terça-feira, 19 de março de 2013

Castelos de cartas


Como é demorado, complicado e custoso construir algo... e como é simples, rápido e fácil destruir as coisas. Parece que esses dois conceitos, a cada dia que passa, ficam mais claros e reais na minha vida... Desde as coisas mais banais como cuidar do cabelo até as coisas mais graves como cuidar da saúde espiritual, tudo é tão frágil e perecível e tudo é tão cheio de senões e poréns...

Estou em frente ao computador na sala de casa escrevendo no escuro, esperando por um momento de compartilhar sobre a palavra de Deus com meus irmãos. Enquanto isso, reflito sobre algumas coisas que tem me feito pensar e sentir isso que descrevi.

Acho que a coisa mais evidente é a saúde da minha coluna: sei há tempos que preciso de exercícios adequados e mesmo assim insisto em ignorar essa necessidade de manutenção do corpo, insistindo ainda de vez em quando em piorar a situação carregando mais peso do que eu deveria, como se eu ainda tivesse uns quinze anos...

Outro exemplo é a vida escolar da minha filha: parece que tudo está indo bem, estamos fazendo lições praticamente todos os dias (inclusive aos finais de semana quando ela está comigo) e mesmo assim, o tal "praticamente" me trai e eu recebo um bilhetinho da professora de Latim dizendo que ela não tem entregue suas lições. E eu que achava que ia tudo tão bem percebo que ela nem sabe quais são as tarefas que deixou de fazer. Ok, puro desinteresse por causa da natureza do conteúdo: Latim, me poupe, quem é mesmo que se interessa em aprender essa lingua nos dias de hoje mesmo?

No lugar onde trabalho vejo pessoas chegando e pessoas saindo e as coisas já não são mais como eram antes: as mudanças vem porque são necessárias e eu tento me apaixonar por aquilo tudo como um dia eu me apaixonei e simplesmente não acontece mais... a minha visão sobre as coisas é outra, os meus objetivos são diferentes e o meu foco não é mais o mesmo das pessoas que estão ali. Na verdade, em certos momentos, continuo procurando ânimo só (e principalmente) porque sei que Deus me colocou ali e ali Ele me mantém e isso não é em vão. Então, isso é o suficiente para prosseguir. Pelo menos tem sido por enquanto. E é o que aplaca a minha saudade e a minha tristeza de ver que outros tempos mais humanos e pessoas que eu amava não vão mais voltar ali.

E assim se segue com a minha relação com Deus: hoje não consegui orar e nem tentei ler o livro que estamos lendo em conjunto com os irmãos da igreja. E a cada hora que passa me sinto mais distante Dele. Não com um peso ou cobrança do tipo "vou para o inferno" mas com saudade, sentindo que realmente falta algo.

No fim das contas, me sinto construindo diversos castelinhos de cartas de baralho... daqueles que, quando a gente empilha muitas cartas precisa ficar de olho para impedir que outros espirrem do lado ou até respirem mais forte para não ventar e derrubar tudo. Só que também sinto que, ao olhar por um tempo maior para um castelinho, o outro começa a desmoronar e às vezes, por causa disso, me sinto sozinha. Acho que porque fico tentando vigiar tantos castelinhos ao mesmo tempo e eu tenho visto que simplesmente não consigo.

Então, percebo que as coisas são mesmo perecíveis de propósito. Não para que tenhamos poucos castelinhos porque, se assim for, a vida fica sem graça, monótona mesmo. Nem para que tenhamos dúzias e coloquemos outros para cuidar dos nossos próprios interesses e afazeres. Mas para que tenhamos a quantidade certa: um pouco mais do que o necessário para vencer o tédio; um pouco menos do que o necessário para enlouquecermos; a medida certa para dependermos de Deus em tudo o que fazemos.

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