Nestes dias eu tenho visto e vivido algumas situações em que isso tem se tornado muito claro para mim. Vejo que, em algumas situações, eu tenho estado acomodada e com um sentimento de conforto e que, no fundo, eu sei que é inadequado porque neste contexto Deus tem mais e espera mais de mim. Vejo que com pessoas próximas isso também tem acontecido e, de imediato, o aparente "chute" é traumático, dolorido e deixa até a pessoa desorientada por alguns instantes mas, de verdade, se bem aproveitado, pode se tornar uma oportunidade de ouro de mudar tudo aquilo que não faz mais sentido ou que simplesmente pode ser melhor.
No meu caso, nesta semana eu participei de uma reunião na empresa em que trabalho e nesta reunião estava a equipe de que faço parte, o pessoal do RH e o diretor. Nela foram apresentados os resultados da pesquisa de satisfação dos funcionários em relação à empresa e ficou muito claro que a nossa área contém a maior quantidade de pessoas desanimadas e frustradas da companhia. E, por conta disso, os números foram apresentados e a gestão e o RH pediram então opiniões sobre os motivos e como resolver aquilo que fora exposto. Timidamente, as pessoas resolveram de modo muito sutil começar a se expressar. Isso foi assim tão devagar porque estamos acostumados a falar as coisas por aqui e simplesmente sabermos que elas serão apenas palavras ao vento, já que nunca passam de palavras (a organização não leva adiante e fica sempre tudo "por isso mesmo").
Desta vez, algo novo aconteceu: as pessoas começaram a falar e começaram a sentir um pouco mais de confiança e de repente, o diretor pediu a palavra e, de um modo absolutamente inesperado por mim (e pelos outros), ele chamou tudo o que dissemos de "ilha da fantasia" (fazendo referência a um programa de televisão bem antigo em que o visitante da ilha tinha o privilégio de pedir qualquer coisa e ver os seus sonhos realizados sem restrições) e que a empresa não fará nada que não seja razoável e que temos que ser realistas em relação às nossas opiniões, que aliás, estavam erradas (e começou a dar argumentos de um jeito bem discutível sobre como e porque a nossa opinião expressa na pesquisa não fazia sentido). E claro, como isso foi na metade da reunião, a segunda metade da reunião foi muda, já que todos entenderam que nada do que tínhamos a dizer seria sequer considerado.
No fundo, o choque foi por causa da situação em si: sabíamos que corríamos o risco de sermos ignorados de novo mas, de verdade, nunca esperaríamos que o diretor tivesse uma reação tão emocionada e tão "furiosa" em relação a tudo isso. Foi quase que um "cala a boca" com mais palavras. E isso deixou a equipe indignada. Inclusive a mim.
Eu saí dali querendo processar tudo o que aconteceu e, por fim, cheguei à seguinte conclusão: a empresa não está errada, sou eu. Muito embora a reação do diretor tenha sido diametralmente oposta à do RH (que pedia opiniões) e até da a nossa gestão (que chegou inclusive a dar sugestões e fazer pedidos), o ponto é que nada disso deveria me afetar como afetou, simplesmente porque eu percebi que, no fundo, era eu quem não deveria estar ali; afinal, depois de anos defendendo as mesmas ideias que nunca foram colocadas em prática por quem tem poder, eu já deveria ter entendido que não faz sentido insistir. E, no fundo, comecei a concluir que eu é que preciso ir embora.
Depois do choque, orei, chorei e passei o resto do dia e até o dia seguinte pensando muito sobre tudo o que acontecera e o que eu deveria fazer. Até que eu decidi conversar com um outro diretor sobre uma oportunidade que está surgindo na empresa em uma nova área e que as atribuições ali me agradam mais, são mais adequadas ao meu potencial e meu conhecimento e, sinceramente, me dariam um novo ânimo para trabalhar. Conversei com ele e vi algumas novas possibilidades, e passei então a orar e aguardar a direção de Deus, clamando para ter uma nova chance em outro lugar.
A conclusão foi que o susto foi essencial para que eu me dispusesse a procurar algo mais seriamente, coisa que venho evitando há tempos, já que estou confortável na posição que ocupo hoje, mesmo sabendo que Deus tem mais e espera mais de mim. O "chute no traseiro" me fez tomar coragem e decidir assumir uma posição mais arriscada mas que eu sei que Ele fará com que aconteça o melhor e se for da vontade Dele a mudança será rápida e trará melhores resultados para todo mundo.
Por isso, aprendi que quando temos Deus, não devemos temer fazer o que é certo e nem o que é necessário. Deus não nos deu espírito de covardia, mas de fortaleza, de amor e de moderação (como é dito em 2 Timóteo 1:7). Dificuldades virão, desafios existirão, o desconhecido fará suas caretas mas são apenas circunstâncias que quem tem Deus não precisa temer. Que venha o novo e o desconhecido, que é o melhor de Deus!
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