Quando o ano começou, eu tive a oportunidade de começar a conviver com um casal de noivos cuja noiva ganhou (para meu completo desespero) uma aliança de noivado com um diamante. Confesso aqui de jeito bem sem graça que não precisava ser muito esperto para notar que eu a apelidei de "Diamantina" por pura inveja da felicidade dos dois, já que eu mesma não via a mais remota possibilidade de viver algo assim. Explico: eu nunca quis aliança com pedra nenhuma; o que eu queria era a possibilidade de ver que ao menos um homem de caráter e que eu admire na face dessa Terra me desse valor o suficiente para comprar (ou pelo menos querer fazê-lo) para mim um anel daqueles. E claro, ela foi a vítima da minha inveja por algum tempo.
Bom, na primeira vez em que tivemos que efetivamente nos sentar na mesma roda, eu arrepiei até os cabelos. Ela me parecia uma garota mandona, cheia da inteligência e auto-suficiência e ele me parecia um moleque banana. Hum, ok, eu fui bem dura, não é mesmo? Eu sei... mas infelizmente era o que o meu coração permitia que eu visse ali naquele casal. No fundo, duas coisas me irritavam muito: o fato de eu me identificar demais com várias coisas que via nela (e que me irritavam) e o vislumbre de que ela tinha um homem que a valorizava e eu não (o que era um contra-senso porque, se éramos tão parecidas, como ela ganhava anéis com diamante e eu ganhava um fora?).
Percebi então Deus me incomodando e me mostrando o quão ridícula eu estava sendo ali. Ele me lembrou de quando eu fui a um casamento uns dias depois de ter tomado o mais gigantesco "pé na bunda" à vista (sim, porque já tinha sido dispensada lenta e sutilmente em outros relacionamentos) que tomei na vida e que lá eu quase desidratei de chorar reclamando com Deus que eu queria algo como aquele casamento lindo que via à minha frente... lembrou-me também de encontrar a recém casada uns quatro meses depois no banheiro com uma enorme barriga de uma gestação de quase oito meses... lembrou-me do quão ridícula eu me senti quando vi que aquela inveja de meses antes não fazia o menor sentido simplesmente porque, por ignorância, eu desejava para mim algo que eu já tinha vivido e não desejaria para ninguém mais (muito menos para mim mesma novamente).
Com essa lembrança, eu decidi então pedir perdão a Deus e quebrar uma barreira. Na primeira oportunidade eu chamei a moça e pedi perdão. Expliquei que a tinha apelidado e o motivo pelo qual eu tinha feito isso. Expliquei ainda que nada tinha a ver com ela, mas comigo mesma e com aquilo que precisava ser curado dentro de mim e que Deus estava a colocando ali para me dar uma oportunidade de superar algo que há anos me matava. E eu estava escolhendo superar isso.
Curiosamente nunca considerei a possibilidade dela não aceitar as minhas desculpas e nem de eles recusarem a minha amizade (eu não sei como eu teria reagido se estivesse no lugar deles). Eu não sei se eles consideraram essa possibilidade... só sei que naquele dia ela me liberou perdão e começamos a conversar. E, aos poucos, conversamos sobre uma coisa mais trivial, depois outra um pouco mais significativa, depois algo mais pessoal, até que me peguei ouvindo segredos dela uns tempos atrás e pude ver o quanto Deus nos transformou nesse meio tempo.
É verdade que a moça mandona se permitiu ser transformada em numa mulher muito mais dócil, madura e delicada. É verdade também que o rapaz se permitiu ser transformado em um homem responsável que sabe lidar com a maior parte das pressões que advém de sustentar uma família. Mas é verdade também que Deus me transformou em alguém muito mais consciente de quem Ele me faz ser e do que Ele tem para mim; e de que o que Ele tem para a minha vida é meu e é exclusivo, feito sob medida para mim e para mais ninguém. E me fez crer que eu também sou assim para alguém específico e que ocuparei um espaço que não cabe mais ninguém.
No último feriado eles se casaram. E neste dia, eu tive o privilégio de estar lá. Há uns dois meses eu já tinha comprado o vestido e já estava montando o visual para a ocasião. E o fiz porque sabia que, de uma forma ou de outra, esse dia seria mesmo muito especial. No dia, me ofereci para levar uma madrinha e um padrinho e por isso acabamos chegando bem cedo no local (o que foi ótimo porque eu pude sentar-me com minha filha na primeira fileira e acompanhar tudo bem de pertinho). E neste dia Deus me curou em definitivo de algo que precisava ser curado: os sentimentos em relação ao casamento.
Hoje escrevo esse texto para registrar que Deus estava trabalhando no meu coração desde o início do ano, querendo me curar disso e, por algum motivo, eu ainda resistia a Ele. Mas Ele, como um Pai de Amor, continuou insistindo e me guiando de um jeitinho muito especial para que essa página da minha vida fosse definitivamente virada. As mágoas que eu tinha e os sentimentos que eu guardava se foram; sobrou a alegria de ver meus amigos sendo felizes e realizando um sonho e a certeza de que a minha vida segue exatamente o rumo que Deus quer que ela siga e que este é mesmo o melhor para mim.
Se eu quero me casar? Sim, eu quero, mas como aprendi neste ano, não com qualquer um. Nem idade, nem condição física ou financeira, ou ainda condição emocional, justificam uma pessoa para que ela escolha um parceiro como "tampão" para um buraco em sua vida que só Jesus pode fechar de vez. Se eu vou me casar? Eu acredito que sim, e hoje sinto e vejo que está realmente perto esse tempo, mas não porque eu esteja completamente pronta, mas porque eu sei que nunca serei a esposa que meu marido espera sem Deus; e porque sei que nunca terei um marido como desejo sem que ele em primeiro lugar ame e busque agradar a Ele. Se eu tenho pressa? Bom, é sempre uma luta: o corpo pede contato, os pensamentos enganam e as emoções gritam quando eu simplesmente deixo de olhar para Jesus. Se eu desisti de esperar? Não mesmo! E se não acontecer por qualquer motivo? Não importa: hoje posso ir a casamentos, visitar amigos, conhecer pessoas, orar por elas e saber que Deus cuida de mim com tanto amor que, como Ele mesmo me disse uma vez respondendo a uma oração minha através de um colega de trabalho que veio da Índia e é cristão, o que Deus não permitiu ainda foi para que eu não sofresse novamente porque ainda não é tempo.
Agradeço a Deus por todo amor e carinho com que Ele sempre me trata. Agradeço ainda a Ele pelo precioso casal que foi instrumento de cura na minha vida. Agradeço ainda porque eles decidiram orar para que eu me case (tão seriamente que a noiva não jogou o seu buquê: ela me entregou como forma de transferir a unção de Deus para a minha vida, o que eu alegremente aceitei, é claro!). E agradeço porque, de certa forma, sei que ganhei amigos para muitos e muitos anos, e companheiros inestimáveis, e que através dessa experiência outras pessoas serão curadas para a honra e glória de Jesus.
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