Por muitos anos busquei construir uma reputação. Entendia que, já que não tinha dinheiro, nem bens, e nem um nome de família poderoso, e nem queria ter um "padrinho" que pudesse me ajudar na vida, eu precisaria criar o meu próprio nome.
Desde que eu nasci eu vivo com base em alguns valores e conceitos que não necessariamente tem a ver com dinheiro, muito embora eu sempre tenha tido a consciência de que ele é um meio bem eficiente de conseguir muitas coisas agradáveis e que eu julgava mesmo até necessárias para criar "formar o meu nome".
Estudei desde os seis anos em uma escola e quando tinha perto de treze estava cansada de ter a fama que tinha, de ter a imagem que tinha construído e de me ver e ser vista (ou pelo menos eu achava) de uma forma que, para o meu conceito de sucesso, não se encaixava. Então, por isso e contando com uma circunstância que favoreceu, decidi mudar de escola. Assim, pensava eu, poderia ter a reputação que eu quisesse criar, afinal ninguém me conheceria e eu poderia ser livre para ter uma imagem e uma fama mais de acordo com o que eu esperava para mim.
De fato a experiência foi marcante, especialmente porque percebi que realmente eu poderia dosar aquilo que eu queria que elas pensassem sobre mim. Bom, menos do que eu realmente queria, já que em um determinado momento eu passei a estar à vontade e, aos poucos, fui revelando quem eu era (que na realidade não chegou a mudar tão drasticamente com a mudança de escola).
Quando acabou a escola, eu fui para a faculdade e lá eu queria ser o que eu era porque eu me sentia muito mais à vontade com o que eu tinha me tornado. E por lá, fazendo uma retrospectiva, foi o tempo em que fiquei mais à vontade comigo mesma mas, por outro lado, acho que foi o tempo em que menos cresci, especialmente porque eu estava tão ocupada fazendo tantas coisas (entre elas engravidar), que eu não tinha tempo (ou não me dava oportunidade) de buscar ser alguém melhor em outro sentido que não acadêmico. Até que começou a minha vida adulta.
Quando essa fase começou eu percebi o quanto eu não estava preparada para isso e pior, o quanto eu não me via como uma mulher e sim como uma garota ainda. Era uma fase muito esquisita porque, por um lado, eu sabia que tinha uma série de responsabilidades que a grande maioria das pessoas da minha idade não tinha, e por outro lado, sabia que a minha maturidade era muito aquém do que eu precisaria ter. Eu me sentia no fim das contas uma grande fraude.
Essa sensação se agravou quando a minha vida profissional começou de verdade. Afinal de contas, Deus acabou me colocando em lugares e posições que eu não tinha a menor condição de estar sozinha e nem de me manter com o meu conhecimento ou maturidade. Mas, pela Sua graça, fui avançando e aos poucos fui construindo uma reputação que eu achava que era a ideal. As pessoas mantinham distância de mim porque eu sempre fiz questão de assustá-las. Eu achava que isso me protegeria. Mas descobri que só me fez mal e eu não sabia como reverter.
Hoje colho os frutos do que plantei. Sei que sou conhecida pela reputação que criei e sei que mesmo tendo feito tanto esforço, eu vejo que muita coisa ainda não mudou. Sei ainda que as pessoas em quem eu confiava não são tão confiáveis assim, e me sinto como se eu estivesse presa em uma situação na qual não vejo saída.
A única saída para mim é pedir a Deus que cumpra a Sua promessa e me dê um novo nome. Que Ele mude o meu interior, mude o meu ser cada dia mais e, com isso, mude a minha reputação, construindo uma nova que gere frutos diferentes. Cansei de ser conhecida como intransigente, arrogante, intimidadora e pouco adequada. Sei que não posso querer me sentir adequada em qualquer lugar porque já não pertenço a muitos contextos mas, enquanto Deus me mantiver dentro de determinados ambientes, quero aprender a crescer e avançar o mais rápido possível. Isso porque, quando eu tiver um novo nome, mesmo que nada ao meu redor mude, eu estarei mudada e meu coração será diferente. E eu viverei o melhor de Deus para mim.
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