quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Só consegue ser grato quem entende o que é graça

Hoje de tarde escrevi sobre gratidão e fiquei me questionando como ser de fato uma pessoa verdadeiramente grata. E, de noite, a resposta veio meio que sem pedir licença. Assim, como uma intrusa, deixando claro que é mais fácil do que parece ser grata e portanto, ter fé e agradar a Deus.

Só é agradecido quem tem consciência do que é (na verdade, até mais daquilo que não é). Ou seja, quem tem consciência de que em sua essência é falho, pecador, doente, fraco, vil, perdido, egoísta, mau, chato, cansado, desanimado, inconstante, preguiçoso, viciado, exigente demais, irritadiço, petulante, orgulhoso, sovina (ou mão-de-vaca mesmo), ciumento, mal-humorado, ladrão, enganador, defraudador, imprudente, trambiqueiro, mentiroso, arrogante ou qualquer outra coisa que não seja lá das melhores, sabe que tudo aquilo que tem de bom no fim das contas é mesmo fruto de misericórdia de Deus.

Eu explico: eu mesma sou crítica demais por muitas vezes e em minha natureza a tendência é me achar muito melhor do que os outros. Essa tendência natural é combatida diariamente por mim, buscando a presença de Deus e o fruto do Espírito Santo mas, muitas vezes, eu mesma não consigo focar nessa busca e acabo perdendo a visão e me voltando ao meu natural e, por consequência, acabo liberando sobre os outros aquilo que na essência eu sou. Desta forma, o que eu de fato mereço, considerando que seria justo que as pessoas me dessem aquilo que recebem de mim? Exatamente: julgamentos duros e um alto índice de apontamento de falhas, em uma medida que geralmente massacra o outro. Então, se eu não sou tratada assim, não é por merecimento, mas por graça de Deus sendo expressada a mim através do outro.

Agora, se eu não consigo enxergar que os meus julgamentos são duros e que os meus conceitos pesam sobre os outros e até sobre mim mesma muitas vezes, o que é que eu planto? Justiça é a palavra. Somos tratados por Deus com misericórdia muitas e muitas vezes, mas na verdade, acredito que ainda somos muito cegos e não notamos isso, o que faz com que nos sintamos no fundo até injustiçados (afinal, coitadinhos de nós, não é mesmo? Somos tão bons...) e portanto nos sintamos merecedores de algo que nem de longe merecemos mas que, de vez em quando ganhamos mesmo assim do nosso Deus que é todo amoroso.

Então, gratidão talvez seja mesmo uma decisão mas apenas daqueles que possuem o espelho que é Cristo. Afinal, através Dele, é possível ver o que de fato é Perfeito e portanto ter base de comparação para nos avaliarmos, não de modo favorável a nós mesmos, e nem de modo dramático, mas de modo realista: falhos. Sem esse espelho, a pessoa olha apenas para o outro (que pode ser escolhido de acordo com a sua conveniência) e toma-o por base para sua autoavaliação e, é claro, acaba sempre saindo no lucro. E aí, com essa comparação, é fácil reivindicar mais do que de fato merecemos. E como as pessoas enxergam melhor a nós do que nós mesmos, nos sentimos injustiçados simplesmente porque elas não concordam com a nossa opinião.

Se você se sente injustiçado, sentindo que o mundo é cruel com você e tem permitido apenas uma colheita ruim daquilo que você planta, venha conhecer Jesus. Peça a Ele que você possa se ver da forma como de fato você é. Peça para Ele para ver como os outros o vêem. Seja honesto e mantenha o coração aberto quando isso começar a acontecer. E veja se, depois disso, a sua opinião sobre as coisas não muda e o seu coração não se enche de gratidão.

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