De uns tempos pra cá, começar as coisas e não terminar tem me irritado. Não porque eu realmente tenha apego com aquilo que eu faço, mas porque de fato eu sei que é bem ruim quando eu digo pras pessoas que vou fazer algo e não faço. Em parte porque elas contam com isso (e eu as frustro), em parte porque mesmo sem a expectativa em relação ao resultado, na prática estou quebrando um compromisso que fiz. Fim das contas: quando eu digo algo e não faço estou mentindo.
Claro que tem situações que fogem do nosso controle e nos impedem de cumprir o que nos propusemos a fazer, mas tem coisas que realmente a gente não tem certeza de que vai dar e mesmo assim promete. Você já fez isso? Pois é, eu fiz às toneladas, e causei muita frustração nas pessoas ao meu redor, a começar na minha filha. Obviamente que ela não confiava no que eu dizia e por muito tempo isso foi uma enorme barreira que eu sem querer criei entre nós: não importava o que eu dissesse, ela me via como alguém sem palavra. E o duro era que eu não entendia, mas ela tinha razão: o meu discurso era diferente das minhas ações.
Isso me fez me sentir inconstante, e de alguma forma, me fez ver que o meu caráter precisa de mudanças. Não adianta pedir para Deus me mudar se o que eu posso fazer melhor eu continuo fazendo mais ou menos.
Curiosamente, neste sábado ouvi uma pregação (por sinal, cheia de realidade) em uma igreja que visitei sobre responsabilidades. Nela, o pregador colocou claramente alguns pontos que me vinham confirmar aquilo que já estava no meu coração, e confirmou a necessidade de mudança na minha vida. Claro que ele não me conhecia e não tinha como saber que aquilo era exatamente o que eu precisava ouvir, e eu tenho certeza de que veio de Deus, especialmente porque tudo foi dito com tremendo amor. Firmeza, realidade, mas muito amor.
Ou seja, agora cabe a mim manter aquilo que brotou no meu coração. Mas como? E eu pensei que uma boa forma seria pedir uma opinião para um amigo que me conhece bem e que não teria restrições em me falar tudo o que eu precisasse ouvir sobre o que ele vê na minha vida como inconstância... e eu fiz isso. O mais curioso foi que ele disse que não me vê inconstante, mas que me vê perdendo o foco por querer fazer tantas coisas ao mesmo tempo. Na opinião dele, esse meu comportamento tem a ver com uma necessidade interior minha de provar para mim mesma algo... como se, ao fazer muitas coisas, eu provasse pra mim mesma que eu posso, e isso me justificasse ou me fizesse me sentir melhor. Eu chamei isso de complexo de super heroína, e ele concordou.
Foi uma análise que eu precisava, mas que eu não esperava, e confesso que doeu ao sentir que de fato ele tem razão. Eu já vinha percebendo que existia a necessidade de fazer menos compromissos para conseguir cumpri-los melhor, mas não entendia a origem... e ver que ainda falta uma cura em relação à identidade em Cristo foi revelador, mas dolorido. Falo isso porque, quando a pessoa sabe quem é em Deus, ela sabe o que pode ou não fazer, e o que deve ou não encarar... e por sinal, fica mais fácil de saber o que é prudente ou não, e o que é fé e o que é forçação de barra. (obs.: meu Deus, nunca tinha escrito isso... será que é forçação mesmo?).
As boas notícias são que além de ter identificado que ainda preciso avançar (entendendo isso como algo bom e não como uma derrota), eu vejo que Jesus já me mudou e muitas coisas melhoraram, e que por causa Dele tem sido mais fácil priorizar o que faz sentido. A má notícia é que eu ainda não sei dosar as coisas... mas a esperança é que, como disse o pregador, andar em novidade de vida (renovando a mente), honestamente, sempre no Espírito Santo (em comunhão), em amor (tendo o amor como base), sob o senhorio de Jesus Cristo (obedecendo a Ele em discurso e ações) e portanto, seguindo Seus passos (ou o Seu exemplo), faz com que possamos de fato ter um caráter digno (não por nós mesmos mas por causa Daquele que nos amou primeiro e nos guia) de ser chamado de cristão.
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