Num mundo recheado de aparências e preocupação com o estético, é normal ouvirmos falar de dieta, exercícios físicos, reeducação alimentar e mais comum ainda é enfrentar a luta contra a balança, ou viver o tal efeito sanfona, que nada mais é do que o resultado de uma vida inconstante e irregular, expressa nos ponteiros acusando que o peso corpóreo aumentou, mesmo quando você jurava que aquele hambúrguer era inofensivo.
O que a gente não se dá conta é que, em termos emocionais, parece que quando mais cheios de compromissos, experiências e vivências, ou pelo menos de histórias pra contar, mais importante e valiosos nos sentimos. E de certo modo, não que as experiências ou as histórias mudem o quanto valemos, mas certamente tem um "peso" diferente quando uma pessoa diz algo que já viveu e superou, ou quando já tem tantas vitórias, mesmo que em outros aspectos, que certamente ela pode e deve ser mais respeitada quando abre a boca. Ou seja, quanto mais "peso" essa pessoa tiver, mais ela será ouvida e respeitada. E o que é que o ser humano busca como necessidade emocional básica que não seja aceitação, pertencimento e respeito? Ou seja, emocionalmente, parece que quando mais peso carregamos, mais estamos perto do nosso objetivo de vida. Mas, o que muita gente não te conta é que, tal como ocorre com o corpo, o peso da alma cansa, faz a gente se arrastar, perder o equilíbrio e as forças, avariar os membros e até simplesmente desistir porque se torna difícil demais chegar ao fim...
Isso não significa que não devemos ter experiências ou que devemos desprezá-las, mas qual é a medida pra que esse "peso" se torne um instrumento de treinamento e não de tortura? Como transformar o que passou em combustível e não em bagagem? E mais: como monitorar a validade desse alimento que é aquilo que aprendemos, de modo que não se torne veneno dentro de nós?
A Bíblia fala sobre deixar para trás tudo o que já passou, e tem um motivo para isso: quanto mais acumulamos o que já vivemos, mais difícil de estar livre e aberto para a novidade. Como é fácil se agarrar a uma injustiça, a uma traição ou a uma glória do passado, como se isso fosse a coisa mais real do mundo, enquanto que a única coisa real no momento é o que está acontecendo exatamente agora...
Agora, pior do que carregar o peso do seu passado é decidir carregar o peso dos problemas e defeitos de outros. Isso porque, em um mundo que valoriza o "atolar-se" de preocupações, quem é que não se sente atraído por dar uma "mãozinha" à alguém do lado, carregando uma coisa que não é sua?
Não falo de solidariedade e nem de companheirismo, porque estas duas coisas são essenciais pra uma vida emocional sana (o ser humano foi programado para se relacionar, e relacionamento é compartilhar a si mesmo em vários níveis), mas que tal decidir se preocupar com uma falha de caráter da pessoinha que está do seu lado? Ou de repente decidir que só você pode fazer determinada pessoa deixar de lado uma ideia auto-destrutiva ou ainda definir que determinada pessoa escolha o inferno ou o céu? Parece absurdo, não? Pode ser que seja só comigo, mas se eu não tomo cuidado, acontece o tempo todo.
Nos últimos tempos, por conta de ter assumido uma postura mais colaborativa pra muitas coisas, tenho ouvido com certa frequência o "está em suas mãos", e também o "só você pode nos ajudar"... mas tem também o "você é a melhor pessoa pra isso"... e de vez em quando ainda rola um "se tal coisa (não) acontecer com o fulano você prestará contas pra Deus", e confesso que por muito tempo tenho realmente crido no que tenho escutado. Isso porque é absolutamente sedutor ouvir que você é tão importante que só você conseguirá resolver determinada coisa, ou que você tem o poder de alterar o curso das vidas ao seu redor (enquanto que nem Deus, que poderia decidir por nós e decidiu nos dar o livre arbítrio faz isso). Influenciar sim, sempre, mas sendo sempre a melhor versão de mim; agora, para o manipular ou ser manipulada, eu digo: basta!!!
Se tem alguém que precisa resolver a minha vida sou eu, e só eu sei o quanto preciso estar leve pra seguir com tranquilidade a carreira que me foi proposta. Então, é minha responsabilidade rejeitar todo fardo que seja jogado sobre mim, sem me tornar irresponsável mas ao mesmo tempo, deixando de lado o maior pecado de todos: o instinto de salvadora do mundo... porque esse posto já está ocupado, e Quem o ocupa faz com maestria e plena capacidade.
"Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé" (hebreus 12:1-2)
terça-feira, 5 de junho de 2018
Uma vida que vale a pena: parte 2 - pesos
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