quinta-feira, 6 de setembro de 2012
Mocinho ou bandido?
Ontem eu fui ao massagista. Na verdade, me questiono se deveria ter ido, especialmente por conta do período de dor mais constante nos braços e agora nos ombros. De qualquer forma, eu fui.
Normalmente eu curto muito essas sessões de massagem. Se não pelo alívio físico que elas trazem, pelo tempo de descanso mental que eu posso usufruir. Além do mais, poucas pessoas nesse mundo tem o privilégio de ter momentos assim então eu sempre agradeço a Deus por cada um deles porque sei o quanto são raros.
Enfim, cheguei lá com dor de cabeça porque sei que os meus músculos estavam pressionando a base da cabeça e com isso a dor estava ficando mais intensa. Claro, remédios ajudam mas também tomar remédio o tempo todo é complicado e, além disso, haja estômago, não? Então, lá fui eu fazer uma tentativa...
Quando cheguei no local tinha apenas um profissional mais antigo com quem eu já fiz massagem algumas vezes e sinceramente não curto muito. Nada contra o resultado do seu trabalho mas o processo é bastante doloroso, tanto no momento da massagem quanto nos dois dias seguintes... o "day after" é o pior. Mas devo confessar que ele é um profissional experiente e diferenciado.
Ao chegar, expliquei a ele a situação atual e pedi que ele fosse com calma. Claro que depois das mil recomendações que fiz ele foi super suave na maior parte do tempo. Só que, em um momento específico, ele me explicou que às vezes parece que ele está fazendo a maior força mas no fundo a dor que a gente sente é só porque ele pegou no ponto exato de geração da dor.
Então pensei sobre ele que:
1) Ele é o profissional mais experiente do local e percebe-se que ele tem um certo respeito geral dos demais profissionais. Curiosamente, para quem olha rápido, parece até que ele é privilegiado em detrimento de outros mas, olhando melhor, vê-se que na verdade ele conquistou um espaço que dá a ele essa liberade;
2) Assim como eu, alguns pacientes tem um certo desânimo de tratar com ele por causa da dor que sabe-se será sentida;
3) Outros pacientes, por outro lado (na verdade, a grande maioria) prefere se tratar com ele porque ele é um profissional que mesmo causando incômodo é eficiente, eficaz e resolve
E isso me fez pensar: será que é assim que as pessoas me vêem? Eu percebo que realmente o tratamento dele é bom por conta dos resultados mas é incômodo por conta do método, mas muitas vezes é só o que resta a se fazer quando a situação está muito ruim. Pensando bem, acho que somos bem parecidos, especialmente porque ele não parece se importar se os outros curtem ou não os seus métodos porque ele tem certeza de que faz o que deve ser feito (e eu também). E o mais engraçado: ele é simpático e se não fosse oriental diria que quase é um bonachão (não imagino um oriental bonachão... por isso do comentário).
Aí, mais uma comparação foi inevitável: embora eu soubesse que ia doer, topei o tratamento com ele porque me vi sem opções e não porque confio nele. Mas, quantas vezes agimos assim com Deus também? Sabemos que Ele é mais experiente, que Ele sabe tudo mas mesmo assim evitamos o tratamento porque sabemos que vai doer? E pior, quantas vezes deixamos de nos dar conta de que, na verdade, Deus não está fazendo força: só dói demais porque Ele está mexendo exatamente no ponto causador de todo o mal e por isso dói tanto... E por último, sabemos que mesmo depois do tratamento ainda sentiremos os reflexos disso por um período mas esquecemos que isso tudo vai passar e ficará só o efeito positivo daquilo ao qual nos submetemos.
Até quando encararemos Deus como última opção, entregando-nos a Ele apenas quando a dor for tão insuportável que fica mais "aceitável" o tratamento Dele do que conviver com a dor? Se Deus é o nosso Criador, por que ainda o encaramos como nosso algoz???
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