domingo, 17 de janeiro de 2016

Sobre o tempo da oportunidade

Ontem sentamos entre amigos para passar um tempo agradável e surgiu na mesa a seguinte conversa: quando a gente não tem maturidade, a gente perde o tempo da oportunidade para nós. O assunto surgiu por conta de um amigo que trabalha liderando jovens e que, por muitas vezes, vê alguns deles desperdiçando as oportunidades que são oferecidas porque simplesmente não ligam, ou porque acham que terão mais chances depois, ou simplesmente porque não conseguem identificar que aquele é o tempo de fazer a coisa acontecer. E por causa disso, vê os dias escorrendo por entre os dedos e não consegue entender porque a tão esperada satisfação com os resultados esperados não chegam (aliás, nem os resultados em si acontecem, porque de fato, aquele era o tempo de plantar e essa estação perdeu-se).
Mas o que eu acho que ficou me martelando foi o comentário de alguém que disse que a gente continua perdendo oportunidades, só não se dá conta na hora. Infelizmente, fiquei pensando depois e cheguei à conclusão de que isso acaba sendo mais verdadeiro do que poderia ou deveríamos aceitar.
Nesta noite, eu tive um sonho estranho, e não liguei uma coisa na outra até poucos minutos atrás, quando tive tempo de refletir sobre o assunto: a impressão que eu tinha no sonho era que eu estava em um enorme avião, e que, conforme as coisas iam acontecendo, esse avião ia ficando com menos espaço para correr e pegar velocidade, e com isso ele ia diminuindo ao meu redor, até que ele estivesse como que preso ao chão. Estranho, não? Mas olhando agora, percebo que voar é uma coisa que desafia algumas leis naturais, como a gravidade, e que para voar é necessário ter uma estrutura adequada, preparação mas também condições apropriadas. A impressão que tive ao analisar o sonho foi que, conforme as oportunidades de levantar voo iam passando, o avião tinha cada vez menos condições de voar, até que ele simplesmente não tivesse mais estrutura e fosse ficando preso ao chão em definitivo. Seguro no chão, mas frustrado por não ter alcançado o seu potencial.
Quantas vezes não passamos por isso? E quantas vezes nem percebemos que estamos deixando de lado essa oportunidade, seja por medo, seja por cegueira, seja por qualquer outra circunstância ou motivo?
Nos últimos tempos, Deus tem falado muito forte sobre semeadura e sobre fé. Na verdade, Ele tem insistido muito comigo sobre algo que Ele prometeu mas que, neste tempo, depende de uma posição minha de depender Dele. E eu, por um motivo ou outro, tenho de alguma forma resistido a me entregar.
Já vivi isso e essa situação é como uma escravidão, e gera uma enorme canseira, além de frustração e sensação nítida de desperdício. Nada como chegar no lugar certo apenas um segundo depois do embarque para um avião com destino a um local que parte uma vez por semana apenas ser encerrado pra saber o que é perder um período inteiro de férias planejadas há tempos. Além da perda de dinheiro, das dores de cabeça tentando remanejar (o que nem sempre é possível), a frustração de saber que você ficou no passado, e está no lugar errado para aquele tempo. É como ter que encerrar um sonho.
Não quero viver isso outra vez. Por outro lado, não sei bem como lidar com essa nova situação, já que agora não posso decidir mais as coisas sozinha, e definitivamente não sei como me posicionar em relação a algumas pessoas mostrando que a fé de fato é o que vai fazer a coisa acontecer, e que se não for agora, não será depois. Difícil lidar com alguém que não tem a mesma fé que a sua e que não consegue ser o apoio que se espera. Por outro lado, não é possível esperar dos outros que eles tenham a mesma fé, ou a mesma compreensão das coisas, e por isso vejam a situação como você está vendo.
Estou num momento crucial, próximo daquilo que chamam na aviação de "ponto sem retorno": tenho combustível só para ir até o fim ou para retornar para casa. Se eu andar um pouquinho mais, não posso voltar. Não que seja meu interesse voltar, mas com os passageiros em pânico, é mais complicado manter a calma. E não, eu sei que o estado de humor dos passageiros não deveria me afetar, mas infelizmente ainda me afeta, e eu preciso de Deus para superar isso. Sei que o piloto não vai compartilhar com seus passageiros suas dúvidas sobre como decidir, mas uma vez decidido, ele compartilha o que definiu e segue adiante, assumindo as consequências do que virá. Muitas vezes ele acerta, algumas ele erra, mas certamente ele faz aquilo que, da visão dele, com as informações que tem, lhe parece melhor. Ainda mais precisas são as decisões quando o piloto consegue manter a comunicação com a torre de controle e segue suas instruções.
Confuso, não? Acho que tudo isso estava mais organizado e claro dentro da minha cabeça. De qualquer modo, é importante colocar no papel. Isso me ajuda a esclarecer o que está dentro de mim, e o que devo analisar para decidir.
Na verdade, acho que o que me deixou incomodada com a conversa de ontem no fim das contas é que eu já sei há algum tempo que eu estou arriscando demais nessa demora para decidir, e sei que o preço é deixar passar a oportunidade de viver o melhor de Deus. Colocando assim é muito claro o que está acontecendo, e fica mais fácil de decidir. E talvez por isso escrever para mim seja realmente uma benção.
Agora, feito isso, é momento de orar e pedir o meio necessário para colocar em prática aquilo que deve ser feito. Não sei fazer sozinha e não posso entrar nos corações dos passageiros e acalmar os corações, mas Ele pode e eu preciso Dele para isso. Provavelmente sem isso eu não terei coragem de ir adiante, e vou acabar tomando uma decisão bizarra só para, ao invés de seguir Quem acredito, agradar a outros, e afundá-los junto comigo. Que Deus me ajude, e rápido!

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