Deus sempre avisa o que está por vir quando a gente se propõe a andar debaixo do senhorio Dele. Não há uma única vez em que Ele deixe passar uma determinada oportunidade sem avisar antes que Ele a dará. E dessa vez não foi diferente: Ele já tinha avisado que isso ia acontecer.
Somos todos falhos, somos todos limitados, somos todos em algum ponto incoerentes ou decepcionamos a alguém por algo que fazemos que o outro entende de maneira diferente do que gostaríamos. Isso funciona assim para mim e para todo mundo também.
Ontem eu ia almoçar com um amigo no centro da cidade e, por não gostar de dirigir ali, decidi que iria de ônibus mesmo. Daqui da minha casa não tem ônibus direto, então saí mais cedo e fui fazer o caminho que tinha definido como melhor, e ele funcionou. Cheguei no horário combinado e esperei meu amigo... que não apareceu. Olhando com mais calma achei que eu tinha me enganado de dia, e alegremente, agradeci a Deus pelo passeio no centro, já que fazia tempo que eu não passava por ali, e agradeci também por não ter ido de carro (porque realmente aquilo teria me feito ficar um bom tanto irritada), e comecei a retornar.
Quando eu cheguei no terminal de ônibus e fui procurar o ônibus que pegaria, vi que outro que fazia um caminho diferente estava de saída e fui dar uma olhadinha e pensar se valia a pena pegá-lo. O motorista me viu e me chamou, dizendo para eu entrar. Eu expliquei que estava pensando e ele, mais do que prontamente, me surpreendeu, dizendo de modo simpático que não tinha nada a pensar e que eu iria com ele. Depois de tanta assertividade, entrei naquele ônibus e comecei a minha jornada de volta. Fui com aquele motorista até um determinado ponto do caminho, e desci para pegar o último que me levaria até em casa. Em seguida, passou outro ônibus que não me levaria até muito perto do meu destino final, mas também servia porque me permitiria fazer outras coisas na rua antes de voltar. E entrei, fomos sem problemas até o ponto final, e lá eu desci e comecei a descer a rua, conversando com Deus sobre algumas questões que tem que ser resolvidas na minha casa e que eu não sabia como lidar. Estava mesmo procurando de Deus direção. E conforme fui descendo, tomei um susto: dei de cara com um amigo que eu não via há anos... não nos falávamos há quase dois ou três anos, e nos ver mesmo tinha uns cinco. Na ocasião em que deixamos de nos ver, ele tinha se mudado para a Europa por conta de um curso de pós-graduação com a noiva.
Naquele momento, ele comentou que viu numa rede social que estou de mudança para a Europa também, e disse que tinha pensado em mandar uma mensagem para mim, para contar sobre a experiência dele, e para me dar orientações práticas que ele tinha certeza de que fariam diferença na minha mudança. Ele parou o que estava fazendo e fomos tomar um café, e conversamos muitas coisas sobre esse assunto, e foi excelente. É ou não é cuidado demais de Deus na minha vida?
Pois é... mas não parou por aí. Ao final da conversa (e confesso que não lembro bem como chegamos nisso) ele comentou como foi quando ele se viu na pior situação da vida dele: fora de seu país, sem dinheiro, distante de tudo e de todos os que ele conhecia e gostava, e naquele momento sendo deixado pela sua noiva. Ele disse que ele aprendeu o real valor de algumas coisas e que ele viu que muitas pessoas com quem ele contava na verdade não eram tão amigas assim, e que outras, que simplesmente surgiram, se tornaram mais do que irmãs para ele. E começou a responder tudo aquilo que eu tinha perguntado para Deus momentos antes de encontrá-lo.
Saí feliz de tudo com essa resposta super à jato de Deus, mas o que eu não esperava era que até o que eu não tinha perguntado Deus já tinha avisado que aconteceria: hoje eu vi uma coisa que eu não esperava ver, e me senti sinceramente excluída por isso. Na hora, meu coração doeu, e eu comecei a entregar a Deus todo aquele sentimento que eu nem sabia se fazia sentido ou não. Entreguei nas mãos Dele o sentimento de rejeição e de exclusão, e busquei estar em paz com o ocorrido. Liberei perdão para as pessoas que eu achei que tinham me magoado, e vim processando isso.
Mas quando cheguei em casa e fui 'fuçar' nas redes sociais, eu vi lá estampado o que tinha visto com uma legenda... que confesso que me deixou por um lado mais tranquila, por outro meio confusa... afinal de contas, eu continuei me sentindo excluída, mas agora tinha uma justificativa que ia contra o que foi pregado dez dias antes... e aí comecei a pensar... e lembrei de algo que ouvi uma meia hora atrás por outra razão: a única certeza que podemos ter sobre alguém (inclusive sobre nós mesmos) é que essa pessoa vai errar. Depois cheguei à conclusão de que nem sei avaliar se o que aconteceu é errado ou não... mas lembrei que Deus já tinha me preparado para quando eu passasse por uma situação em que eu me sentisse sozinha, e isso me trouxe paz. Sinceramente: ainda não consegui superar todo o sentimento ruim que tive, mas isso não me guia e não muda as minhas decisões ou atitudes. E pra falar a verdade, isso me lembra só do que realmente importa: olhar para Deus, contar com Ele, e saber que é Dele que vem tudo o que preciso, inclusive a companhia.
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