Engraçado como as coisas acontecem... há semanas venho pedindo aos irmãos da igreja que providenciem para os nossos cultos uma forma de colocarmos o celular (que hoje é responsável pelas nossas transmissões de culto ao vivo todo domingo) em um apoio na parede, de modo que o culto possa ser gravado sem sustos, sem movimentos, sem gente passando na frente e sem desconforto para ninguém. E há semanas eu ouço respostas diferentes sobre o mesmo tema.
De início, aquilo não me incomodou, e eu levei na esportiva. Depois, começou a me deixar incomodada com a situação, mas ainda levava numa boa. Aos poucos, aquilo foi me trazendo indignação, já que a questão não é o que eu faço, ou quem está fazendo, mas é a maneira como se faz (considerando todo o sacrifício envolvido) para obter um resultado tão ruim. E no fim, a minha sensação era de que realmente ninguém liga para aquilo, e portanto comecei a achar que de verdade, nem fazia muito sentido transmitir o culto ao vivo.
Enfim, o ponto é que em um dado momento, um irmão disse que ia ajudar. Expliquei e ele disse que o faria. Passou-se o tempo, e a coisa continuou sem andar, e eu achando que as coisas aconteceriam... e semana após semana, nada. Pedi, brinquei... nada aconteceu. Aquilo me deixou absolutamente indignada porque, de verdade, entendi que realmente nem fazia sentido continuar com aquilo, e me senti ignorada e desvalorizada no meu esforço. E virei pro irmão e disse: "me dá um prego e um martelo e eu resolvo". E então, a resposta do irmão (depois de eu começar a ser inconveniente) foi de que o pastor não queria "soluções paliativas" (vulgo gambiarra). Depois de me acalmar, conversei com o pastor, e expliquei que achava que nem valia a pena ir adiante naquilo, e ele concordou que deveríamos pensar em outra forma de fazer a coisa acontecer considerando a realidade atual da igreja.
Pausa aqui: de verdade, olhem quanto tempo, esforço e palavras eu gastei com algo absolutamente irrelevante? Não que a atividade em si seja irrelevante, mas convenhamos, que coisa mais minúscula para consumir tanto tempo e esforço de um ser humano, quanto mais de dois ou três!
Bom, hoje me lembrei da conversa com o pastor, mas pensei que como ele sempre tem mil coisas pra pensar, ia esquecer, e mandei uma mensagem pro irmão comentando o que conversamos e pedindo que ele falasse com o pastor pra avaliar a questão. E inicialmente recebi um "ok". Brinquei com o fato de ter escrito um livro e ter recebido um "ok" como resposta (mas era brincadeira mesmo, não esperava mais do que aquilo), até que recebo uma carta de resposta... algo em que o irmão (resumindo o conteúdo) expressava como eu não tive empatia por ele, e como eu realmente me portei de modo que, ao olhar o contexto, avaliei apenas como eu me sentia, e em nenhum momento parei pra pensar em como a minha atitude, apesar de não ser direcionada a ele, transmitia a ele um discurso de desonra, como se ele simplesmente não tivesse dado a mínima para o que eu estava pedindo, ou como se ele estivesse simplesmente se acomodando com a situação. E eu entendi que errei.
Claro, foi péssimo ler aquilo, ainda mais porque realmente ele tinha razão. Ele foi super educado e tranquilo, mas de verdade não doeu menos. Não por ele, claro, pq ele mostrou que realmente havia me perdoado, mas por mim... por quanto eu acho que melhorei e que tenho crescido e, nessas horas, vejo que ainda tenho um longo e doloroso caminho pela frente.
Por fim, na semana do "aprender a amar é" (porque as minhas semanas frequentemente tem temas estabelecidos por Deus para Seus ensinamentos comigo), pude colocar em prática a lição do "parar para escutar", e do jeito mais tosco... se eu tivesse parado para escutar o que aquele irmão estava dizendo, ouviria além dos meus sentimentos que foram afetados pelo meu ego no momento: teria escutado todo o esforço que ele fez, e o constrangimento dele de, apesar de tentar resolver, não ter conseguido e não por conta dele mesmo. No fundo, foi o que ele disse, e porque não parei para escutar, simplesmente não ouvi tudo o que ele tinha a dizer.
Sim, foi um exemplo bobo e banal, mas quantas das feridas que acontecem na alma, e quantos dos relacionamentos não são quebrados por coisas tão pequenas ou menores ainda do que essa? Qual é o tamanho da isca de satanás? Como eu ouvi uma vez, o fazendeiro vê as grandes raposas entrando nas suas plantações, e elas são combatidas rapidamente. O que destrói a plantação é a ação das pequenas raposas, que por serem de pequeno porte, não são notadas, e portanto são muito mais difíceis de serem eliminadas.
Graças a Deus esse irmão resolveu falar, me dando a oportunidade de aprender algo (não sei se novo, mas necessário). Mas e quantas pessoas não falam simplesmente porque tem a certeza de que eu não as vou ouvir? E no fundo, até que ponto elas estão erradas nessa percepção, já que eu já não as escutei na primeira vez?
Aprender a amar é parar para escutar, é se permitir ouvir por mais uns segundos antes de responder, é parar para respirar, é perdoar e pedir perdão. É saber que quando nos permitimos, passamos a ouvir aquilo que Deus insistentemente nos fala, mas que é abafado pelas muitas vozes às quais damos ouvidos por muitas vezes. Calem-se as vozes, a começar com as dos nossos sentimentos, dos nossos pensamentos, do nosso ego... para que o Espírito Santo, através do Seu doce falar, nos faça ouvir aquilo que realmente é necessário.
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