quarta-feira, 13 de junho de 2012

Almoço em família

Eu sempre ouvi que uma família toda "certinha" é uma família estruturada, onde temos pai e mãe casados morando com seus filhos e depois vendo seus filhos saírem de casa para estudar ou casar e terem seus netinhos e todos viverem a primeira escolha para sempre felizes e abençoados por Deus. Eu sempre ouvi que uma família só pode ser feliz quando existe estrutura e uma criança só pode ser criada corretamente se ela tiver o pai e a mãe diariamente por perto.

Biblicamente falando, sei que o divórcio foi liberado por Deus por conta da dureza de coração do ser humano e que nunca, em nenhum momento, Deus planejou ou mesmo quis que o ser humano (homem ou mulher) sofresse a dor de um divórcio. Já disse isso uma vez e não vou deixar de repetir: quem passou por um divórcio é o primeiro a se colocar contra o divórcio. Quem já sofreu as consequências de um divórcio, seja ele consensual, litigioso ou apenas prático (no caso em que duas pessoas moram juntas apenas e portanto não é necessário nenhum outro tipo de ajuste legal), não é e não pode ser a favor de passar por isso de novo. Seja porque você teve seus pais divorciados, seja porque você mesmo passou por isso, você sabe que essa é uma prática penosa e que é evitada até as últimas consequências pela grande maioria da população. Então, considerando isso, eu sempre pensei que uma família feliz de verdade seria uma família estruturada, nos moldes mais tradicionais possíveis.

No domingo passado eu fui almoçar na casa de uma das minhas irmãs. Bom, tecnicamente falando, somos mesmo "meias-irmãs" (aliás, biologicamente descobri que nem irmãs somos porque não somos da mesma origem sanguínea). Lá estava ela e seu namorado (por sinal, um cara bastante diferente dela... muito mesmo mas que parece gostar dela o suficiente para continuar tentando e vice-versa). Lá estavam também a nossa outra irmã (no caso, irmã dela e minha "meia-irmã" legalmente e biologicamente falando... a minha "sem parentesco comigo"). Ela estava com o seu namorado que na verdade merece mesmo na minha visão muito mais o título de "homem da vida dela" (um título muito mais justo do que qualquer outro dado por outros... mas essa é a minha visão apenas) e que em pouco menos de um mês será reconhecido como o outro morador adulto da casa em que ela e o filho menor moram (sim, o filho maior dela ainda não é maior de idade... e a filha dele ainda nem é adolescente). Para completar a cena, estava eu, a minha filha, uma amiga dela e uma pessoa especialíssima para mim que decidiu nos acompanhar nesse "almoço em família".

Chegando lá nos cumprimentamos, nos abraçamos, rimos, conversamos, comemos, nos ajudamos e passamos um dia delicioso. Durante esse período, como é de praxe quando temos pessoas recém chegadas ao contexto, surgem as perguntas básicas: "quem é filho de quem?"ou "ah... a sua mãe então não é a mãe delas, é isso?" ou ainda "ok, mas... vocês sempre moraram perto?" e a minha preferida (que não é exatamente uma pergunta) que é "ah... mas a mãe delas então não se dá bem com a sua, né?"... e o mais divertido é a cara da pessoa quando começamos a dar respostas... como "isso, somos filhas de mães diferentes... mas somos uma família só" ou "não, nunca convivemos tanto assim até alguns anos atrás... até porque a diferença de idade dificultava isso.. mas agora não temos mais essa barreira" ou ainda "não, minha mãe e a mãe delas tem o maior respeito uma pela outra".

Sei que não somos nem de longe o que poderíamos chamar de família estruturada, menos ainda de família "normal" mas tive a oportunidade de ver através da experiência dessa pessoa amada que somos uma família sim e no fim das contas muito melhor do que muitas que conhecemos: não temos dinheiro sobrando, enfrentamos doenças, perdas e decepções e comemoramos vitórias e bons momentos, mas aprendemos a fazer tudo isso juntas. Portanto, sei que a minha família não é um modelo de estrutura e método mas é para mim um modelo de respeito, compreensão, base e amor, mesmo que baseada em outros paradigmas. Percebi graças a essa pessoa o quanto sou agraciada por ter ganhado de Deus a oportunidade de ter uma família tão linda que, diferente das demais, é montada e preservada diariamente, regada com amor.

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