Nestes últimos dias, tenho tido a oportunidade de conviver com pessoas que tem enfrentado trilhões de dificuldades, algumas com dificuldades grandes e realmente pesadas para todos; outros com problemas que parecem realmente grandes e intransponíveis, mas que na verdade, parecem assim por causa da idade, ou da falta de experiência em enfrentar desafios desde pequeno, já que muitos, como eu, tiveram mães que procuraram poupá-los tanto que, no final, acabaram sem querer até atrasando alguns processos de aprendizado e amadurecimento.
Enfim, acho que vale muito a pena mencionar alguns exemplos: ao mesmo tempo que vejo alguém chateado simplesmente porque perdeu quinze euros no metrô, vejo uma cientista indiana, cujo visto nos Estados Unidos está atrelado ao seu mestrado, que corre o risco simplesmente de não ser concluído por conta do cancer de tipo raríssimo que foi encontrado recentemente e já está no quarto estágio, o mais grave de todos.
O que vejo nesses dois exemplos? Gigantes a serem abatidos, dificuldades a serem superadas, possibilidades limitadas e até (no caso da cientista indiana) um problema adicional, já que cada segundo a menos é uma chance a menos do seu problema ser resolvido.
O que vejo também? Pessoas com atitudes diferentes: enquanto a pessoa que perdeu o dinheiro no metrô está olhando para si mesma e para a sua perda (que não importa o tamanho, afinal, 15 euros podem ser todo o dinheiro para comer por uma semana ou pode ser só o dinheiro para o café no bar da esquina dependendo do momento da vida em que a pessoa se encontra), pensando no quanto é pouco afortunada, ou no quanto as coisas tendem a não sairem como planejado para si, a cientista procura serenidade e opções, não se abate e busca meios de ser tratada, concluir o seu mestrado e seguir a vida como sempre fez até o momento, sem drama, sem reclamações e sem maiores prejuízos ou perdas de tempo.
E isso me faz olhar para mim, já que esse é de fato o cenário que venho acompanhando ao meu redor de verdade. São pessoas que estão próximas (a cientista nem tanto, mas tenho notícias quase que diárias dela) e que me dão a oportunidade de avaliar o que vale a pena e o que não vale quando eu olho para a minha própria vida. E isso me faz concluir que, já que eu não tenho a solução para os problemas que eu mesma enfrento (até porque se tivesse a solução, os problemas não mais existiriam), olhar para mim mesma só pode ser feito considerando uma única perspectiva: analítica, considerando o que eu devo fazer para resolver o que falta organizar, e como lidar com o que não posso mudar da melhor forma possível.
Nestes dias vejo que, quanto mais paramos pra olhar pras nossas condições, mais ficamos parados no tempo e no espaço e simplesmente não conseguimos nem mesmo ter ânimo pra agradecer e aproveitar o que já conquistamos, e também vamos paulatinamente perdendo a coragem de nos movermos para frente. Ou seja, olhar para o próprio umbigo só pra ver se ele está sujo ou não, sem a disposição de limpá-lo não o fará mais limpo. Ao contrário, continuará sujando-o, e sujará também a sua alma, já que ela se contaminará com a inevitável realidade de que, se as coisas continuarem seguindo o rumo atual sem nenhuma intervenção sua, elas só piorarão. Aliás, a filosofia do Zeca Pagodinho nunca salvou ninguém e nem o tempo é a pílula justa para curar nenhuma doença.
Mais uma vez, olhar para fora de si, olhar para o Alvo, para Aquele que criou todas as coisas e tem todas as respostas é a melhor solução. Não procurando os Seus bolsos, pra receber de mãos beijadas (ou como costumamos confundir, pela "graça") aquilo que pode resolver as nossas vidas, mas procurando essencialmente o Seu rosto (que, pleno de tranquilidade, nos fará acalmar), o Seu olhar (que é mais elevado, e que nos faz compreender e nos colocar na perspectiva justa o que realmente importa), o Seu sorriso (de quem sabe que tudo nessa vida passa, menos as promessas Dele mesmo) e os Seus sonhos (porque esses estão sempre "de pé" pra quem os busca, e cá pra nós, são sempre muito melhores e mais surpreendentes do que qualquer coisa que possamos imaginar sozinhos). A solução é olhar para Ele, procurando conhecer mais do Seu caráter, sem barganhas, sem trocas, mas com interesse genuíno de aprender com Quem sabe todas as coisas e,além disso, nos ama sem medidas, sem reservas e sem limites. Olhar para Jesus mais como Mestre do que como Salvador (ou no caso, como "gênio da lâmpada", como insistimos em fazer). Olhar para Deus mais como Pai ou Professor do que como Juiz (porque embora Ele seja mesmo ambos, o primeiro papel é o que mais apraz a Ele).
Dito isso, vale ainda ressaltar que deixar de olhar o umbigo só porque sei que ele está sujo e porque penso que não posso resolver não é também uma boa política... mas isso é assunto para uma outra "pregação".
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