Se na quarta-feira Deus concluiu um processo de cura, nela mesma se encarregou de iniciar outro. Enquanto estávamos no casamento, aconteceu de uma pessoa muito querida criar uma situação em que eu e meus filhos fomos atingidos de modo que instantaneamente eu fiquei magoada com ela. E, sem perceber, peguei a isca de satanás, que é a mágoa.
No próprio dia eu já me senti muito mal e reagi a altura à situação: me afastei do lugar para não falar nada pior mas saí batendo o pé ofendidíssima com o que ocorrera. Infelizmente, eu não notei que só estava piorando a situação.
A mágoa perdurou e na quinta eu havia decidido não encontrar mais essa pessoa nem hoje e nem dia nenhum. Decidi isso simplesmente porque comecei a entender que não era bem-vinda nesse contexto e aquilo foi me magoando de modo profundo.
Com o passar das horas, conversei com Deus e comecei a entender que tudo aquilo era na realidade um reflexo de algumas pequenas coisas que eu precisava abrir espaço para Deus ajustar: o sentimento de rejeição e abandono que senti por parte do meu pai na adolescência, o sentimento de inadequação a um padrão que muitas vezes eu vejo que preciso me encaixar mas, por buscar fazer com as minhas próprias forças acabo me esgotando sem resultado prático quase nenhum, e o sentimento de indignação, por ver meus filhos sofrendo algo do qual eu não pude protegê-los.
Orei, conversei com Deus mas, durante o dia, as coisas foram piorando. Ao final do dia, conversei com alguém que me direcionou para Deus e, ao chegar em casa, orei liberando e pedindo perdão, mas principalmente pedindo para que Deus alinhasse os meus sentimentos em relação a isso. Mas, de verdade, orei em fé porque continuei sentindo mágoa.
Na sexta-feira, conversei com meu filho sobre o assunto e ele insistiu que eu perdoasse e pedisse perdão. Expliquei a ele que tinha tentado colocar o que ocorrera e como me sentira por email sem sucesso e que não estava nem um pouco a fim de resolver a coisa toda, muito embora eu já tivesse decidido continuar na célula por causa das pessoas que venho tentando conduzir a Deus, entre elas minha filha. Ele insistiu que eu fosse adiante e fizesse esse pedido por mim, e enfrentasse o medo de ser rejeitada que me assombrava.
Sem um pingo de vontade mas também sem muita escolha, fui lembrada por Deus que quando estamos em desobediência os céus se fecham e Deus resiste a nós quando nós resistimos a Ele; não bastava a oração: eu precisava mesmo enfrentar essa coisa toda. Se não fosse por mim, que fosse pelos meus filhos e por aqueles por quem venho orando. E foi o que decidi: sem vontade, optei por ir adiante e fazer a coisa certa, crendo que estava plantando algo no mundo espiritual para o futuro, criando autoridade para quando eu mesma aconselhasse alguém a enfrentar seus medos e problemas.
Ontem, lá fui eu encarar o fantasma: o que precisava fazer tinha a ver com um ato de quebrantamento da minha parte e obediência para com Deus porque, uma vez que havia decidido não estar mais naquele meio, eu estava rejeitando o propósito de Deus, que foi o que me colocou e me mantém ali até agora. Decidi ainda que resolveria em público algo que eu causei em público: não poderia agora pedir perdão e liberar perdão em secreto, já que algumas pessoas tinham visto a minha reação inflamada e magoada. Não poderia deixar a situação assim.
Orei e pedi a Deus que Seu Santo Espírito me guiasse e mostrasse o momento e a forma propícios para isso e foi o que aconteceu. No tempo certo, pedi a palavra e contei que fiquei extremamente magoada, que pretendia não mais voltar por alguns instantes mas que, por causa daqueles que Deus tem me confiado decidi prosseguir e por causa daquilo que Deus tem como propósito (a começar pelo lugar que Ele escolheu que eu esteja que é exatamente ali) eu precisava pedir e liberar perdão. Liberar perdão porque vi que algumas coisas simplesmente nunca seriam entendidas pela pessoa e por isso ela não entendia o tamanho do que tinha feito; pedir perdão porque nada do que me fosse feito me dava o direito de guardar mágoa e agir mal como agi.
Naquele momento, chorei, declarei o que precisava e um enorme alívio se apossou do meu coração. De fato, era como se eu estivesse instantaneamente trocando de "mochila" com Jesus, vivendo na prática o que Ele diz em Mateus 11:28-30: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.". Achei que isso era a melhor recompensa por ter feito o que precisava e fiquei feliz porque meu filho não desistiu de me encorajar e me fez ir adiante. Mas, eu estava enganada.
Quando acabei de falar, aconteceu algo inimaginável: a pessoa reconheceu o seu erro, arrependeu-se e pediu perdão, coisa que eu nunca tinha visto acontecer. E eu fiquei tão chocada porque aquele pedido de perdão foi tão vindo da parte de Deus que eu desmontei. A gentileza e a gratidão com que aquela pessoa nos tratou ali naquele momento foi linda e certamente movida pelo Espírito Santo, algo inexplicável de tão maravilhoso. Mas, Deus ainda não tinha acabado.
Continuamos a conversa em grupo e uma moça viu em nosso ato a restauração de uma verdadeira família e expressou sua gratidão a Deus por estar ali e ter naquele ato a comprovação de que tinha tomado a decisão correta de se batizar e participar conosco de tudo o que estamos vivendo com Deus. E essa, sem dúvida, foi a maior recompensa de todas: ver que Deus usou esse momento para atender a uma oração que eu e o grupo vínhamos fazendo em relação a ela, e que ela naquele momento decidia se firmar na igreja e no Senhor. E isso, definitivamente, foi a melhor recompensa que eu poderia ter ganho.
Agora, ainda é necessário lidar com a batalha no coração e na mente. Tudo está resolvido mas eu ainda ouço dentro de mim algo que tenta lançar mágoa sobre a situação no meu coração mais uma vez, mas sei que é momento de discernir que isso não é de Deus e que todo e qualquer pensamento ou sentimento relacionado ao episódio que não seja de paz ou alívio não deve ser aceito. Fica ainda o desafio de alinhar o sentimento, o pensamento e o espírito com o propósito do Senhor de seguir adiante, de glória em glória, de vitória em vitória, tendo a certeza de que Cristo para a liberdade me libertou (Gálatas 5:1) e que cabe a mim manter-me livre.
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