de treze anos estava grávida novamente (o filho dela tem doze anos). E fiquei a pensar...

Sabe, há pouco tempo atrás era eu quem passava por essa dúvida. Era eu quem estava com medo de estar grávida de um homem que eu sabia que não era para mim mas que, por estar cansada de esperar pelo plano 'A' de Deus para mim, acabava aceitando gastar meu tempo. E quando eu vi essa mulher passando por aquilo que provavelmente eu passaria, de verdade, fiquei bem chocada (essa é realmente a palavra). Fiquei pensando no quanto ela sofreria, no quanto seria difícil já que ela mora com seu filho e com seus pais e ela me contou que ainda não tinha anunciado a nova criança para ninguém além do próprio homem com quem ela mantém essa relação. E ela não o fez ainda para poder esperar o apartamento dele que está sendo reformado e quando acabar a receberá com o filho e com o bebê. A intenção era fazer com que a notícia fosse mais suave do que a realidade que ela enfrentará. E por isso, está enfrentando praticamente sozinha, já que o homem trabalha constantemente e a vê menos do que ela gostaria. A minha vantagem é que, diferente dela, eu passei só um susto; ela passará uma vida de sofrimento, por mais amor que esse homem possa dar a ela. E isso pelo simples fato de que ela (assim como eu que fui alvo de mais um ato de misericórdia divina) não soube esperar.

Ouvindo esse relato, e ouvindo hoje uma pregação sobre a vida de Abraão e Sara, fico pensando que até os considerados "pais da fé" foram impacientes e se contentaram com algo que não era a vontade de Deus, e portanto, o melhor para eles. Quantas vezes nos colocamos em posição de viver o plano 'B' por pura impaciência ou por acreditarmos em uma mentira, em uma situação colocada em nossas mãos que, no calor da emoção, entendemos errado?

Eu me casei assim: acreditei numa mentira e vivi anos de escravidão. Mesmo assim, Deus me livrou de muito e sempre cuidou de mim. Mas, tenho certeza de que o que vivi nunca foi o plano 'A' de Deus para a minha vida. Em nenhum momento Ele desenhou uma vida com tanto sofrimento para mim e para os envolvidos (incluindo minha filha que é fruto disso). Ele, em Sua infinita misericórdia, permitiu que isso acontecesse e sempre me livrou, mas nunca planejou isso para mim.

Hoje, ouvindo isso e pensando nisso, tenho a certeza de que não tenho mais disposição de viver outros 'planos B' para mim. Não sei o que o futuro me reserva mas, de verdade, quero todos os primeiros sonhos, todas as primeiras ideias, todos os primeiros planos de Deus para mim daqui em diante. E este é o momento de aprender que tudo que é caprichado demora para ficar pronto. Comida de microondas sai rápido mas esfria rápido também e seu sabor quando esfria é muito ruim. Bom mesmo é comida feita à lenha: a gente fica com uma fome danada porque dá trabalho para ficar pronta mas, quando podemos degustá-la, ela sacia, alimenta e nos proporciona um sabor inigualável.

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