segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Remover tudo o que não é Davi
Comecei a ler um livro chamado "Aprenda a dizer 'não'". Embora ele tenha título (e cara) de livro de auto ajuda e eu ainda esteja no começo, tenho dúvidas se eu o acharei verdadeiramente marcante como um todo. Mas, já no começo, li algo que me deixou absolutamente chocada com a magnitude do que entendi.
O autor, em um dado momento, começa a falar sobre dar lugar ao 'não' na vida para que possamos ter tempo para o 'sim' necessário. Até aí, nenhuma grande novidade. Só que o autor comenta sobre Michelângelo, um grande artista renascentista que fez, entre outras coisas, a pintura da capela sistina em Roma e uma escultura mais do que atemporal de Davi antes de enfrentar Golias. E, ao ser questionado sobre o seu processo criativo para construir uma das esculturas mais famosas de todos os tempos, diz a lenda que o artista disse que tinha olhado para o bloco de mármore, reconhecido Davi dentro dele e depois, tratou de tirar tudo o que NÃO era Davi daquele bloco. E sabe, foi isso que me chocou: ele olhava para o bloco e não via um pedaço único de mármore, mas via Davi... e todo o tempo que ele passou foi apenas livrando Davi daquilo que não o pertencia.
Conforme vamos vivendo as nossas vidas, vamos nos tornando cada vez mais um bloco de mármore cheio de pedaços irregulares, pó e massas que juntamos em nossos ombros e corpos ao longo do caminho. As mágoas, as feridas, as experiências, tudo aquilo que sofremos, sem o tratamento adequado, vai nos deixando disformes, de modo que nossos corações passam a parecer muito mais com um enorme bloco de mármore frio e cheio de pontas do que um coração de carne...
Quem conhece a Cristo sabe que nada acontece por acaso. Definitivamente para nós cristãos não existe nada nesse mundo que aconteça sem que Deus tenha permitido. Então, Deus permite que nos sujemos porque, mesmo não sendo bom para nós, Ele respeita a nossa decisão de nos afastarmos. Mas, uma vez que tenhamos aceito o convite Dele para nos achegarmos novamente, é necessário que sejamos limpos. Então, entra em ação a faquinha, o maçarico, o martelo e a lixa e tudo o mais que possa ser usado para que voltemos a ser imagem e semelhança Dele.
Pensando assim fica mais fácil entender porque temos que lidar com perdas e emoções que julgamos desagradáveis. Entendendo dessa forma fica mais simples ver que, no fundo, de fato, todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Mesmo quando não conseguimos sentir isso... mesmo quando tudo em nossa volta parece gritar para largarmos Deus, assim como fez a mulher de Jó em seu pior momento, que sugeriu que ele blasfemasse e pedisse para morrer de uma vez e se livrar daquele mal.
Entendendo dessa forma, fica claro para mim que o que cabe neste momento a Deus é pedir para que Ele tire de mim tudo aquilo que não for Davi: tudo o que não pertence ao projeto original e que não agrega valor; tudo o que não for Dele e portanto é só sujeira ou distração; tudo o que me afasta do plano Dele. Confesso que escrevo essas palavras me dá uma pequena palpitação porque, embora exista a confiança, sempre tem aquela pitadinha de ansiedade por conta do que será retirado... então, que a falta de confiança seja a primeira coisa a ser limada porque, definitivamente, ela não é Davi.
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