E voltamos ao livro de Provérbios, agora no capítulo 16, verso 32, onde diz que vale mais ter paciência do que ser valente, e que é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras... e quem é mesmo que sabe fazer isso o tempo todo?
Quantas vezes a gente procura ser exemplo para o outro e não é exemplo nem pra si mesmo?
Já ouvi tantas vezes pessoas (e até eu mesma) dizendo que não se pode controlar o coração, mas não é verdade: não fomos feitos para sermos escravos de nós mesmos. A Bíblia diz em Galatas 5:1 que foi para a liberdade que Cristo nos libertou, e que é nossa responsabilidade nos mantermos livres. Isso significa que somos chamados a tomar decisões e manter posições que nos mantenham livres a cada passo que damos, e a cada palavra que proferimos.
A palavra fere, mata, compromete e entorta quando mal falada; quando bem escolhida, é fonte de alegria, de cura, de satisfação, é fonte de sonho e de vida. E o que é a palavra senão o resultado do que temos dentro de nós? E quem é que escolhe o que vai sair pela nossa boca: o Espírito Santo, os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, as atitudes dos outros...? Quem é que define como vamos agir e o que vamos falar?
Tem certas coisas que precisamos mesmo que Deus nos traga novas informações, novas direções e novos planos, mas cá pra nós, tem tanta coisa que a gente já sabe mas que, por preguiça, por cansaço, por má vontade ou por inconsequência a gente simplesmente escolhe não fazer mesmo sabendo que as consequências não serão as melhores... e pior, a gente usa como desculpa aquela velha frase do apóstolo Paulo, que dizia que o bem que ele queria fazer ele não conseguia, mas o mal... ah, o mal ele fazia sem ao menos perceber. E claro, se Paulo fazia assim, imagine cada um de nós, pobres mortais? Parece muito justo e até muito humilde, mas de fato, muitas vezes é só covarde mesmo assumir essa desculpa ao invés de mudar o nosso comportamento.
Uma vida que vale a pena sabe o que está plantando (ou pelo menos tem uma boa ideia) e procura sempre seguir com moderação, equilibrio e dominando-se a si mesmo. Isso porque, se deixarmos os nossos pensamentos soltos, pode sair tudo quanto é tipo de teoria da conspiração, filme de terror ou até romances inacreditáveis (todos existentes somente dentro de nós mesmos). E quais são os resultados disso se não frustração, destruição e morte (nossa e dos outros)? Ou falar palavras amargas que resultam de pensamentos interiores que são frutos de ilusões da nossa mente pode realmente resolver o problema de alguém?
A Biblia diz em João 10:10 na primeira parte do versículo: "o ladrão vem senão para roubar, matar e destruir" mas, quem foi que disse que esse ladrão às vezes não é o nosso próprio ego? Quem pode garantir que esse ladrão não é às vezes a nossa própria impulsividade? E o que diremos da nossa falta de amor?
Não somos perfeitos, e não seremos, jamais! Sim, nosso objetivo como cristãos é sermos cada dia mais parecidos com Jesus, mas de fato, iguais a Ele, só mesmo quando estivermos ali, no céu, face a face com o Criador. Até lá, a nossa principal luta cotidiana é simplesmente definir a quem ouviremos: o ego ferido, a ansiedade que brotou de repente, a carência que apareceu sem que ninguém percebesse, a solidão que silenciosamente esmagou um pedaço da sua alegria, ou aquilo que Deus diz sobre nós? Sim, o nosso maior inimigo acaba que é a gente mesmo. Sem desprezar questões espirituais, sem discutir teologia, mas tem tanta coisa que a gente não precisa nem do diabo e nem do outro pra estragar (porque a gente faz sozinho), então... ou a gente encara que essa é e será uma luta para sempre, e agradece e comemora a cada pequena vitória do Espírito Santo (e nossa) sobre nós mesmos, ou seremos esmagados por quem deveria ser o nosso maior aliado além do Senhor: a nossa alma.
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