Ontem eu revi o Nerd e a Diamantina. Agora eles estão casados e acabaram de voltar de viagem, e ainda estão lidando com as questões do apartamento que montaram, trocando geladeira e arrumando umas últimas coisinhas que sobraram para fazer depois, afinal, o tempo é curto e eles acabaram assumindo (na minha opinião) mais coisas do que alguém que adotasse um ritmo saudável assumiria para fazer no tempo que tinham. De qualquer modo, mais do que as questões do apartamento, eles estão lidando um com o outro. E estão amando...
Sentamos para tomar um lanche e eles começaram a contar aquelas coisinhas que a gente escuta os casais contando no começo: quem deixa a toalha onde, quem é que aperta a pasta de dentes no começo ou no fim do tubo, quem é que cozinha melhor o que, enfim, coisas de quem está maravilhado com o fato de ter a sua casa e começar uma vida ao lado de quem ama.
O tempo que tivemos juntos foi divertidíssimo! Eu e a outra amiga que estava conosco rimos muito das pequenas coisas que foram sendo relatadas pela esposa (olha o vício: eu ia escrever "noiva" mas ela já passou dessa fase) enquanto o esposo ria e fazia seus comentários engraçadinhos, fazendo a gente rir mais ainda. Só que, conforme a conversa foi evoluindo, eu fui ficando sinceramente assustada, de um tanto que eu nunca imaginei que ficaria.
Fazendo uma reflexão, acho que várias coisas me deixaram naquele estado (vale um parênteses aqui: eu fiquei tão chocada que num dado momento eu fiquei absolutamente muda, o que é extremamente raro, especialmente quando fico incomodada com alguma coisa). A primeira delas é que eu estava diante de uma mulher que definitivamente eu não conhecia: ela é cuidadosa, carinhosa, delicada, dedicada, prestativa e amorosa com seu esposo. Não estou dizendo que ela não era tudo isso; só que eu não tive a oportunidade de conhecê-la assim, tranquila, porque a conheci pouco antes do noivado. E essa "nova" mulher (pelo menos para mim) me chocou.
As mudanças que eu ouvi os dois relatando na postura das duas famílias foi outro ponto: o pai dela ficou atordoado com o casamento da filha e respeita o genro como nunca antes se imaginou, por mais que fosse desejado. Do outro lado, a relação também vai muito bem, obrigada! E mais: a relação das famílias com seus filhos que saíram cresceu de modo impressionante, tanto em rapidez quanto em intensidade.
A terceira coisa, e foi aí que a coisa começou a apertar para mim, foi quando ela relatou uma situação em que ela deixou de avisar a ele que atrasaria para chegar em casa e ele, preocupado com a falta de notícias, posicionou-se de modo firme e disse a ela que não quer mais isso; e em seguida a abraçou e explicou que essa preocupação é porque ele a ama e quer poder zelar pela segurança dela. E isso para mim foi tão... chocante... eu não tenho exemplos assim na minha família e nunca vivi isso, nem com familiares e nem com amigas próximas. O curioso é que eu sei que isso é normal e bom mas eu fiquei ouvindo aquilo e me sentindo ouvir um relato de um filme tão surreal quanto o "Quero ser John Malkovich".
Daí em diante, fui ficando verdadeiramente incomodada e não entendia porquê. E começou então a cair a minha ficha e eu fui entendendo que se aquela mulher é o padrão do que se espera eu estou realmente com problemas. Eu fui olhando a minha incapacidade, tomando consciência dos meus defeitos, pensando nas minhas limitações e entendi que não tenho condições de ser daquele jeito. E sinceramente, por um momento, eu cheguei à pensar que esse lance de querer casar pode mesmo não ser para mim, até porque eu não quero estragar a vida de homem nenhum, quanto mais um homem de Deus a essa altura da minha vida.
Eu saí dali arrasada. Todo mundo notou e ficou curioso e eu mesma não soube exatamente o que dizer mas saí pensando muito sobre tudo aquilo. E confesso que era um misto de susto com vontade de chorar. O susto era por notar o quão distante estou do que eu preciso ser para estar na vida de um homem como desejo. A vontade de chorar é porque fiquei com medo de errar e pensei em desistir desse sonho.
Por outros motivos, eu acabei orando e conversando com Deus e isso me ajudou a aliviar um pouco tudo o que eu sentia. Voltei para casa ainda meio pensativa, meio que "processando" tudo aquilo e algo aconteceu que me alegrou muito a noite e me fez dormir feliz. Mas isso não me impediu de me sentir assim de novo hoje. E eu fiquei pensando sobre isso e cheguei à conclusão de que, se um casamento que Deus planeja é a união de duas pessoas para um propósito maior, Ele é quem capacita. Aliás, Ele não escolhe os capacitados: Ele capacita os escolhidos. E então, concluí que talvez eu esteja exatamente na posição em que eu deveria estar: consciente de que, para fazer qualquer relação dar certo, eu dependo totalmente Dele porque, se depender de mim, em pouco tempo vai dar errado certamente.
O que peço então é que Deus me mantenha esse sentimento para que ele possa me levar a Deus de um modo profundo e intenso como nunca antes, de modo que eu realmente esteja perto Dele o suficiente para que eu seja mesmo uma benção na vida de um homem, quando ele vier a assumir o seu posto de sacerdote da nossa casa. Até lá, eu preciso disso para me preparar, não como tinha imaginado, fazendo mil coisas apenas mas, principalmente, orando para que Deus continue mudando o meu caráter, ajustando o que precisa ser ajustado e me fazendo alguém mais parecida com Cristo. Desta forma eu sei que, quando ele chegar, estarei preparada, mesmo não sabendo as coisas mais simples ou corriqueiras porque, o principal, eu terei: a condução do Espírito Santo em minha vida.
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