quarta-feira, 19 de julho de 2017

E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará!

De vez em quando converso com pessoas de outros lugares do mundo. Pessoas que falam a minha língua mas vivem outras realidades, tem outras limitações e outros desafios, mas também tem outro tipo de conquista e outras histórias pra contar, que sempre me fazem ver o cuidado de Deus através dessa troca de experiências, já que com isso minha percepção sempre é alargada, não só natural mas também espiritual.
Ontem um português me disse que quando um país (no caso o Brasil) é cristão fica muito mais fácil para a igreja avançar. Ouvindo aquilo, eu confesso que a primeira coisa que fiz foi rir, não da situação, claro, e nem do conceito que ele apresentava (afinal, fazia muito sentido o seu raciocinio) mas especificamente da aplicação prática disso no Brasil.
Ora, estou fora há quase um ano, e acompanho pouquíssimo do que acontece ali, mas sei que muita coisa ainda realmente não mudou, e algumas inclusive, mudaram para pior. E isso me fez pensar no quanto o país realmente é reflexo da sua igreja, em termos de posicionamento, de carácter e de vida de Deus. Explico: quando uma igreja tem intimidade com Deus, como bem disse a minha irmã (ontem também em outra conversa), é impossível que a igreja continue do mesmo tamanho. Isso porque as pessoas simplesmente vivem a vida de Deus e a chama que há dentro de você incendeia a quem chega perto, e contagia, e assim ela se alastra: sem grandes esforços, sem dificuldades e sem ações humanas. Afinal, do que o fogo precisa pra queimar?
Porém, quando o país é considerado "cristão" como o Brasil, em primeiro lugar penso sobre o que é ser cristão (deixando de lado a estatística que o irmão tinha desatualizada sobre a terra que infelizmente ainda é conhecida pelo samba, futebol e mulher pelada). E pra mim (Ok, talvez esteja ficando muito rígida, ou muito exigente), ser cristão não é dizer que acredita que Cristo existiu, ou ir a uma celebração (missa, culto ou de qualquer outro tipo) somente pra se encaixar num grupo religioso, ao invés de viver um estilo de vida baseado em comunhão, intimidade e imitação de Cristo através da ação do Espírito Santo.
Bom, conversa vai, conversa vem, e chegamos a um ponto curioso: o irmão em questão, que sempre me pareceu super comedido, controlado e cheio de métodos (eu convivo profissionalmente com ele há algum tempo e minha opinião vem daí), de repente revela um lado cheio de chamas de paixão pela ação do Espírito Santo no processo de libertação. E confesso que pra mim foi uma tremenda surpresa.
Mas mais do que isso: me trouxe uma reflexão, já que ele comentou também que lamenta que tantas igrejas muitas vezes simplesmente não querem lidar com esse aspecto da vida espiritual, e que muitos pastores não pensam ou não falam sobre o assunto. Ele mencionou esse versiculo que diz que conhecer a Verdade (Jesus) liberta, e por isso tantos não se dedicam a um processo mais intenso ou mais radical de libertação espiritual, muitas vezes aplicando ali o discipulado pra resolver doenças crônicas dentro da pessoa que é nosso alvo de oração.
Me lembrei então de uma comparação que uma vez ouvi de um chefe que tive, em que ele falava sobre o uso de remédios homeopáticos e alopáticos. Nesse dia, diante de uma situação específica, ele fez o seguinte comentário sábio: homeopatia, aquela coisa de ir dando pequenas doses em um processo longo mas eficaz e duradouro, funciona super bem, mas quando a pessoa já saiu da fase inicial da doença agressiva, ou seja, ela não corre mais risco de morrer; para esses momentos iniciais em que a doença está vencendo e que a pessoa corre o sério risco de não resistir, enfia uma agulha na veia com o remédio mais potente que tiver e traz a pessoa de volta a vida... depois a gente lida com os estragos que a doença fez.
Ou seja, isso me fez pensar que, muitas vezes na vida, encontramos com pessoas que estão a beira da morte, e tentamos tratar com balinha. E que me perdoem os adeptos da homeopatia (não entro no mérito da utilidade ou do funcionamento), mas sinceramente, quando a pessoa está em risco iminente, homeopatia pode ser tão inócuo quando um caramelo, ou um docinho pra distrair o gosto amargo da boca.
As vezes, a única coisa que vai resolver é (em termos espirituais) expulsar todo tipo de demônio da pessoa em nome de Jesus. Isso porque enquanto ela não estiver livre do que a acorrenta, ela não tem a capacidade ou a condição de avaliar nada além do que a sua perspectiva escrava pode permitir (e de verdade, isso é limitado pra caramba). Então, encontrar com alguém que esteja ali completamente escravizado espiritualmente (e por consequência com as emoções estraçalhadas) e tentar colocar discipulado na vida dela simplesmente não vai resolver. Na verdade, pode gerar até mais desconfiança e frustração, já que o processo simplesmente não dá resultado...
Por fim, isso me faz lembrar que a Verdade não é uma cura que vem em apenas uma dosagem, ou em um formato, ou em um único tipo de aplicação. Pra cada tipo de doença, o Médico dos médicos atua de um jeito, e nós, como membros da Sua equipe, precisamos estar atentos aos Seus comandos. Se é hora da cirurgia, estejamos nós paramentados apropriadamente para entrar na sala e realizar todos os procedimentos que Ele definir. Se é momento de recuperação, que estejamos atentos à evolução do quadro clínico, monitorando os sinais vitais e a reação do paciente a cada remédio aplicado. Se é tempo de terapia em casa, que saibamos colocar na receita o medicamento correto, na dose adequada, conforme a indicação Dele, e pelo tempo em que Ele disser que aquilo precisa ser praticado.
Dizendo assim, parece simples, mas quantos de nós tem o discernimento pra compreender o momento e ouvir a voz do Chefe da Equipe do Reino de Deus pra seguir Seus comandos e fazer a coisa do jeito que Ele definir pra cada caso, sem cair na tentação de aplicar fórmulas e métodos padrão que, nem sempre, vão funcionar pra todo mundo?

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