Quando acabou o momento de oração, eu me lembro de sair do prédio da igreja e entrar na rua lateral onde sempre paro o meu carro. No caminho encontrei uma moça da igreja que conheço pouco mas converso de vez em quando, um senhor e uma senhora que vejo na igreja mas com quem nunca tinha conversado.
Quando a moça me viu, sugeriu de eu me apressar, já que estava de noite e não é muito prudente uma mulher andar sozinha à noite naquela rua. Eu agradeci e comentei que não havia necessidade de se preocupar, já que o meu carro estava ali adiante. Ela ainda brincou dizendo que eu sou muito chique por ter carro e eu comentei que, morando longe, ele era necessário. Ela então, curiosa, perguntou onde eu moro e eu disse o bairro.
De repente, aquela senhora virou para mim e perguntou: "por que você não dá uma carona para a Lizandra? Ela mora perto de você". Eu pensei por alguns segundos e o raciocínio foi o seguinte: eu meio que sabia que ela morava perto de mim (e longe do prédio da igreja) e sabia que ela não tem carro, mas nunca tinha pensado em dar a ela carona. Animada, voltei para dentro e perguntei a ela onde ela mora e conversamos brevemente. Porque ela ia fazer algo mais, eu decidi ir embora mas disse a ela que a levaria em casa sempre que ela quisesse dali em diante. Ela agradeceu meio sem graça e nos despedimos.
A tal carona demorou ainda umas três semanas mas um dia aconteceu de, ao final do culto, eu oferecer e ela aceitar a ajuda. E fomos conversando no carro. Bom, na verdade eu falei bem mais do que ela, acho que porque ela estava também meio sem jeito (eu ficaria também) mas percebi nela uma moça muito educada e bem diferente do que eu esperava.
E isso aconteceu mais umas duas vezes eu acho. Até que algo aconteceu. A minha mãe tinha ido à África e ficou de voltar ao Brasil em um domingo e eu ia, naturalmente, ao aeroporto buscá-la. Sabendo disso, eu fui ao culto em uma igreja irmã pela manhã para não ficar sem a Palavra e poder ao final do dia buscar a minha mãe sem problemas. Mas, mesmo tendo ido como planejado, durante o dia algo dentro de mim me incomodou profundamente para ir à minha igreja à noite, e por causa da Lizandra. E eu decidi ir.
Fui com a minha filha buscar a minha mãe no aeroporto no horário planejado (o vôo até atrasou um pouquinho mas não foi o suficiente para atrapalhar tudo) e eu até a convidei para ir conosco mas ela não quis. Fomos então à igreja e confesso que naquele dia eu sabia que não estava ali para ouvir a Palavra, já que tinha ouvido a mesma mensagem pela manhã. Então comecei a clamar para que o Espírito Santo guiasse a nossa conversa no carro.
Ao final do culto, fomos em direção ao carro e eu notei que diferente da habitual disposição e ânimo, ela expressava uma pontada de tristeza. E começamos a conversar em outro tom. E ali começamos uma conversa que mudaria a minha vida, talvez a dela e de algumas outras ao nosso redor.
Ontem, na mesma reunião de oração da quarta-feira, eu encontrei aquela senhora que me sugeriu dar a carona e agradeci. Disse a ela que, mesmo sem perceber, ela mudou a minha vida de modo definitivo e agradeci a ela pelo seu coração. E ela começou a chorar e explicou que ela realmente precisava ouvir aquilo ontem porque estava se sentindo inútil na vida com Deus.
Eu ainda não sei onde esse caminho vai nos levar mas posso afirmar algo: se de fato Deus me chama para ser mãe de nações, aquela dica mudou a vida de milhares, dos que serão alcançados por Deus através de mim e dos que serão alcançados através dos meus frutos.
Para mim, o mais curioso é que ela nem imaginava (e com certeza não imagina) a profundidade do que ela promoveu porque eu não dei nenhum detalhe. E tudo surgiu porque ela, mesmo sem me conhecer, incomodou-se e por amor à Lizandra, sugeriu que eu a levasse em casa.
"Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.
Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração."
Jeremias 29:11-13
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