Chamou-me a atenção um fato bastante triste que, ao meu ver, considero o meu envolvimento um tanto "curioso": na segunda pela manhã, quando estávamos trabalhando em um cliente nosso há anos, um dos rapazes que conheço há algum tempo que é uma das pessoas mais doces, mas sorridentes e mais dispostas que conheço, de repente começou a chorar. Assustei porque não é comum ver pessoas em escritório começando a chorar de repente, ainda mais um homem, mais ainda ele que sempre foi tão alegre. Parei o que estava fazendo e perguntei o que havia ocorrido e ele explicou que acabara de receber uma ligação da família dizendo que seu irmão mais novo falecera. Pelo que entendi do caso, ele não estava doente e foi absolutamente inesperado. Ele ficou absolutamente desesperado, chorando copiosamente e tentamos entender como aquilo tinha ocorrido. Como ele não soube explicar, pegamos o celular dele e começamos a ligar para a família para ter notícias e a moça que estava me atendendo (que é companheira de trabalho dele há anos, quase "mãe" profissional dele) saiu para levá-lo para juntos dos seus.
Eu tive que ir embora, afinal estava no caminho de Sorocaba, para o casamento de uma moça que conheci quando criança (mais nova do que eu, fiquei com aquele gostinho de naftalina quando a vi vestida de noiva casando) e ainda não consegui saber o que exatamente aconteceu ao rapaz que faleceu. Cheguei então no cliente e, como é feriado, ninguém mais chegou e aproveitei para escrever.
Estou sentindo uma tristeza no coração por causa daquele rapaz (não o que faleceu porque esse eu nunca tinha ouvido falar) mas o que é meu cliente e conheço há anos. Mas sinto uma alegria por ter visto a moça começar uma nova vida ao lado do homem que ela escolheu e, juntos em Jesus, trilhar um caminho a dois.
Essa mistura de sentimentos me lembrou então da música do Milton Nascimento cujo nome é o mesmo do título desse texto, e diz:
"Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando...
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero...
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais...
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir...
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida...
A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida..."
Sempre tive grande admiração pelo compositor e cantor que ele é (neste caso em conjunto com o Fernando Brant, ambos do "Clube da Esquina" que produziu pérolas que aprecio muito), mas essa música em especial traduz o que sinto neste momento: a vida é fulgás, é um fio bastante fino que pode ser cortada a qualquer momento, é volátil e, na verdade, não temos certeza de absolutamente nada.
Essa conclusão me fez pensar em Paulo falando em uma de suas cartas (1 Coríntios 13:9-11):
"Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado."
E entendi o que ele quis dizer: em parte de fato sabemos o que ocorre, mas em parte apenas profetizamos que assim se fará (ou pelo menos lançamos desejos). Hoje o que vivemos é imperfeito (porque sofremos, porque temos lutas e caimos mesmo sendo libertos do pecado) mas quando estivermos com Cristo, nada disso mais existirá para nós.
Encerro então concordando mais uma vez com Paulo, que diz em Filipenses 1:18-21:
"Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.
Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.
Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho."
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