quarta-feira, 18 de abril de 2018

Je n'ai trouvé pas mes paroles

Hoje aprendi uma coisa que me impressionou: em francês, quando queremos dizer algo mas não encontramos o modo correto de dizer, dizemos (traduzido literalmente) que "não encontramos as nossas palavras". Ouvi isso e achei fascinante, quase poético...
A professora me explicou que em geral essa expressão serve para os casos em que nós sabemos bem o que queremos dizer, mas não conseguimos achar a maneira mais adequada, seja por causa da falta de vocabulário correto ou seja por conta do choque emocional com a situação. De qualquer modo, o conteúdo está ali, mas não acha meios ou formatos pra sair de dentro da gente.
E hoje, por mais de uma vez, eu me encontrei nessa situação...
Primeiro por causa da própria aula de francês, na qual eu realmente sabia o que queria dizer, mas não sabia como, e porque a professora é uma francesa e estávamos sozinhas, ou eu falava em francês ou não conseguiria dizer o que eu gostaria (e de fato muita coisa eu nem disse porque não consegui mesmo).
Depois, me senti assim porque li uma mensagem me dizendo que uma moça (de quem já escrevi num passado recente) e que tem enfrentado uma situação tão dura diante de um câncer raro e tantas outras adversidades, descobriu que o tratamento que foi iniciado (que seria em tese a sua única chance de cura) não está funcionando. E nessas horas, não existem palavras corretas ou adequadas para expressar o que se sente quando se coloca na posição daquela pessoa.
Em outro momento, me faltaram palavras ao ver que eu estava em uma situação na qual alguém tentava me colocar uma responsabilidade e um peso que não são meus, e sinceramente, eu fiquei tão indignada com o que ouvi que não sabia expressar tudo o que pensei (ainda bem, porque provavelmente viriam palavrões e coisas pouco elogiosas sobre a situação e sobre a própria pessoa).
Ao final, me faltaram palavras para expressar a gratidão àqueles que, independente da situação, sempre acreditam em mim, me apoiam, me incentivam, me cutucam, me empurram pra frente, me abraçam e me fazem chorar porque são expressão do cuidado de Deus sobre a minha vida.
E com isso, fiquei a pensar: pra quem escreve tanto, não é que é fácil ficar sem as suas palavras (ou seja, sem saber bem o que dizer)?
Aprendo com isso que nem sempre preciso ter todas as respostas, e nem preciso estar sempre certa. O que preciso é lembrar que, mesmo nos dias em que eu não vejo saída, ela existe, e provavelmente, ela não está nem à minha frente, nem atrás, ou dos lados... ela está em olhar para cima, e mesmo sem saber o que dizer, perguntar pra Quem me criou, me ama e me cuida, e esperar que Ele responda. Porque Ele sim, sempre encontra as palavras certas a dizer.

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