Não sei nem por onde começar a contar o que tenho a dizer. Na verdade, a dificuldade vem de identificar quando foi que tudo começou.
Se eu disser que essa história começou na sexta-feira passada, não é verdade. Embora o pai da minha amiga tenha dito que voltaria para casa algumas vezes e não tenha voltado e ficado sem comunicação por causa do local onde estava trabalhando, tudo começou antes disso.
Se então eu voltar um pouco no tempo e pensar que isso começou no carnaval, no momento em que eu tentava me afastar da família dessa minha amiga, deixando-os de lado, e por uma situação "sem explicação" eu acabei sendo puxada de volta para servir e acompanhar, ainda estarei sendo simplista. Porque, na verdade, o desejo de deixar a situação que eles viviam de lado só surgiu porque eu já estava acompanhando tudo e achava que era tempo de me afastar.
Então, eu poderia pensar que tudo começou quando a minha amiga recebeu uma palavra do pastor dizendo que a família da minha amiga passaria por uma situação que mostraria o cuidado de Deus por eles, dando novo ânimo e respondendo à aflição que ela passava (e eu também, de certa forma). Mas não foi aí que tudo começou porque se tivesse sido, aquela palavra não teria sentido para mim.
Bom, e que tal pensar então que isso começou um pouco antes, quando meu coração se partiu e eu fiquei magoada e quase me afastei deles logo nos primeiros dias do ano? Hum... acho que não ainda porque antes do coração partido teve algo que nasceu e não foi por aqueles dias.
Tudo bem. Então, eu poderia considerar que tudo começou no aniversário dela, quando eu passei pela situação em que eu fiquei mais sem graça nos últimos quinze anos eu acho. Mas pensando bem, não foi aí, porque se nada tivesse acontecido antes, eu não teria ficado sem graça.
Voltando uns dias antes desse dia do aniversário, algo aconteceu que trouxe um misto de indignação, dor e fé ao meu coração. Então, seria ali o início disso tudo? Não, com certeza não!
E se eu voltar um pouco mais no tempo e chegar no dia em que a minha amizade com ela se iniciou e que eu soube de tudo o que acontecia (ou pelo menos comecei a saber) na família dela e fiz com ela um compromisso de orar até o final daquele ano, já que a promessa era de que uma determinada questão se resolvesse até o último dia do ano? Bom, esse seria um bom dia para considerar o começo, mas não nos conhecemos do nada e essa conversa não surgiu à toa. Voltemos mais um pouco.
Uns dias antes eu fui a Goiânia pela primeira vez e lá tive um encontro que mudou minha vida. De lá também veio uma palavra através do meu pastor que depois se repetiu de várias bocas (conhecidas e desconhecidas). Esse então foi o começo? Não... o encontro foi só a resposta de um pedido que eu tinha feito duas semanas antes.
Mas, duas semanas antes, eu fiz esse pedido. Ah, esse é o dia em que tudo começou... ou não? Bem, não foi. Isso porque esse pedido só aconteceu por conta de uma curiosidade que nasceu de um desejo novo que brotou em mim em julho, a caminho da África. Será que o começo foi do outro lado do oceano?
Parando para pensar, a África foi um período definitivamente decisivo em vários aspectos mas ainda não foi o berço dessa história. Antes da África veio a Europa e antes dela já tinha acontecido um encontro que me fez me sentir ridícula e petulante, e ao mesmo tempo, me fez ver que eu não era única (no sentido ruim da palavra).
Mas eu já sei que também não começou nesse encontro porque, se antes dele eu não tivesse ganho um filho que me fez saber da existência dessa amiga, eu nunca teria chegado ao dia de ontem.
E se eu tentar pensar se esse foi o começo, lá em novembro de 2012, talvez eu chegue à conclusão de que eu não teria ganho filho se tais e tais coisas não tivesses precedido essa situação... ou seja, eu posso ter que voltar tanto que, no fim das contas, posso esbarrar em acontecimentos de cinco anos atrás, ou de décadas, desde quando eu nasci.
Por que toda essa retrospectiva? Por dois motivos: o primeiro é porque quando eu paro para pensar na minha vida e revejo fatos, percebo o quanto Deus tem le conduzido, e o quanto Ele tem cuidado de mim. Aliás, Ele sempre cuidou e eu não saberia onde foi que reconheci o primeiro cuidado Dele na minha vida. O segundo motivo é porque Deus não deixa nada sem resposta, nada sem solução, nenhuma ponta solta.
Essa história acaba aqui? Não sei dizer, mas parece que não. Nos últimos dias vivemos situações e ouvimos palavras que soam como aquelas antigas chamadas ao final do capítulo de uma novela, onde o narrador dizia "a seguir: cenas dos próximos capítulos" e nos fazem ter só mais curiosidade sobre o que vem por aí...
Como ela acaba? Não posso garantir o modo, mas sei que o final é feliz. Os capítulos que virão, assim como todos os vividos até o momento, serão certamente emocionantes. Mas eu creio que serão recheados de emoções diferentes das que vivemos até aqui. E sei que, de um jeito ou de outro, as coisas estão avançando. Uma coisa eu tenho convicção dentro de mim: a foto que tiramos ontem de algum modo é uma foto para a posteridade. Qual é o meu papel nisso tudo? Nem imagino. Talvez seja só de expectadora agora, ou talvez eu saia do elenco auxiliar e roube a cena... Só Deus sabe. Mas se Ele sabe, isso já o suficiente.
Então, fico no aguardo do que virá. Algumas certezas eu sei: nossas famílias estarão próximas daqui em diante para sempre. Como? No trabalho na obra de Deus, na comemoração das vitórias e no crescimento de nossos filhos, no acompanhamento de nossos pais, na plantação e na colheita de nossos próprios passos.
Acho que a grande diferença dessa vez em relação a tudo isso é que eu não quero apressar os capítulos para ver como vai terminar. Aliás, se eu pudesse, eu congelava essa história até que várias coisas estivessem resolvidas dentro de mim. Mas pelo que vejo, isso não vai acontecer. Aliás, essa história foi, é e creio que ainda será instrumento para me curar. Bom, mas deixa isso para lá porque essa... então... essa é uma outra história!
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