Acabei de receber uma mensagem no meu celular por parte da minha irmã comemorando que a minha sobrinha entrou no prédio onde mora o pai dela andando. Para quem não sabe o que acontece, pode ficar até muito confuso receber uma mensagem assim de tão óbvia que ela soaria na maioria dos casos. No caso dela, a mensagem faz todo sentido e expressa mesmo um motivo para comemorar.
Só para contextualizar, a minha sobrinha tem artrite reumatóide infantil diagnosticada desde os dezoito meses de idade. Para quem não sabe o que isso significa, eu posso dar um resumo muito breve mas tremendamente injusto: a artrite é uma doença autoimune, ou seja, o corpo com o passar do tempo ataca às suas próprias células, fazendo com que existam inflamações constantes e piorando mais e mais a qualidade de vida da pessoa com dores horríveis e imobilizando pouco a pouco o corpo. No caso da artrite, ela vai inflamando as articulações, e seu portador tem rigidez matinal em seus braços e pernas e pode ter problemas na visão, advindas de uma modalidade de inflamação artrítica chamada uveíte (artrite no olho). Nos casos mais complicados, a pessoa pode ficar cega, paralítica e passar por muitas coisas bem horríveis e ter uma vida muito, mas muito dolorida para si e para os seus.
A minha sobrinha é portadora dessa doença mas foi abençoada com uma mãe que faz de absolutamente tudo para que esse quadro descrito acima esteja longe o suficiente do dia a dia da família: ela procurou tratamento de diversas formas e hoje ela alia os cuidados alopáticos quando necessário com uma dieta toda especial para que a alimentação ajude na manutenção da qualidade de vida e na eliminação (na medida do possível) dos níveis de inflamação sanguíneos da menina. Aliás, menina essa que agora tem onze anos mas que, de acordo com os médicos, terá uma chance quase que nula de engravidar e poderá correr risco de morte caso isso venha a acontecer.
Pois é, e ela esteve em uma crise terrível nos últimos dias. E hoje eu recebo essa mensagem da minha irmã contando que ela não está mais usando a cadeira de rodas colorida que ela ganhou um tempo atrás e que, diferente do que significa para a maioria, foi um alívio porque permitiu que ela pudesse se movimentar nos tempos de crise inflamatória.
E eu me senti ridícula. Me senti pequena. Me senti realmente fútil e mal. Percebi o quanto ainda sou egoísta e tenho uma visão limitada das coisas.
Ontem eu estava triste por motivos bobos se comparados com as dificuldades que a minha irmã enfrenta. E eu vi o quanto eu ainda sou autocentrada e o quanto perco tempo com coisas minhas que são pequenas e que não tem nenhuma relevância real se comparada com o sofrimento que outras pessoas enfrentam.
Para mim, fica a gratidão pelo choque que a notícia me proporcionou, me acordando para a minha realidade que é excelente. Fica a alegria também de ver que sou abençoada por ter uma irmã que me inspira tanto e que com muita gratidão enfrenta tudo o que a vida lhe oferece. E fica a gratidão a Deus por tudo o que tenho tido oportunidade de enfrentar, de bom e de desagradável, porque até essas coisas são pequenas e mesmo elas me fazem crescer e avançar.
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