Na semana passada, porque fiz um comentário com um irmão sobre aprender a não ter o controle das coisas, ouvi que Deus disse a ele que só temos dois lugares no coração: o trono e a cruz. Quando colocamos o nosso ego no trono, então, sobra apenas a cruz em nossos corações, e claro, quando Jesus está em nossas vidas, Ele, que é gentil e não invade, volta a ser crucificado por nós em nossas decisões.
Confesso que quando ouvi isso, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi o quão terrível deve ter sido a crucificação de Cristo (quando aconteceu literalmente) e como seria terrível que eu, em alguma situação, fizesse isso novamente com Ele. Mas depois, o pensamento foi adiante: se além de Cristo e de mim mesma eu tenho outras pessoas no coração, onde elas ficam?
Quando não temos Cristo no coração, fica mais fácil de fechar a conta, afinal, são dois lugares e dois grupos de pessoas (eu e os outros). Quando nos colocamos no trono, então sacrificamos as pessoas que estão ao nosso redor em nossas vidas. Isso significa que esperamos que os outros nos tratem com honras de monarcas, e façam o que for possível (e o que não for também a eles, não interessa) para que as nossas necessidades, desejos e sonhos sejam cumpridos. E claro, isso ou afasta as pessoas que nos rodeiam, ou simplesmente as mata lentamente, através do peso que colocamos e da manipulação que costumeiramente fazemos para manter as pessoas pregadas na cruz (porque, a não ser por um amor como o que Deus expressou, ninguém ficaria nessa cruz por muito tempo). Quando nos colocamos na cruz para que outra pessoa reine, o processo se inverte e, embora possamos achar que isso é amor, na verdade, é apenas exploração e não tem nada a ver com o tipo de relacionamento que Deus sonha para as pessoas (uma relação saudável de servidão mútua e amor trocado).
Então, o que acontece quando Jesus entra na equação?
Refletindo, entendi que, se colocamos o nosso ego no trono, Jesus fica com as demais pessoas na cruz e Ele então assume o papel de Salvador dos outros que estão ao nosso redor, protegendo-os (na medida em que eles permitem) das maldades que promovemos fruto do nosso egocentrismo. Mas, quando colocamos Cristo no trono, nos resta a cruz... e as demais pessoas são convidadas por Ele (como a própria Bíblia fala) a serem honradas, respeitadas e servidas por nós em amor.
Considerando o que expus até aqui, pode parecer difícil escolher o lugar a ser tomado, não? Especialmente se para você não faz sentido o sacrifício da cruz feito por Cristo ou ainda se você não conhece o amor de Deus. Mas para aqueles que sabem do que estou falando, a escolha é bem óbvia: nos resta a cruz. Neste caso, Ele passa a ser o nosso escudo no caso de alguém nos fazer mal (conscientemente ou não) e o trabalho de prover tudo o que é necessário para o bom andamento das coisas, passa a ser do Rei, e nós ficamos livres para sermos supridos em tudo, nos ocupando apenas em cuidar do que Ele definir.
Por que será então que é tão difícil escolher às vezes? Acho que muitos de nós não tem a experiência de entregar seus próprios filhos à morte, e portanto, o que Deus fez fica banalizado. Acho também que outros de nós são tão cegos (incluindo a nós mesmos em alguns momentos) que acham que sabem mais do que os outros sempre (inclusive colocando Deus no pacote).
Eu escolho a cruz. Eu preciso da cruz. Eu dependo da cruz. Na verdade, eu não tinha entendido ainda o que significava a expressão que deu o título a um livro de um dos nossos pastores: "Cruz, lugar de descanso". Mas agora entendi... e quero que isso seja verdade na minha vida em todo o tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário