Em primeiro lugar é que estar em contato com a natureza acalma o corpo e a mente, e isso nos leva a um estado de relaxamento muito mais profundo do que quando estamos conectados com alguma coisa eletrônica fabricada por mãos humanas.
Mas além desse primeiro grande efeito, eu sinto que tenho tido outros aprendizados, em especial sobre como percebo Deus.
Não, eu não acho que Deus seja mulher e se chame Mãe Natureza, não cria nisso e continuo não crendo. Mas sim, observar a dinâmica dos elementos naturais me parece revelar muito mais sobre a vida humana em comunidade e espiritual do que se possa imaginar de imediato.
Eu vejo o sol se pondo cada dia um pouquinho mais tarde porque agora, com o verão se aproximando, os dias se dilatam e aos poucos temos alguns minutos a mais no sol do que no dia anterior. Mas não se iluda: se você não for constante e específico, não perceberá essa sutileza, a não ser que com o passar do tempo você veja o por do sol tantas vezes da mesma perspectiva que, mesmo querendo ignorar, fica impossível não registrar essas pequenas diferenças durante um ano.
Aprendo então que quanto mais observamos um processo, mais podemos notar discrepâncias e diferenças, mesmo que se em teoria seja sempre o mesmo processo e pareça sempre a mesma coisa.
Vejo também que o mar se revela em um modo na superfície mas isso não quer dizer que no profundo seja igual. As vezes agitado na borda, o mar no meio do oceano é calmaria.
Aprendo com isso que para se conhecer uma pessoa, inclusive o Espírito Santo de Deus, não basta olhar a superfície. E não tem a ver com a pessoa ser dissimulada: cada pessoa é um mundo de convicções, ideias, (pre)conceitos, dores e alegrias, amores... E olhar só aquela meia duzia de atos não te dá condição de conhecer quem a pessoa é de fato, seja de uma índole boa ou má. Os maus fazem bons atos, os bons erram. Faz parte. Devemos ir mais profundo.
Embora as ondas do mar sejam constantes, elas não se repetem. Isso me lembra daquela passagem da Bíblia que desaconselha vãs repetições: a natureza tem comportamentos constantes, mas nunca iguais, e podem mudar conforme a estação do ano e a interação com os outros elementos do ambiente (você incluso).
Além do que, vejo que a natureza é completa, mas para se extrair certas coisas dela é preciso paciência, tempo e técnica. Não adianta apressar certas coisas que mesmo conseguindo adiantar certos resultados, o processo não se sustenta.
Por fim, se você decidir não levar em consideração o seu real tamanho diante da natureza (assim como diante de Deus ou do mundo espiritual, por exemplo) você será detido, e eventualmente derrubado. Você tem chances de vencer? Sim, se conhecer bem quais são as regras, e claro, principalmente da imprevisibilidade de tudo aquilo que não podemos controlar. Fora ou acima disso, você precisa seguir as pegadas de Quem tem condição de vencer, trilhar o mesmo caminho e confiar que Ele pode te fazer superar todo e qualquer obstáculo. Mas sozinho, ou de modo arrogante ? Não se surpreenda se você se machucar ou tiver perdas mais significativas. A criação é mestre em te mostrar a sua real proporção dentro do seu contexto.
Ou seja, a (in)constância da criação de Deus sempre pode nos ensinar mais sobre nós mesmos, sobre o outro, sobre as circunstâncias e também sobre promessas e jornadas propostas por Ele.
Encarar a criação não é para qualquer um, mas todo mundo pode se dispor a começar e enfrentar o desafio, e com Ele, se tornar mais que vencedor. E aí, vai encarar?
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