sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Um pouco mais sobre maratonas

Depois de alguns meses sem me exercitar, fui forçada a reconhecer que fazer exercícios físicos, no meu caso, não é uma opção há muito tempo. Quando deixo de fazê-los, eu tenho problemas diversos, e corro o risco de ter muitas dores na coluna (como tive no final do ano passado) e até ficar travada, e portanto não tenho mais como ficar escolhendo: é abraçar a causa e insistir um pouco por dia, até ficar um hábito natural e só prazeroso.
Então, nestes dias, voltei a me exercitar. De início, andando muito mais do que correndo, até por medo de me machucar logo no começo, já que faz tempo que estou parada. Depois só andando por sentir que o estado de conservação estava pior do que eu esperava. Até que voltei a correr.
Ontem então tive a oportunidade de fazer um treino completo. Na verdade, fui com um amigo correr e treinar com ele. Normalmente, quando nos encontrávamos assim, ele me treinava, então era no meu ritmo, mas ontem, foi um pouco no meu, e um pouco no dele. E posso dizer? Estou sentindo os efeitos disso.
Mas mais do que os efeitos físicos, percebo as lições que consegui extrair de ontem, e a primeira delas é que, realmente, treinar com quem entende é outro papo. Outro dia fui para o parque e acabei sendo encontrada por um colega de profissão, e andamos bastante, mas vi o quanto o treino ficou "estacionado", afinal, ele não era a pessoa certa para me levar adiante. Já ontem, por causa do conhecimento do meu amigo e do incentivo certo, fui muito mais além do que imaginava que poderia. E sabe de uma coisa? Na caminhada da vida é assim também: tem gente que você consegue colocar adiante e incentivar, e que ao mesmo tempo serve de incentivo pra você, e a coisa flui muito melhor do que poderia se imaginar, provando que, no campo das relações, um somado a um não são apenas dois, mas muito mais do que se pode enxergar de cara. Agora, quando a gente encontra a pessoa errada pra essa caminhada, ou tudo flui mais devagar, mais sofrido, mais tenso, ou simplesmente não anda, seja porque um quer fazer uma coisa e outro quer outra, ou porque não existe comunicação e companheirismo, e tudo trava. Ou seja: perda de tempo e de propósito.
Outra coisa que me chamou atenção é que, enquanto corríamos, ele me corrigiu: eu, para não ter que ficar contando quanto faltava pra chegar, olhava para baixo, e isso me faz respirar de jeito inadequado e, claro, cansa muito mais e não me permite ir tão longe. Então, com a postura certa, percebi que é bem mais tranquilo ir além e encarar o caminho de frente. E na vida não é assim também? Quando a gente abaixa a cabeça pra seguir (às vezes até pra manter o foco), a gente acaba se fechando na gente mesmo e perdendo até a graça da paisagem.
Mais uma lição (essa já aprendida mas relembrada ontem) é que para correr grandes distâncias é necessário ir mais devagar e constantemente. Não adianta dar um tiro de início e gastar todas as fichas, porque desse jeito, em pouco tempo o fôlego acaba, as pernas bambeiam e não é possível continuar. E na verdade, na maioria das relações humanas também é assim: as melhores relações são as duradouras, então não precisamos ter a pressa de correr todo o percurso em um tiro só, apreciando a vista, mantendo uma regularidade e permitindo que tenhamos até momentos de intensidade, mas mantendo o fôlego para todo o trajeto.
Também foi extremamente útil na reta final da corrida contar com alguém que me sirva de incentivo. Desta vez, quem me inspirou foi uma moça que nem estava lá, mas que recentemente disse-me que quando me vê, sente-se inspirada a viver mais de Deus na vida dela. Por ela, foi possível completar a corrida. E quantas vezes não deixamos de concluir algo só porque parece que só vai fazer diferença para nós e para mais ninguém? Termos pessoas a quem servir de exemplo (e que sirvam de exemplo para nós) é fundamental, e certamente nos força a sairmos de nós mesmos  e irmos além.
Por fim, abrir-se para o novo com alguém confiável e que te respeita é sensacional! Apesar do meu amigo ter muito mais energia, experiência e condição física do que eu, ele me permitiu fazer os mesmos exercícios que ele, me mostrou como fazer e me incentivou, sem debochar quando fiz bobagem e respeitando os meus limites. Por causa disso, pude fazer exercícios novos que certamente fazem toda a diferença. E não é assim na vida? Porque ter alguém confiável e parceiro traz uma segurança e um conforto para experimentar o novo, e nos enche de ousadia. É bom demais!
Já posso correr uma maratona? Óbvio que não. Pelo menos não literalmente. Pelo menos não ainda. Mas, e essa é a última lição de ontem, não desistir é fundamental, porque mais importante é manter a regularidade e crescer aos poucos do que dar tudo de si e desistir, e ter que recomeçar sempre... nunca chegamos ao final, e definitivamente, essa não é uma vida de quem conquista as coisas. E de repente, na persistência da fé de que a caminhada (física ou com Cristo) é possível com treino, com foco e com dedicação, vamos muito mais além do que se poderia imaginar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário