terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Deus tem um negócio com você

Hoje eu ouvi essa frase do título e confesso que fiquei intrigada com ela. Quando a pessoa falou isso para mim, ela quis dizer que eu sou especial para Ele. Pareceu-me um tanto confuso isso, afinal, o Senhor mandou o Seu filho para morrer por mim e também por bilhões de pessoas, sendo que algumas delas vão morrer sem entender o que isso significa exatamente.

A pessoa disse isso porque na reunião da igreja hoje eu testemunhei que, mesmo tendo o potencial (que foi o Senhor quem me deu) eu sempre fui colocada em situações dentro da empresa em que trabalho em que eu não tinha capacidade e/ ou competência para vencer e, mesmo assim, contrariando diversas expectativas, eu fiquei ali e fui sendo ensinada de diversas formas.

Olhando humanamente, a minha carreira nessa empresa é de fracassos. Isso porque, em quase oito anos, eu mudei oito vezes de área e já fui “despromovida” duas vezes. Mesmo assim, não fui demitida. E mais: continuo no mesmo nível hierárquico.

Olhando “celestialmente”, eu ganhei uma experiência que nenhum outro funcionário ali possui, tanto do produto quanto dos processos da empresa. Além disso, sei muito bem o que podemos fazer, como podemos melhorar e o que pode ser divulgado como real benefício do nosso trabalho aos nossos clientes. Fora isso tenho a oportunidade de aprender e exercitar a missão que, creio eu, Deus me deu: ser “mangueira”.  Resumidamente, ser “mangueira” é poder servir de canal de informações de um lado para outro: tenho facilidade de aprender e gosto por ensinar e com isso repasso informações para o crescimento conjunto sempre que possível. Por isso eu gosto tanto de explicar: acho que todo mundo tem direito a uma explicação porque, normalmente, julgo que a grande maioria das pessoas é curiosa como eu e precisa que as coisas façam sentido (embora muitas vezes eu veja que na verdade as pessoas são bem mais desinteressadas do que eu no conjunto das coisas).

Pois é, e aí, eu volto e penso: “Deus tem um negócio comigo”. Realmente, Deus tem mesmo um “negócio” comigo.  E eu entendo porque ela diz isso: agradeci a Deus por ter me mantido por tanto tempo na empresa e agradeci a Deus pela oportunidade que está se abrindo agora com a empresa sendo comprada por um grupo norte americano.

Agradeci também porque, há quase três anos atrás, surgiu uma oportunidade de viajar por quinze dias pela Europa. Na ocasião, eu queria ir à Itália e à França só que não tinha condições de fazer a viagem porque não tinha dinheiro e porque não tinha crédito para tal finalidade. Só que eu disse a Deus (e confesso que estava afastada da fé há algum tempo e estava voltando para o Senhor) que eu realmente gostaria de ir mas não tinha condição e, como que por um milagre, apareceu um comprador para um terreno no final do mundo que eu havia comprado na adolescência e que só dava despesas há anos e com a venda do imóvel eu pude pagar as passagens.

Mas faltava ainda regularizar o meu crédito e eu tinha dívidas em dois bancos e um deles me cobrava mais de R$ 10.000,00 por algo que eu achava que o justo era no máximo R$ 2800,00 e no outro o empréstimo original de R$ 15.000,00 estava já em torno de R$ 30.000,00 para a quitação. Foi quando, conversando com a minha mãe, expressei o desejo de fazer um acordo com os bancos só que não pagaria nada além do que entendia correto na primeira dívida. Inacreditavelmente (só por Deus de fato) alguns dias depois chegou um boleto do banco oferecendo um acordo para a quitação da dívida por R$ 2.780,00. Chorei muito contente mas ainda faltava o outro. Então, o outro banco ofereceu um acordo para que eu pagasse 14.400,00 em trinta meses. E com isso pude conseguir um cartão de crédito para viajar.

No final das contas, não fui à França como desejava, embora tenha ido à Itália, realizando um sonho de infância. Só que fui parar em Londres; cidade que confesso que nunca tive o menor interesse de conhecer e por sinal, só fui porque na ocasião esse era o destino de objetivo da pessoa que me convidou. Chegando lá, me apaixonei pelo lugar e mais, tive a oportunidade de ver que até que eu falo inglês em um nível bastante razoável, ao ponto de sobreviver sem problemas usando essa língua.

Depois disso, passei a orar em inglês muitas vezes e algumas expressões eu passei a conhecer apenas em inglês, mesmo nunca tendo usado esse conhecimento em algo prático de verdade. Uma vez até uma irmã da igreja sugeriu de comprar um livro do meu admirado escritor Tommy Tenney (que só tinha sido editado em inglês) para que eu traduzisse para o português (o que lamentavelmente não foi adiante... não foi preciso porque depois de algum tempo acabou saindo em português e, realmente, era um livro que mudou a minha vida).

De qualquer forma, nunca tinha entendido qual era o objetivo disso tudo porque, para mim, era só um agrado do Senhor para mim. Só que, porque exatamente Ele se preocuparia em me agradar se, muitas vezes eu não me preocupo em agradá-Lo? Claro que, conforme vamos aproximando-nos Dele, esse desejo de agradá-Lo aumenta exponencialmente... mas confesso que não era a situação na ocasião.

Agora eu sei que esse conhecimento e essa experiência serão úteis nesse novo momento profissional. Além disso, sei que ainda tenho algo mais a fazer: o curso de tradução bíblica que Deus plantou o desejo em meu coração de fazer.

Por isso, quando ela soltou essa frase, eu entendi: o amor Dele para comigo é imensurável, inexplicável, incondicional, impressionante, beirando o inacreditável... Ele faz com que eu me sinta de fato especial para Ele. Não é um tremendo privilégio isso?

De fato, Ele tem o maior cuidado comigo. Ele me acaricia, me cuida, me guarda, me ama e me alegra e se preocupa com os menores detalhes. E eu tenho a convicção (e a tenho desde que me converti quando tinha treze anos) de que Ele me escolheu desde antes de eu nascer. Eu me sinto como Paulo que, em sua carta aos Gálatas (1:15) diz: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça”. Só que, está muito claro no texto, em versículos anteriores, que o objetivo do Senhor era permitir que Paulo (antes do encontro com Cristo conhecido como Saulo) passasse por momentos de honra e desonra, momentos de alegria e de angústia, de riqueza e pobreza, para que, acima de tudo, Paulo honrasse e glorificasse apenas ao Senhor não só com suas palavras mas principalmente com suas atitudes.

O meu coração hoje então passou a ansiar duas coisas:

- Saber qual é o propósito de Deus para a minha vida já que seria um tremendo desperdício e desrespeito ignorar todo o investimento e cuidado comigo;

- Que todos ao meu redor saibam e sintam-se assim também em relação a Deus consigo mesmo e possam dizer com convicção: “Deus tem um negócio comigo”.

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